tag:blogger.com,1999:blog-56230658100989847842024-03-12T20:21:07.034-03:00 NETUNO1917pensarnetuno@gmail.com Amaro Sérgio Azevedohttp://www.blogger.com/profile/12084137156900032941noreply@blogger.comBlogger6060125tag:blogger.com,1999:blog-5623065810098984784.post-84734829624923699682021-09-14T17:34:00.005-03:002021-09-14T17:34:47.345-03:00Criar, duas, três, muitas Saigons por Vijay Prashad Criar, duas, três, muitas Saigons
por Vijay Prashad [*]
Pesadelo, da artista afegã Shamsia Assani, 2021.Queridos amigos e amigas,
Saudações do Instituto Tricontinental de Pesquisa Social .
No domingo, 15 de agosto, o presidente do Afeganistão, Ashraf Ghani, fugiu do seu país em direção ao Uzbequistão. Ele deixou para trás uma capital, Cabul, que já havia caído nas mãos das forças do Talibã. O ex-presidente Hamid Karzai anunciou que formou um conselho de coordenação com Abdullah Abdullah, chefe do Comité de Reconciliação Nacional, e o líder jihadista Gulbuddin Hekmatyar. Karzai pediu prudência ao Talibã ao entrar no palácio presidencial de Cabul e assumir o comando do Estado.
Karzai, Abdullah Abdullah e Hekmatyar pediram a formação de um governo nacional. Isso servirá ao Talibã, já que permite reivindicar um governo afegão em vez de um governo Talibã. Mas é Talibã e seu líder, Mullah Baradar, que efetivamente estarão no comando do país, com Karzai-Abdullah Abdullah-Hekmatyar na fachada para aplacar as potências estrangeiras oportunistas.
A entrada do Talibã em Cabul é uma grande derrota para os Estados Unidos. Poucos meses depois de os EUA iniciarem sua guerra contra o Talibã em 2001, o então presidente George W. Bush anunciou : "o regime do Talibã está chegando ao fim". Vinte anos depois, o inverso se faz evidente. Mas essa derrota dos EUA – depois de gastar 2,26 milhões de milhões de dólares e causar pelo menos 241 mil mortes – é um consolo frio para o povo do Afeganistão, que agora terá que enfrentar a dura realidade do governo do Talibã. Desde a sua formação no Paquistão em 1994, nada de progressista pode ser encontrado nas palavras e atos do Talibã ao longo de sua história de quase trinta anos. Nem nada de progressista pode ser encontrado na guerra de vinte anos que os EUA levaram a cabo contra o povo afegão.
Em 16 de abril de 1967, a revista cubana Tricontinental publicou um artigo de Che Guevara intitulado "Criar dois, três, muitos Vietnames: essa é a nossa palavra de ordem". Guevara argumentou que a pressão sobre o povo vietnamita precisava ser aliviada por guerrilhas em outros lugares. Oito anos depois, os EUA fugiam do Vietname, enquanto funcionários estado-unidenses e seus aliados vietnamitas embarcavam em helicópteros do telhado do prédio da CIA em Saigon.
A derrota dos EUA no Vietname ocorreu durante uma série de reveses do imperialismo: Portugal foi derrotado no ano anterior em Angola, Guiné-Bissau e Moçambique; trabalhadores e estudantes expulsaram a ditadura da Tailândia, abrindo um processo de três anos que culminou no levante estudantil em 1976; os comunistas assumiram o poder no Afeganistão durante a Revolução de Saur em abril de 1978; o povo iraniano abriu um processo de um ano contra o ditador apoiado pelos Estados Unidos, o xá do Irão, que levou à revolução de janeiro de 1979; o Movimento New Jewel conduziu uma revolução na pequena ilha de Granada; em junho de 1979, os sandinistas invadiram Manágua (Nicarágua) e derrubaram o regime de Anastasio Somoza, apoiado pelos estado-unidenses. Essas foram algumas entre as muitas Saigons, as muitas derrotas do imperialismo e as muitas vitórias de uma forma ou de outra da libertação nacional.
Cada um desses avanços veio com uma tradição política e um ritmo diferente. A revolta popular mais poderosa foi no Irão, embora não tenha resultado em uma dinâmica socialista, mas em uma democracia clerical. Cada um deles enfrentou a ira dos Estados Unidos e de seus aliados, que não permitiram que esses experimentos a maioria deles de natureza socialista germinassem. Uma ditadura militar foi encorajada na Tailândia em 1976, guerras por procuração foram iniciadas no Afeganistão e na Nicarágua, e o Iraque foi pago para invadir o Irão em setembro de 1980. O governo dos EUA tentou por todos os meios negar a soberania a esses países e devolvê-los à subordinação em escala total.
O caos veio em seguida, por meio de duas frentes: a crise da dívida e as guerras por procuração. Depois que os países não alinhados aprovaram uma resolução da Nova Ordem Económica Internacional (NOEI) na Assembleia Geral das Nações Unidas, em 1974, eles se viram pressionados pelas instituições financeiras dominadas pelo Ocidente, incluindo o Fundo Monetário Internacional e o Departamento de Tesouro dos Estados Unidos. Essas instituições conduziram os Estados não alinhados a uma profunda crise de dívida; o México deixou de pagar sua dívida em 1982 e inaugurou a atual Crise da Dívida do Terceiro Mundo. Além disso, após a vitória das forças de libertação nacional na década de 1970, uma nova série de guerras por procuração e operações de mudança de regime foram iniciadas para desestabilizar a política na África, Ásia e América Latina por duas gerações.
Ainda não saímos da destruição causada pela política ocidental dos anos 1970.
A insensibilidade ocidental em relação ao Afeganistão define a natureza da contra-revolução e do intervencionismo liberal. O presidente dos EUA, Jimmy Carter, decidiu colocar recursos imensos nos piores elementos da política afegã e trabalhar com o Paquistão e a Arábia Saudita para destruir a República Democrática do Afeganistão (RDA), que durou de 1978 a 1992 (rebatizada de República do Afeganistão em 1987).
Anahita Ratebzad.Anos após a queda da República do Afeganistão, encontrei-me com Anahita Ratebzad, que havia sido ministra no primeiro governo do RDA, para perguntar-lhe sobre aqueles primeiros anos. Enfrentamos graves desafios, tanto internos daqueles que tinham uma visão social reacionária como de fora de nossos adversários nos Estados Unidos e no Paquistão, disse. Meses depois de assumirmos o cargo em 1978, sabíamos que nossos inimigos se haviam unido para nos debilitar e impedir a chegada da democracia e do socialismo ao Afeganistão. Ratebzad foi acompanhada por outras líderes femininas importantes, como Sultana Umayd, Suraya, Ruhafza Kamyar, Firouza, Dilara Mark, Professor R. S. Siddiqui, Fawjiyah Shahsawari, Dra. Aziza, Shirin Afzal e Alamat Tolqun nomes há muito esquecidos.
Foi Ratebzad quem escreveu no Kabul New Times (1978) que os privilégios que as mulheres, por direito, devem ter são educação igual, segurança no emprego, serviços de saúde e tempo livre para criar uma geração saudável para construir o futuro do país. (...) Educar e esclarecer as mulheres é agora objeto de atenção especial do governo. A esperança de 1978 está perdida.
O pessimismo não deve ser atribuído apenas em relação ao Talibã, mas também àqueles como os EUA, Arábia Saudita, Alemanha e Paquistão que financiaram e apoiaram os fascistas teocráticos semelhantes ao Talibã. Na poeira da guerra dos EUA, que começou em 2001, mulheres como Anahita Ratebzad foram empurradas para baixo do tapete; convinha aos EUA ver as mulheres afegãs como incapazes de ajudar a si mesmas e, portanto, precisavam do bombardeio aéreo dos EUA e da entrega extraordinária dos EUA a Guantánamo. Também convinha aos EUA negar seus vínculos ativos com os piores teocratas e misóginos (pessoas como Hekmatyar, que não são diferentes dos talibãs).
Os EUA financiaram os mujahideen, minaram a RDA, atraíram a relutante intervenção soviética em Amu Darya e aumentaram a pressão tanto sobre os soviéticos quanto sobre a RDA, tornando as forças contra-revolucionárias afegãs e a ditadura militar do Paquistão peões em uma luta contra a URSS. A retirada soviética e o colapso da RDA levaram a um cenário ainda pior com uma sangrenta guerra civil, da qual emergiu o Talibã. A guerra dos Estados Unidos contra o Talibã durou vinte anos, mas – apesar da tecnologia militar superior dos Estados Unidos – levou à derrota dos Estados Unidos.
Imagine se os Estados Unidos não tivessem apoiado os mujahideen e se os afegãos pudessem considerar a possibilidade de um futuro socialista. Isso teria sido uma luta com seus próprios ziguezagues, mas certamente teria resultado em algo melhor do que o que temos agora: o retorno do Talibã, o açoite de mulheres em público e a aplicação dos piores códigos sociais. Imagine isso.
A derrota do poder estado-unidense não vem necessariamente nos dias de hoje com a possibilidade do exercício da soberania e do avanço de uma agenda socialista. Em vez disso, vem por meio do caos e do sofrimento. O Haiti, como o Afeganistão, é parte dos detritos do intervencionismo estado-unidense, atormentado por dois golpes dos EUA, uma ocupação de sua vida política e económica, e agora por outro terremoto. A perda no Afeganistão também nos lembra a derrota dos Estados Unidos no Iraque (2011); esses dois países enfrentaram o feroz poder militar dos EUA, mas não seriam subordinados.
Tudo isso elucida tanto a fúria da máquina de guerra estado-unidense, capaz de demolir países, quanto a fragilidade de seu poder, incapaz de moldar o mundo à sua imagem. O Afeganistão e o Iraque desenvolveram projetos estatais ao longo de centenas de anos. Os EUA destruíram seus Estados em uma tarde.
O último presidente de esquerda no Afeganistão, Mohammed Najibullah, tentou construir uma Política de Reconciliação Nacional na década de 1980. Em 1995, ele escreveu à sua família: "o Afeganistão tem vários governos agora, cada um criado por diferentes potências regionais. Até Cabul está dividida em pequenos reinos (…) a menos e até que todos os atores [potências regionais e globais] concordem em sentar-se à mesma mesa, deixar suas diferenças de lado para chegar a um consenso genuíno sobre a não interferência no Afeganistão e cumprir seu acordo, o conflito vai continuar". Quando o Talibã conquistou Cabul em 1996, eles capturaram o presidente Najibullah e o mataram do lado de fora do complexo da ONU. Sua filha, Heela, contou-me alguns dias antes de o Talibã tomar Cabul sobre suas esperanças de que a política de seu pai fosse agora adotada.
O apelo de Karzai é em vão. É improvável que seja genuinamente adotado pelo Talibã.
O que moderará o Talibã? Talvez a pressão de seus vizinhos – incluindo a China – que têm interesses em um Afeganistão estável. No final de julho, o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, encontrou-se com Baradar em Tianjin. Eles concordaram em que a política dos EUA falhou. Mas os chineses pediram que Baradar fosse pragmático: não apoiasse mais o terrorismo e integrasse o Afeganistão à Nova Rota da Seda. No momento, esta é a única esperança, mas sustentada por um fio frágil.
Em julho de 2020, o ex-ministro do governo da República Democrática do Afeganistão (RDA) e poeta Sulaiman Layeq morreu em decorrência dos ferimentos sofridos num atentado do Talibã em Cabul no ano anterior. O poema Eternal Passions [Paixões eternas] de Layeq (1959) descreve o anseio por aquele mundo diferente que ele e tantos outros trabalharam para construir, um projeto que foi obliterado pelas intervenções dos EUA:
O som do amor
Transbordou dos corações
Vulcânico, bêbado
&
Anos se passaram
E ainda assim esses desejos
Como o vento na neve
Ou como as ondas sobre a água
gritos de mulheres, lamentadoras
Os afegãos estão muito contentes de ver o fim da ocupação dos EUA, de ser mais uma Saigon numa longa sequência. Mas isso não é uma vitória da humanidade. Não será fácil para o Afeganistão emergir destas décadas de pesadelo, mas o desejo de fazê-lo ainda pode ser ouvido.
Cordialmente,
Vijay.
[*] Director do Instituto Tricontinental de Pesquisa Social.
O original encontra-se em thetricontinental.org/pt-pt/newsletterissue/cartasemanal-33-afeganistao/
Esta carta encontra-se em https://resistir.info/ .
Amaro Sérgio Azevedohttp://www.blogger.com/profile/12084137156900032941noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5623065810098984784.post-72399355717154190372021-09-13T22:04:00.006-03:002021-09-13T22:04:56.570-03:002 de Outubro: nova contraofensiva para derrubar Bolsonaro2 de Outubro: nova contraofensiva para derrubar Bolsonaro
13 de setembro de 2021
Categoria: Brasil, Luta Popular, Últimas Notícias
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Bolsonaro, brasilia, Fora Bolsonaro, Manifestação, Mobilização, neoliberal, São Paulo
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Ato em Brasília em 19 de junho reuniu mais de 30 mil pessoas na Esplanada dos Ministérios. Foto: Emília Silbernstein/JAV
Wanderson Pinheiro e Pedro Laurentino Reis Pereira, Diretório Nacional da UP
MOBILIZAÇÃO – Bolsonaro tentou dar um golpe de Estado, passar por cima do Parlamento, do Judiciário e das instituições e declarar-se ditador supremo do Brasil para governar acima da Constituição, das leis e da vontade popular. Não conseguiu seu intento e, por isso, promoveu, com seus asseclas, um recuo vergonhoso, mas momentâneo. Sua base social raivosa – o agronegócio, pastores da igreja evangélica e caminhoneiros reacionários – manteve-se praticamente intacta, Arthur Lira, presidente da Câmara Federal, jogou panos quentes e o mercado se reanimou.
Setores do capital bancário e financeiro demonstraram insatisfação com Bolsonaro apenas no ponto da instabilidade dos mercados, mas não nos enganemos: são contradições não-antagônicas, pois, no essencial, têm unidade nas pautas econômicas. Só abandonarão o barco deste governo fascista e assassino se, e somente se, encontrarem outro porto seguro que lhes permita continuar espoliando o povo, devastando as riquezas nacionais e roubando os recursos públicos.
Este governo é um governo de generais e de banqueiros, que não pretendem abrir mão do poder, mas querem sim um poder maior. A estratégia de “aproximações sucessivas” continua sendo adotada. Chamamos a atenção à entrevista de Bolsonaro, logo em seguida ao 7 de setembro, quando já tinha feito o recuo, na qual falou para explicar para seus apoiadores mais exaltados: “Querem imediatismo. Se você namorar e casar em uma semana, vai dar errado”, uma metáfora clara de que pretende casar com o poder, sendo esta tentativa apenas uma primeira investida.
Manifestação de 02 de outubro: a grande contraofensiva ao golpismo
Por tudo isso, devemos considerar o ato do dia 02 de outubro como a verdadeira contraofensiva ao golpe e configurar-se como o início do xeque-mate final ao facínora, que transformou o país em um grande cemitério. Não podemos, nem devemos depositar nossas esperanças no Parlamento do “Centrão” e da grande burguesia, nem no STF, pois ambos já apaziguaram os ânimos, buscando negociar e conciliar com o fascismo. Devemos fazer uma grande ofensiva com todas as nossas energias e atacar o inimigo com o poder do povo, enquanto ele ainda está acuado.
Estrategicamente, devemos ter o foco em Brasília, levando caravanas de todos os lugares possíveis, direcionando forças e concentrando o máximo as nossas energias. Este ato ocorrerá logo em seguida à divulgação do relatório da CPI da Covid, o que será um fato político importante. Podemos ir ao Parlamento exigir a abertura do impeachment, colocando Arthur Lira nas cordas e dar uma ofensiva no Palácio de Governo. Derrubar este governo é a única forma de defendermos a democracia.
É importante ressaltar que foi Bolsonaro que fez uma importante ofensiva, mesmo que tenha saído pela culatra. O que necessitamos agora é dar uma pujante contraofensiva, jogando todas as forças para derrubar este governo. Mais do que milhares, precisamos que milhões de trabalhadores e trabalhadoras ocupem as ruas e digam em alto e bom som que lugar de fascista é na lata do lixo.
Fazer do 2 de outubro apenas mais um ato para enfraquecer o governo e para vencê-lo somente em 2022, pode até parecer uma correta estratégia em um jogo de xadrez, mas é perverso e desonesto com os desempregados, desvalidos e desalentados da vida real. Enquanto Bolsonaro sangrar politicamente, o povo literalmente morrerá, seja de Covid, seja de fome, nas periferias ou nos corredores dos hospitais do país.
No dia 7 de setembro, centenas de milhares de pessoas se concentraram em mais de 150 cidades do Brasil para enfrentar o golpismo. Manifestação foi condenada por neoliberais e a mídia burguesa. Foto: Jorge Ferreira/Jornal A Verdade
Os neoliberais não são nossos aliados
Por isso, devemos travar uma imensa e fraterna luta política com os setores do movimento popular que colocam grande peso na aliança com os neoliberais. Afirmamos que esse setor não pretende derrotar o fascismo em sua pauta econômica, nem vão colocar o povo na rua ameaçando a estabilidade e pautando os direitos. Se eles quiserem ir às ruas, tudo bem, a rua é pública. No entanto, não aceitaremos que tomem as nossas bandeiras, muito menos as nossas pautas, tão caras, como a punição dos torturadores e por direitos econômicos e sociais para a classe trabalhadora.
Temos o dever e a obrigação histórica de colocar o nosso povo nas ruas organizado, consciente e determinado. Nosso centro político é o Fora Bolsonaro e a retomada dos direitos sociais, direitos estes que foram retirados por meio do golpe, que não foi principalmente contra o PT, mas pela retirada dos direitos trabalhistas e pela entrega do patrimônio público. Agora é a hora de ajustarmos as contas com os diversos matizes do neoliberalismo, seja fascista, seja pseudo-democrata.
Por isso, devemos colocar a classe trabalhadora na vanguarda dessa luta, com suas pautas hasteadas e, assim, arrastar a reboque os setores da pequena burguesia e mesmo da burguesia. Só assim realizaremos uma grande ofensiva e derrotaremos de vez Bolsonaro e os fascistas, sem ilusão com os neoliberais, com o Parlamento e o STF.
Vamos então concentrar todas as nossas forças e energias, navegando nesse mar turbulento com grande firmeza. Dar espaço ao fascismo, alegando que ele fez um recuo, não é uma opção.
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classic-editor-remember: Amaro Sérgio Azevedohttp://www.blogger.com/profile/12084137156900032941noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5623065810098984784.post-5130353153726255112021-09-13T14:56:00.001-03:002021-09-13T14:56:37.721-03:00O sonho de George Soros:O sonho de George Soros:
Tornar a China uma oportunidade para privatizações selvagens [1]
Michael Hudson [*]
George Soros.
Num artigo no Financial Times, "Investidores na China de XI enfrentam um rude despertar" (30/Agosto/2021), George Soros escreve que a "repressão de Xi à empresa privada mostra que ele não entende a economia de mercado. ...Xi Jinping, o líder da China, chocou-se com a realidade económica. A sua repressão da empresa privada tem sido um entrave à economia". Traduzido desta dupla linguagem orwelliana , "repressão à empresa privada" significa reduzir aquilo que os economistas clássicos chamavam de busca de renda e rendimento não merecido. Quanto ao seu suposto "entrave à economia", o Sr. Soros quer dizer a polarização da economia concentrando a riqueza e o rendimento nas mãos dos Um Porcento mais ricos .
Soros apresenta o seu plano para o modo como uma retaliação dos EUA pode punir a China pela retenção do financiamento estado-unidense das suas empresas (como se a China não pudesse criar o seu próprio crédito) até que a China capitule e imponha a espécie de desregulamentação e destributação que a Rússia fez depois de 1991. Ele adverte que a China sofrerá uma depressão ao salvar a sua economia seguindo linhas socialistas e resistindo à privatização ao estilo americano e à deflação da dívida sua associada.
O Sr. Soros reconhece que o "sector mais vulnerável da China é o imobiliário, particularmente a habitação". A China tem desfrutado de um boom imobiliário prolongado nas últimas duas décadas, mas isso está agora a chegar ao fim. Evergrande, a maior empresa imobiliária, está sobre-endividada e em perigo de incumprimento. Isto pode causar um crash". Com isso, ele significa uma redução dos preços da habitação. É exactamente isso que é necessário a fim de impedir que os terrenos se tornem um veículo especulativo. Eu e outros exortamos a uma política de tributação da terra a fim de arrecadar o valor crescente da terra, de modo a que esta não seja comprometida junto aos bancos para crédito hipotecário para inflacionar ainda mais os preços da habitação da China.
Alertando para as consequências económicas da queda da taxa de natalidade na China, Soros escreve: "Uma das razões pelas quais as famílias da classe média não estão dispostas a ter mais do que um filho é que querem ter a certeza de que os seus filhos terão um futuro brilhante". Isto, naturalmente, é verdade para todas as nações avançadas de hoje. É mais extremo nos países neoliberalizados, por exemplo, os países Bálticos e a Ucrânia – os países cartazes de Soros.
Soros revela o seu jogo ao afirmar que "Xi não compreende como funcionam os mercados". O que ele quer dizer é que o Presidente Xi rejeita a procura voraz de renda, a exploração livre para todos, e que molda os mercados para servir a 99%a prosperidade global da China . "Em consequência, a liquidação foi autorizada a ir demasiado longe", continua Soros. O que ele quer dizer é, demasiado longe para manter a dominância dos Um Por cento. A China está a procurar reverter a polarização económica, não a intensificá-la.
Soros afirma que as políticas socialistas da China estão a prejudicar os seus objectivos no mundo. Mas do que ele realmente reclama é que está a prejudicar os objectivos neoliberais da América quanto à forma como esperava ganhar dinheiro para si própria com a China. Isto leva Soros a lembrar aos gestores de fundos de pensões ocidentais que "devem alocar os seus activos de forma estreitamente alinhada com os valores de referência em relação aos quais o seu desempenho é medido". Mas a tragédia da financeirização das pensões é que os gestores de fundos de pensões são avaliados pelo dinheiro que ganham financeiramente – de formas que prejudicam a economia industrial ao promover engenharia financeira ao invés da engenharia industrial.
"Quase todos eles afirmam que incorporam padrões ambientais, sociais e de governação empresarial (ESG) nas suas decisões de investimento", escreve Soros. Pelo menos, é o que os seus conselheiros de relações públicas anunciam. A Exxon afirma estar a limpar o ambiente através da expansão da perfuração de petróleo offshore na Guiana, etc. Quanto aos "padrões sociais", a lenga-lenga neoliberal é uma economia de gotejamento: ao fazer subir os preços das nossas acções, através da recompra de acções e do pagamento de dividendos mais elevados, estamos a ajudar os assalariados a ganhar uma pensão, apesar de estarmos a deslocalizar e a desindustrializar a economia, a des-sindicalizá-la e a "libertar" a economia das leis de protecção do consumidor e do local de trabalho.
Soros tem uma solução radical, a qual sugere que "deveria obviamente aplicar-se aos padrões de referência de desempenho seleccionados pelas pensões e outras carteiras de reforma": ... O Congresso dos EUA deveria aprovar uma lei bipartidária a exigir explicitamente que os gestores de activos investissem apenas em empresas onde as estruturas de governação reais fossem transparentes e alinhadas com as partes interessadas".
Uau! Tal projecto de lei impediria os americanos de investir em muitas empresas americanas cujo comportamento não está de todo alinhado com as partes interessadas. Em que proporção: 50%? 75? Mais?
"Se o Congresso aprovasse estas medidas", conclui Soros, "daria à Securities and Exchange Commission os instrumentos de que ela precisa para proteger os investidores americanos, incluindo aqueles que não estão conscientes de possuirem acções chinesas e empresas de fachada chinesas. Isso serviria também os interesses dos EUA e da comunidade internacional das democracias em geral". Assim, o Sr. Soros quer impedir os Estados Unidos de investir na China. Ele parece não ver que este é também o objectivo do Presidente Xi: A China não precisa de dólares norte-americanos e está de facto a des-dolarizar.
George Soros está obviamente aborrecido pelo facto de o Presidente Xi não ser Boris Yeltsin e porque a China não está a seguir a dependência cleptocrática que distorceu a economia da Rússia. Soros pensava que o fim da Guerra Fria simplesmente o deixaria comprar os mais lucrativos activos geradores de renda, como ele pretendeu fazer nos Países Bálticos e na Ucrânia. A China disse "Não", por isso não é considerada uma "economia de mercado", ao estilo de Soros. Não tornou a sua organização social comercializável e evitou a dependência financeira que torna os "mercados" um veículo para o controlo dos EUA através de sanções e aquisições de empresas estrangeiras.
02/Setembro/2021
[1] Privatizações selvagens: No Brasil diz-se privataria. Em inglês traduz-se por grabitization: uma fusão de grab (agarrar) e privatization (privatização). A palavra teve origem na Rússia cleptocrática do tempo de Yeltsin, a chamada prikhvatizatsiya, quando gigantescas empresas estatais foram entregues a privados em troca de tostões.
Ver também: China procura conter o alto custo da habitação . Chinese state media label George Soros a ‘terrorist’
[*] Economista. Os seus livros estão aqui.
O original encontra-se em www.unz.com/mhudson/...
Este artigo encontra-se em resistir.info
Amaro Sérgio Azevedohttp://www.blogger.com/profile/12084137156900032941noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5623065810098984784.post-79715971823001825022021-09-01T12:39:00.000-03:002021-09-01T12:39:42.007-03:00A destruição e reconstrução da Coreia do Norte, 1950-1960A destruição e reconstrução da Coreia do Norte, 1950-1960
Charles K. Armstrong [*]
A Força Aérea dos EUA estimou que a destruição da Coreia do Norte foi proporcionalmente maior do que a do Japão, na Segunda Guerra Mundial, onde os EUA transformaram as maiores 64 cidades em escombros e usaram a bomba atómica para destruir outras duas. Os aviões americanos lançaram 635.000 toneladas de bombas na Coreia – isto é, essencialmente, na Coreia do Norte – incluindo 32.557 toneladas de napalm, em comparação com 503.000 toneladas de bombas lançadas em todo o teatro do Pacífico, na Segunda Guerra Mundial.
A guerra aérea americana e a destruição da Coreia do Norte
A Guerra da Coreia, uma “guerra limitada” para as forças dos EUA e da ONU, foi para os coreanos uma guerra total. Os recursos humanos e materiais da Coreia do Norte e do Sul foram usados ao máximo. A destruição física e a perda de vidas em ambos os lados foi quase além da compreensão, mas o Norte sofreu os maiores danos, devido aos bombardeamentos de saturação americanos e à política de terra queimada das forças da ONU em retirada [1] . A Força Aérea dos EUA estimou que a destruição da Coreia do Norte foi proporcionalmente maior do que a do Japão, na Segunda Guerra Mundial, onde os EUA transformaram as maiores 64 cidades em escombros e usaram a bomba atómica para destruir outras duas. Os aviões americanos lançaram 635.000 toneladas de bombas na Coreia – isto é, essencialmente na Coreia do Norte – incluindo 32.557 toneladas de napalm, em comparação com 503.000 toneladas de bombas lançadas em todo o teatro do Pacífico, na Segunda Guerra Mundial [2] . O número de coreanos mortos, feridos ou desaparecidos no final da guerra aproximou-se de três milhões, dez por cento da população geral. A maioria desses mortos estava no Norte, que tinha metade da população do Sul; embora a RPDC [República Popular Democrática da Coreia] não tenha números oficiais, possivelmente 12 a 15% da população foi morta na guerra, um número próximo ou a ultrapassar a proporção de cidadãos soviéticos mortos na Segunda Guerra Mundial [3]
O ato que, de longe, causou a maior perda de vidas civis na Guerra da Coreia, e que os norte-coreanos afirmaram ter sido o maior crime de guerra da América, foi o bombardeamento aéreo de centros populacionais norte-coreanos. O controle americano dos céus da Coreia era avassalador. Os MIG soviéticos, pilotados por pilotos soviéticos, chineses e norte-coreanos, eram às vezes eficazes contra o poder aéreo americano. Mas, sob as ordens de Stalin, os caças soviéticos eram estritamente limitados em número e no alcance a que podiam voar, para que as batalhas aéreas soviéticas não levassem a uma guerra mais ampla [4]. E, em qualquer caso, o apoio aéreo soviético não existiu até ao final de 1950. Durante o verão e o outono, as defesas aéreas norte-coreanas eram virtualmente inexistentes. Unidades de autodefesa locais na ocupada Coreia do Sul, levemente armadas, só podiam assistir e sofrer enquanto as suas cidades e vilas eram destruídas do ar [5] No final da guerra, a Coreia do Norte afirmou que apenas dois edifícios modernos permaneceram de pé em Pyongyang.
Para os americanos, o bombardeamento estratégico faz todo o sentido, dando vantagem às proezas tecnológicas americanas contra a superioridade numérica do inimigo. O comando americano rejeitou as preocupações britânicas de que o bombardeamento massivo viraria a opinião mundial contra eles, insistindo que os ataques aéreos eram precisos e as baixas civis limitadas [6]. As acusações russas de ataques indiscriminados a alvos civis não foram tidas em conta pelos americanos. Mas, para os norte-coreanos, vivendo com medo dos ataques dos B-29 há quase três anos, com a possibilidade de lançamento bombas atómicas, a guerra aérea americana deixou uma impressão profunda e duradoura. O governo da RPDC nunca esqueceu a lição da vulnerabilidade da Coreia do Norte aos ataques aéreos americanos e, durante o meio século após o Armistício, continuou a fortalecer as defesas antiaéreas, a construir instalações subterrâneas e, certamente, a desenvolver armas nucleares, para garantir que a Coreia do Norte não se encontrasse de novo em tal posição. O efeito psicológico de longo prazo da guerra em toda a sociedade norte-coreana não pode ser superestimado, mas a guerra contra os Estados Unidos, mais do que qualquer outro fator isolado, deu aos norte-coreanos um sentimento coletivo de ansiedade e medo de ameaças externas, que continuariam por muito tempo após o fim da guerra.
As consideráveis realizações económicas da Coreia do Norte desde a libertação foram quase completamente aniquiladas pela guerra. Em 1949, após dois anos de economia planificada, a Coreia do Norte tinha recuperado do caos pós-libertação e a produção económica tinha atingido o nível do período colonial [7]. Os planos para 1950 eram os de aumentar a produção no Norte novamente em um terço, e a liderança da RPDC esperava mais ganhos económicos a seguir à integração com a agricultura mais produtiva do Sul, após a unificação. De acordo com os números da RPDC, a guerra destruiu cerca de 8.700 fábricas, 5.000 escolas, 1.000 hospitais e 600.000 residências [8]. A maior parte da destruição ocorreu em 1950 e 1951.
Para escapar ao bombardeamento, fábricas inteiras foram deslocadas para o subsolo, junto com escolas, hospitais, repartições governamentais e grande parte da população. A agricultura foi devastada e a fome pairou. Os camponeses escondiam-se no subsolo durante o dia e saíam à noite para trabalhar na agricultura. A destruição do gado, a escassez de sementes, ferramentas agrícolas e fertilizantes e a perda de mão de obra reduziram a produção agrícola ao nível da subsistência, na melhor das hipóteses. O jornal Nodong Sinmun referiu-se a 1951 como “o ano de provações insuportáveis”, uma frase revivida nos anos de fome da década de 1990 [9] . Mas o pior ainda estava para vir. Pelo outono de 1952, não havia mais alvos eficazes para os aviões dos EUA atingirem. Todas as povoações, cidades e áreas industriais significativas da Coreia do Norte já haviam sido bombardeadas. Na primavera de 1953, a Força Aérea alvejou barragens de irrigação no rio Yalu, para destruir a safra de arroz da Coreia do Norte e para pressionar os chineses, que teriam de fornecer mais ajuda alimentar ao Norte. Cinco reservatórios foram atingidos, inundando milhares de hectares de terras agrícolas, inundando cidades inteiras e destruindo a fonte de alimentos essenciais para milhões de norte-coreanos [10] . Só a assistência de emergência da China, da URSS e de outros países socialistas evitou a fome generalizada.
A reconstrução da Coreia do Norte como um “Projeto Fraternal Socialista”
Quando a luta parou, no verão de 1953, toda a península coreana estava em ruínas. Ao sul da DMZ [zona desmilitarizada], os Estados Unidos e os seus aliados lideraram um esforço ambicioso e bem financiado para reabilitar a Coreia do Sul sob os auspícios da Agência das Nações Unidas para a Reconstrução da Coreia (UNKRA) [11] A Coreia do Norte, além de mais devastada do que o Sul e sofrendo também com a escassez de mão de obra causada pela hemorragia populacional da guerra, tinha muito menos recursos para se reconstruir. No entanto, através de uma combinação de tremendo trabalho e sacrifício por parte do povo norte-coreano, da generosa assistência económica e técnica dos “fraternos” países socialistas e da vantagem de uma infraestrutura industrial anterior à guerra, mais desenvolvida do que a da Coreia do Sul, a RPDC depressa alcançou taxas de crescimento económico que ultrapassaram em muito as da Coreia do Sul, na década de 1970. No final da década de 1950, a taxa de crescimento da produção industrial total da Coreia do Norte (média de 39% entre 1953 e 1960) foi provavelmente a mais elevada do mundo [12]
A Coreia do Norte foi virtualmente destruída como sociedade industrial, e a primeira prioridade da liderança da RPDC foi reconstruir a indústria. Poucos dias após o armistício, Kim Il Sung enviou um relatório à embaixada soviética em Pyongyang, detalhando a extensão dos danos da guerra e a necessidade de ajuda soviética para reabilitar a economia industrial da Coreia do Norte. A ajuda “fraterna” à RPDC começou durante a Guerra da Coreia. É claro que a maior parte da assistência militar direta veio da URSS e da China, mas as “Democracias Populares” do Leste Europeu também contribuíram para o esforço de guerra, com apoio logístico, assistência técnica, suprimentos médicos e outros. Uma das mais pungentes formas de assistência foi o acolhimento de milhares de órfãos da guerra da Coreia. Só a Roménia abrigou cerca de 1.500 dessas crianças, que regressaram à RPDC com a conclusão do Plano Quinquenal de 1957-1961 da Coreia do Norte. O primeiro grupo de 205 crianças coreanas foi enviado para a RDA em janeiro de 1953. Essas e centenas de outras também regressaram à Coreia do Norte vários anos depois.
Kim Il Sung liderou uma delegação a Moscovo, em setembro de 1953, principalmente para acertar os termos da ajuda soviética. O governo soviético concordou em cancelar ou adiar o pagamento de todas as dívidas pendentes da Coreia do Norte e reiterou a sua promessa de dar à RPDC um bilião de rublos em ajuda direta, monetária e na forma de equipamento industrial e bens de consumo. Técnicos soviéticos foram enviados para a Coreia do Norte para ajudar no esforço de reabilitação. A maior parte da reconstrução de fábricas na Coreia do Norte pós-guerra foi supervisionada por especialistas soviéticos. Pyongyang também recebeu promessas de ajuda de países do Leste Europeu e da República Popular da Mongólia, esta última prometendo enviar à Coreia do Norte cerca de 86.500 cabeças de gado. O terceiro maior contribuinte com ajuda externa depois da União Soviética e da China foi a Alemanha Oriental, que desempenhou um importante papel na reconstrução de Hamhŭng, a segunda maior cidade da Coreia do Norte e um importante centro industrial.
Kim visitou Pequim em novembro e recebeu promessas igualmente generosas da RPC, refletindo em parte o interesse do governo chinês em competir com a URSS pela influência na Coreia do Norte. A China cancelou as dívidas da Coreia do Norte com a Guerra da Coreia e ofereceu à RPDC 800 milhões de yuans em ajuda para o período de 1954 a 1957, dos quais 300 milhões viriam no primeiro ano. A Coreia do Norte e a China também assinaram um acordo de cooperação económica e cultural semelhante ao assinado entre a RPDC e a URSS, em março de 1949. A China ajudou a Coreia do Norte na reconstrução de fábricas, embora não na escala em que a URSS o fez, e tornou-se uma importante fonte de bens de consumo norte-coreanos, incluindo têxteis, algodão e alimentos. Especialistas técnicos chineses foram para a Coreia do Norte e os coreanos viajaram para a China para treino técnico. Mas talvez a contribuição mais importante que a China deu para a reconstrução da Coreia do Norte, além de ajuda monetária e cancelamento de dívidas, foi a mão de obra fornecida pelas tropas de Voluntários do Povo Chinês (CPV) que permaneceram na Coreia do Norte até 1958. Essas tropas, que contavam milhares de soldados, ajudaram a consertar estradas e ferrovias danificadas pela guerra e a reconstruir escolas, pontes, túneis e represas de irrigação. Na Coreia do Norte, com escassez de mão de obra, a assistência física dos Voluntários do Povo Chinês foi inestimável para a reabilitação da infraestrutura danificada pela guerra.
O período de reconstrução pós-guerra na Coreia do Norte foi a primeira e única vez em que a União Soviética, a China e os países alinhados com a União Soviética da Europa Oriental e da Mongólia cooperaram num projeto económico de grande escala dessa natureza. Foi o auge histórico da “solidariedade socialista internacional”, que nunca mais se repetiria depois de a URSS e a China se terem separado, no início dos anos 1960. Considerando que a União Soviética ainda estava a reconstruir-se após a devastação da Segunda Guerra Mundial, que a China tinha concluído recentemente a sua guerra civil e que a Alemanha Oriental (a terceira maior fonte de ajuda) também estava a reconstruir-se da guerra, a escala da ajuda para a Coreia do Norte é notável. Fontes soviéticas contemporâneas fazem uma análise da assistência estrangeira à RPDC, entre 1953 e 1960, dividida aproximadamente em três partes, sem dúvida uma divisão do trabalho sugerida por Moscovo. Exatamente um terço (33,3%) da ajuda à reconstrução veio da URSS, 29,4% da China e 37,3% de outros países. Os dados monetários não consideram a ajuda em trabalho, que foi particularmente importante do lado chinês.
Ajuda
Contribuições de nações fraternais
(milhões de rublos)
URSS 292,5
China 258,4
RDA 122,7
Polónia 81,9
Checoslováquia 61,0
Roménia 22
Hungria 21
Bulgária 18,7
Albânia 0,6
Mongólia 0,4
Vietname do Norte 0,1
Total 879,3
SSSR i Koreia (Moscovo: URSS Academia das Ciências, 1988), p.256
A Coreia do Norte dependia da assistência fraterna para mais de 80% das suas necessidades de reconstrução industrial entre 1954 e 1956, o período do Plano de Três Anos.
O país não poderia ter reconstruído a sua economia tão rapidamente como o fez sem esse influxo maciço de ajuda em quase todos os setores da produção e consumo. Mas a RPDC não ficou dependente da ajuda por muito tempo. Em parte, foi por necessidade, já que a ajuda do bloco socialista foi planeada desde o início para ir sendo atenuada à medida que a reconstrução fosse concluída. No entanto, é notável a rapidez com que a dependência da ajuda da Coreia do Norte caiu – a declaração de “autossuficiência” da Coreia do Norte, no final da década de 1950, tinha razão de ser. Em 1954, 33,4% da receita do Estado da Coreia do Norte veio da ajuda externa; em 1960, a proporção caiu para apenas 2,6%. Em contraste, bem mais de metade da receita do governo da Coreia do Sul veio de assistência externa em 1956. No início dos anos 1960, bem antes da descolagem industrial da Coreia do Sul, o Norte tinha-se reindustrializado de forma impressionante. Essa diferença não pode ser explicada apenas pela ajuda externa, que foi muito maior em termos absolutos na Coreia do Sul do que no Norte. A capacidade do regime de mobilizar a população norte-coreana também foi indispensável para o sucesso deste projeto. Como disse Kim Il Sung, a reconstrução económica exigiria todo o trabalho e recursos que o povo norte-coreano pudesse congregar.
Reconstrução urbana em Pyongyang e Hamhŭng
Na reconstrução de Pyongyang, como na economia norte-coreana em geral, a assistência fraterna foi maciça, diversa e crucial. Na época, essa ajuda foi calorosa e amplamente reconhecida na mídia da RPDC. Depois da década de 1960, quando a autossuficiência se tornou o slogan dominante e a lente através da qual todas as experiências norte-coreanas anteriores foram filtradas, o papel dos estrangeiros na reconstrução do pós-guerra raramente foi mencionado se é que chegou a sê-lo. Em termos gerais, a China contribuiu principalmente com mão-de-obra e bens de consumo ligeiros, os soviéticos e os alemães orientais forneceram assistência técnica e supervisão e os outros países da Europa Oriental forneceram equipamentos e assistência técnica para indústrias específicas. Kim Il Sung agradeceu publicamente aos Voluntários do Povo Chinês, que lutaram “ombro a ombro” com o Exército do Povo Coreano, pelo seu papel continuado no esforço de reconstrução do pós-guerra. Soldados do VPC ajudaram a reconstruir pontes, escolas primárias, fábricas e apartamentos. Em fevereiro de 1955, por exemplo, a 47.ª Brigada dos VPC reconstruiu a Fábrica de comboios elétricos de Pyongyang. Um grupo de mais de 770 especialistas em construção chineses ficou em Pyongyang, entre novembro de 1954 até o final de 1956 para ajudar a supervisionar a reconstrução. A Albânia doou asfalto para pavimentação de estradas, a Checoslováquia deu autocarros, a Hungria construiu uma fábrica de ferramentas de precisão, a Alemanha Oriental deu telefones e centrais telefónicas para os serviços de comunicação da cidade e modernizou o Centro Nacional de Produção de Filmes. A Polónia construiu a Fábrica da Ferrovia de Pyongyang Oeste, a Bulgária construiu uma fábrica de ferramentas de madeira, a Roménia construiu o Hospital Central de Pyongyang e a URSS, a Checoslováquia, China e Alemanha Oriental contribuíram com motores e vagões de carga e de passageiros para desenvolver a indústria ferroviária da Coreia do Norte. Durante o período do Plano de três anos, muitos líderes do Leste Europeu visitaram Pyongyang, onde receberam calorosamente os agradecimentos pelas contribuições dos seus países para a reconstrução do pós-guerra, incluindo Otto Grotewohl da RDA, Enver Hoxha da Albânia e Gheorghiu-Dej da Roménia.
Perante o avanço chinês no final de novembro e dezembro de 1950, o Corpo X do Exército dos EUA retirou-se em direção à área de Hamhŭng/Hŭngnam para ser evacuado por mar. Hamhŭng já tinha sido bombardeada pela Força Aérea dos Estados Unidos, mas o Corpo X recebeu a ordem de “negar abastecimentos e meios de transporte às tropas comunistas” antes de deixarem a área. Durante vários dias, a começar em 11 de dezembro, o 185.º Batalhão de Engenharia do Corpo X transportou cerca de quatro toneladas de dinamite para os arredores industriais de Hŭngnam e começou a destruir o que restava das fábricas. Em 15 de dezembro, a ponte ferroviária que levava ao sul de Hamhŭng foi dinamitada. Todas as pontes rodoviárias nas proximidades foram demolidas da mesma forma. Três dias depois, o Primeiro Pelotão queimou todos os edifícios e destruiu todos os abastecimentos para aviação no aeroporto Yongp'o de Hamhŭng, cerca de cinco milhas [8 km] ao sul de Hŭngnam, com gasolina, balas tracejantes e granadas; para garantir o resultado, um bombardeamento naval atingiu o aeroporto no final da tarde. Enquanto isso, cerca de 100.000 refugiados norte-coreanos foram transportados de Hŭngnam para a Coreia do Sul por navios-tanque da marinha dos EUA na chamada “Evacuação de Natal” entre 19 e 24 de dezembro. Dos escombros de Hamhŭng destruída e despovoada, os norte-coreanos e alemães orientais construíram uma nova cidade industrial.
Não está claro exatamente quando e por quem foi tomada a decisão de que a ajuda da Alemanha Oriental se concentrasse na cidade de Hamhŭng. Parece que o primeiro-ministro da RDA, Otto Grotewohl, prometeu pessoalmente a Kim Il Sung ajuda na reconstrução de uma cidade quando os dois homens se encontraram na Conferência de Genebra em 1954. Mais tarde naquele ano, no final de junho ou início de julho, um líder norte-coreano (presumivelmente Kim Il Sung ) escreveu a Grotewohl:
O governo e todo o povo coreano estão comovidos e eternamente gratos pela promessa feita por si, caro camarada primeiro-ministro, à nossa delegação na Conferência de Genebra, de reconstruir uma das cidades destruídas, com os esforços da República Democrática Alemã ... O governo de nossa República decidiu como objeto de reconstrução e recuperação pelo seu governo a cidade de Hamhŭng, um dos centros provinciais da nossa República” [13] Talvez Grotewohl, sendo ele mesmo presidente de um país destruído pela guerra, fosse movido por um sentimento de vínculo comum com os coreanos; talvez tenha sido pressionado pelos soviéticos a dar a ajuda da Alemanha Oriental a um grande projeto de reconstrução industrial, mas não na capital, que seria uma montra da ajuda soviética. Em qualquer caso, o próprio Grotewohl chefiou uma “Equipe de Trabalho Alemã”(Deutsche Arbeitsgruppe, DAG) para dirigir o projeto. Centenas de engenheiros, técnicos e artífices da Alemanha Oriental e suas famílias foram enviados para Hamhŭng, tendo alguns residido aí durante vários anos, e ganharam o cognome coletivo, que soa ironicamente alemão, “Hamhunger”. No outono de 1954, uma delegação da RDA visitou Hamhŭng para estabelecer as bases para o projeto de reconstrução e, no ano seguinte, o governo da Alemanha Oriental anunciou o seu plano para ajudar na reconstrução de Hamhŭng no período de 1955-1964.
Em pouco mais de cinco anos, os norte-coreanos, com a ajuda da Alemanha Oriental, reconstruíram Hamhung como uma cidade industrial moderna e, durante décadas, a cidade seria o principal centro industrial da Coreia do Norte fora da capital, Pyongyang. Em 1960 – muito antes de o termo ser aplicado à Coreia do Sul – a imprensa da Alemanha Oriental chamou à Coreia do Norte “um milagre económico no Extremo Oriente”[14] . Em junho de 1956, Kim Il Sung visitou a RDA e agradeceu pessoalmente aos alemães orientais a sua ajuda [15]. Mas, desde o início do processo de reconstrução, a liderança da RPDC tinha visto a ajuda externa como um processo limitado que gradualmente daria lugar à autossuficiência norte-coreana [16]. Em dezembro de 1955, Kim fez o seu subsequente famoso discurso sobre “Zuche” ou autoconfiança, referindo-se originalmente à independência ideológica, especialmente em relação à União Soviética, ao longo das duas décadas seguintes, e o Zuche seria alargado a todos os aspetos do comportamento da Coreia do Norte, da política à economia e à defesa militar.
Os governos da RPDC e da RDA declararam concluído o projeto Hamhŭng em 1962, dois anos antes do previsto. Os especialistas alemães e as suas famílias voltaram para casa. Ao mesmo tempo, os milhares de órfãos coreanos acolhidos por famílias alemãs, romenas e outras da Europa Oriental voltaram para a Coreia. Alguns estudantes norte-coreanos permaneceram na Europa Oriental e na URSS, mas a era de estreita “cooperação fraterna” tinha chegado ao fim. A Coreia do Norte fora reconstruída e, dali para a frente, traçaria o seu próprio caminho de desenvolvimento político e económico, ligado, mas nunca subordinado, à comunidade socialista mais ampla das nações.
Notas
[1] O Comando do Extremo Oriente ordenou ao General Walker que “destruísse tudo o que pudesse ser usado pelo inimigo” quando o Oitavo Exército fugiu para o Sul, em dezembro de 1950. Roy E. Appleman, Disaster in Korea: The Chinese Confront MacArthur [Desastre na Coreia: o confronto chinês de MacArthur], (College Station, TX: Texas A & M Pres, 1989), p. 360.
[2] Citado em Rosemary Foot, A Substitute for Victory: The Politics of Peacemaking at the Korean Armistice Talks [Um substituto para a vitória: As políticas de fazer a paz nas conversações do Armistício da Coreia] (Ithaca: Cornell University Press, 1990), pp. 207-208.
[3] Jon Halliday, “The North Korean Enigma” [O enigma da Coreia do Norte] New Left Review n.º 127 (maio - junho de 1981), p. 29
[4] A extensão do envolvimento aéreo soviético na Guerra da Coreia foi por muito tempo um segredo da Guerra Fria, cujos detalhes só se tornaram conhecidos após o colapso da URSS. Ver Xiaoming Zhang, Red Wings over the Yalu: China, the Soviet Union, and the Air War in Korea [Asas vermelhas sobre Yalu: a China, a União Soviética e a guerra aérea na Coreia] (College Station: Texas A&M University Press, 2002).
[5] Arquivos Nacionais dos EUA, Grupo de Registos 242, aviso de embarque 2013, item 1/191. Organização das Unidades de Defesa Doméstica Armada (RPDC), setembro de 1950. Os relatórios incluem descrições gráficas de um ataque aéreo à cidade de Yŏch'ŏn, em 26 de agosto, e o bombardeamento de uma escola primária, em 1 de setembro.
[6] Conrad C. Crane, American Airpower Strategy in Korea, 1950 - 1953 [Estratégia do poder aéreo americano na Coreia] (Lawrence: University Press of Kansas, 2000), pp. 42–43.
[7] US National Archives [Arquivos Nacionais dos EUA], Record Group 59. US Embassy to State, “Economic Conditions in North Korea” [Condições económicas na Coreia do Norte], 11 de outubro de 1949, p. 8.
[8] The Three Year Plan” [O plano trienal], Kyŏngje kŏnsŏl [Economic Construction], setembro de 1956, pp. 5–6.
[9] Nodong Sinmun [jornal norte-coreano], 16 de março de 1952, p. 1
[10] Callum MacDonald, Korea: The War Before Vietnam [Coreia: A guerra anterior à do Vietname] (London: Macmillan, 1986), pp. 241-242.
[11] A reconstrução pós-guerra da Coreia do Sul foi o maior projeto de desenvolvimento multilateral do mundo na época. Ver Stephen Hugh Lee, “The United Nations Korea Reconstruction Agency in War and Peace” [A Agência das Nações Unidas para a Reconstrução da Coreia na Guerra e na Paz], em Chae-Jin Lee e Young-ick Lew, eds., Korea and the Korean War [A Coreia e a Guerra da Coreia], (Seul: Yonsei University Press, 2002), pp. 357 - 96. [12] John Yoon Tai Kuark, “A Comparative Study of Economic Development in North and South Korea during the Post-Korean War Period” [Um Estudo Comparativo do Desenvolvimento Económico na Coreia do Norte e do Sul durante o período Pós-Guerra da Coreia], Ph.D. dissertação, University of Minnesota, 1966, p. 32; Joseph S. Chung, The North Korean Economy: Structure and Development [A economia norte-coreana: estrutura e desenvolvimento] (Stanford: Hoover Institution Press, 1974), pp. 146-47.
[13] Citado em Ruediger Frank, Die DDR und Nordkorea: Dier Wiederaufbau der Stadt Hamhung von 1954-1962 [A RDA e a Coreia do Norte: a reconstrução da cidade de Hamhung de 1954 a 1962] (Aachen: Shaker, 1996), p. 23.
[14] Martin Radmann, Ein Wirtschafstwunder im Fernen Osten [Um milagre económico no Extremo Oriente], Neues Deutschland , 27 de dezembro de 1960.
[15] Ministério das Relações Exteriores da RDA, seção da Coreia. Visit of a Government Delegation of the DPRK in the GDR, June 1956 [Visita de uma delegação governamental da RPDC à RDA, junho de 1956].” MfAA A 6927, Ficha 1.
[16] Kim Il Sung, “On Eliminating Dogmatism and Formalism and Establishing Juche in Ideological Work” [Sobre a eliminação do dogmatismo e do formalismo e a institucionalização Juche no Trabalho Ideológico] Works, vol. 9, pp. 395-417.
30/Agosto/2021
[*] Professor de história e diretor do Centro de Investigação sobre a Coreia da Universidade de Columbia. É autor de The North Korean Revolution, 1945-1950 e The Koreas, e editor de Sociedade Coreana: Sociedade Civil, Democracia e o Estado e de Coreia no Centro: Dinâmicas do Regionalismo no Nordeste Asiático. Este artigo faz parte de uma série contínua de The Asia-Pacific Journal na comemoração do sexagésimo aniversário do início da Guerra EUA-Coreia.
Citação recomendada: Charles Armstrong, The Destruction and Reconstruction of North Korea, 1950 - 1960, The Asia-Pacific Journal Vol 8, Entrada 51, n.º 2, 20 de dezembro de 2010.
O original encontra-se em https://apjjf.org/-Charles-K.-Armstrong/3460/article.html e a tradução de TAM e MFO em https://pelosocialismo.blogs.sapo.pt/a-destruicao-e-reconstrucao-da-coreia-159120
Este artigo encontra-se em https://resistir.info Amaro Sérgio Azevedohttp://www.blogger.com/profile/12084137156900032941noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5623065810098984784.post-1641828785254120662021-08-17T18:33:00.002-03:002021-08-17T18:33:38.257-03:00O Talibã entra em CabulO Talibã entra em Cabul
– Todas as cidades estão agora nas mãos do Talibã, assim como todas as passagens de fronteira.
– O presidente Ashraf Ghani demitiu-se
– Um novo governo interino será anunciado assim que o Mullah Abdul Ghani Baradar chegar a Cabul
– Os EUA evacuam freneticamente a sua embaixada
– Comandantes talibãs entram no palácio presidencial em Cabul
por Moon of Alabama
Saigon, 1975 - Cabul, 2021.Observações do Presidente Biden acerca da retirada das forças dos EUA do Afeganistão, feitas em 06/Julho/2021
P. Será a tomada do Afeganistão pelo Talibã agora inevitável?
O PRESIDENTE: Não, não é.
P. Por que?
O PRESIDENTE: Porque as tropas afegãs têm 300 mil soldados bem equipados – tão bem equipados como qualquer exército no mundo – e uma força aérea contra uns 75 mil Talibãs. Não é inevitável.
P. Sr. Presidente, poderá estender a resposta, por favor? Por que não confia no Talibã?
O PRESIDENTE: É uma pergunta tola. Confia você no Talibã? Não. Mas eu confio na capacidade dos militares afegãos, os quais estão melhor treinados, melhor equipados e são mais competentes em termos de condução da guerra.
P. Sr. Presidente, alguns veteranos do Vietname vêem reflexos da sua experiência nesta retirada do Afeganistão. Vê quaisquer paralelos entre esta retirada e o que aconteceu no Vietname, como algumas pessoas sentem?
O PRESIDENTE: Nada, em absoluto. Zero. O que havia ali era brigadas inteiras a irromperem através dos portões da nossa embaixada – seis, se não estou em erro.
O Talibã não é o sul – o exército norte-vietnamita. Eles não são, nem remotamente, comparáveis em termos de capacidade. Não haverá qualquer circunstância em que verá pessoas a serem evacuadas do teto de uma embaixada – dos Estados Unidos no Afeganistão. Não é de todo comparável.
Não é de todo comparável. Isto é totalmente diferente – o tipo de helicóptero.
Taliban enters Kabul, awaits 'peaceful transfer' of power , August 15, 2021
Afghanistan - Taliban Enter Kabul - Will Announce Interim Government , August 14, 2021
Talibãs fazem novas ofertas de paz e outras
A história agora desenrola-se a uma velocidade raramente vista.
Situação actual: No total, 21 das 34 províncias estão agora nas mãos do Talibã. A maior parte das outras são contestadas.
August 6 - Zaranji (Nimruz)
August 7 - Sheberghan (Jowzjan)
August 8 - Kunduz (Kunduz)
August 8 - Sar-e Pol (Sar-e Pol)
August 8 - Talquan (Takhar)
August 9 - Aybak (Samangan)
August 10 - Farah (Farah)
August 10 - Pul-i Khumri (Baghlan)
August 11 - Faizabad (Badakhshan)
August 12 - Ghazni (Ghazni)
August 12 - Kandahar (Kandahar)
August 12 - Herat (Herat)
August 12 - Qala-e-Naw (Badghis)
August 13 - Lashkar Gah (Helmand)
August 13 - Tirin kot (Uruzgan)
August 13 - Chaghcharan (Ghor)
August 13 - Pul-e Alim (Logar)
August 13 - Qalat (Zabul)
August 14 - Sharana (Paktika)
August 14 - Asasabad (Kunar)
August 14 - Gardez (Paktia)
Situação em 14/Agosto/21.
Ver também:
US Embassy warns Americans in Kabul to take shelter, says airport reportedly UNDER FIRE amid hasty evacuation of western missions
Taliban spokesman says Afghan war is over, militants convinced ‘foreign forces won’t repeat failed experience in Afghanistan’
Governo russo ordena ao seu embaixador no Afeganistão que permaneça em Cabul
O original encontra-se em www.moonofalabama.org/
Este artigo encontra-se em https://resistir.info/ .
Amaro Sérgio Azevedohttp://www.blogger.com/profile/12084137156900032941noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5623065810098984784.post-68977864785295488822021-08-09T15:14:00.004-03:002021-08-09T15:14:33.351-03:00Igualdade e escassezIgualdade e escassez
por Prabhat Patnaik [*]
Muitos recordarão que a União Soviética e outros países socialistas da Europa do Leste costumavam ser caracterizados por longas filas de consumidores de várias mercadorias. Isto foi motivo para muita ridicularização no ocidente e era atribuída à ineficiência do sistema socialista de produção, em comparação com o capitalismo onde bastava ir a um supermercado e comprar tudo o que se quisesse.
Na realidade, longe de serem um sintoma de ineficiência, as longas filas de consumidores eram um reflexo da natureza altamente igualitária das sociedades socialistas. Analogamente, o livre acesso a bens sob o capitalismo é fundamentado na extrema desigualdade de rendimento que prevalece sob este sistema. Este ponto pode ser ilustrado por um exemplo em que deliberadamente escolhemos números que são idênticos em todos os aspectos excepto na distribuição do rendimento.
Tomem-se duas economias S (sob o socialismo) e C (sob o capitalismo). Cada uma investe 20 unidades e pode fabricar 100 unidades de produto. Os 20 por cento superiores em S (consistentes de funcionários socialistas) têm 30 por cento do produto e os 80 por cento mais baixos (consistentes de trabalhadores) têm os restantes 70 por cento. Em contraste, os 20 por cento superiores em C (consistentes de capitalistas e funcionários) têm 60 por cento do produto e os restantes 80 por cento (consistentes de trabalhadores) têm 40 por cento. O segmento de topo em cada economia consome a metade do seu rendimento e os trabalhadores em cada economia consomem a totalidade do seu rendimento.
Agora, se a plena capacidade de produção dos 100 for atingida em S, então o total da procura para consumo será 85 (consistindo de metade de 30 mais 70) e a procura agregada total (inclusive de investimento de 20) será 105. Em contraste, o total da procura para consumo em C será 70 (metade de 60 mais 40) e a procura agregada total (inclusive de investimento de 20) será 90. Por outras palavras, se a plena capacidade de produção de 100 for atingida, então haverá um excesso de procura de 5 em S e uma procura deficiente de 10 em C.
Portanto a economia capitalista não produzirá em plena capacidade devido à procura deficiente. Em vez disso produzirá apenas 66 2/3, uma vez que com esta produção e as mesmas fatias distributivas os capitalistas obterão 40 e os trabalhadores obterão 26 2/3, de modo que o consumo total será 46 2/3, os quais juntamente com o investimento de 20 será exactamente igual à produção verificada, 66 2/3. O emprego real portanto será apenas dois terços do que teria sido se a produção em plena capacidade estivesse a verificar-se. Em suma, haveria desemprego maciço. Uma vez que não se trata de qualquer falta ou excesso de procura (bem pelo contrário) nesta economia, os consumidores podem simplesmente entrar em qualquer supermercado e comprar o que quiserem; não há quaisquer filas de espera por bens.
Em contraste, na economia socialista, onde a produção de 100 causa um excesso de procura de 5, será produzida a capacidade total de produção de 100; mas a questão é como é que uma tal economia irá lidar com o excesso de procura de 5? A forma fácil de o fazer seria simplesmente deixar os preços subirem, até que os rendimentos reais de alguns consumidores tenham sido suficientemente esmagados para reduzir as suas compras em 5; mas tipicamente isto significaria um esmagamento desproporcionalmente grande dos trabalhadores que terão muito pouco dinheiro para reduzir, a fim de manter o consumo. Todo o excesso de procura de 5 será então reduzido a expensa dos trabalhadores. Mas comparado a isto, uma redução proporcional no consumo de toda a gente será melhor; isto é o que as economias socialistas faziam, mantendo os preços ao nível antigo mas instituindo o racionamento, para que a redução da procura em 5 pudesse ser mais igualmente repartida. Este racionamento significava que as pessoas tinham de fazer fila para as suas compras.
Assim, o facto de que as economias socialistas eram caracterizadas por filas de espera não era causado por qualquer ineficiência do sistema. Ao contrário, era um reflexo da preocupação do sistema em manter baixa a desigualdade na distribuição dos rendimentos. Assim fazia de duas formas distintas: uma, mantendo o nível base de distribuição relativamente mais igual; e a segunda, assegurando que se no entanto surgisse um excesso de procura, então que a sua resolução assumisse a forma não de um aumento de preços que teria sido regressivo, mas de um racionamento a preços determinados. As filas de espera eram um resultado deste racionamento.
Sem dúvida houve muitos problemas na implementação efectiva de uma tal política na economia socialista, tais como o acesso privilegiado de alguns (funcionários do Estado ou do Partido) a bens escassos, e a violação do princípio da igualdade de rações para todos pela instituição de um princípio de "primeiro a chegar, primeiro a ser servido", o qual tinha o efeito de distribuir o bem escasso arbitrariamente. Mas isto não nega o ponto básico de que a escassez observada de bens numa economia socialista foi o resultado de uma distribuição mais igualitária do rendimento. Do mesmo modo, a plenitude observada de bens sob o capitalismo é o resultado do facto de vastas massas de trabalhadores terem demasiado pouco poder de compra nas suas mãos para comprarem estes bens, o que é tanto uma causa como uma consequência do desemprego em massa que invariavelmente caracteriza este sistema.
O bem conhecido economista húngaro Janos Kornai, um crítico do sistema socialista que existia no seu país, tinha dito: "o capitalismo clássico é limitado pela procura enquanto o socialismo clássico é limitado pelos recursos", o que significa que este último utiliza plenamente todos os seus recursos, incluindo a mão-de-obra disponível. A razão que ele deu para este fenómeno foi que sob o socialismo, uma vez que as empresas têm subsídios governamentais assegurados elas enfrentam uma "restrição orçamental branda" que as faz gastar em excesso em projectos de investimento, sem serem demasiado calculistas quanto à taxa de retorno esperada. Sob o capitalismo, pelo contrário, as empresas enfrentam uma "restrição orçamental dura" que as torna cautelosas na realização de investimentos.
Se bem que isto possa ser verdade, há uma poderosa razão adicional que temos enfatizado para o capitalismo ser constrangido pela procura e o socialismo constrangido pelos recursos – e esta é a maior igualdade na distribuição do rendimento sob o socialismo. Dito de modo diferente, uma vez que o nível da procura agregada em qualquer economia (ignorando o comércio externo) consiste de dois elementos, o nível de investimento e o nível de consumo tal como determinado pelo rácio médio do consumo em relação ao rendimento (ou propensão da economia a consumir nas palavras de Keynes), a explicação de Kornai para a diferença entre capitalismo e socialismo refere-se só ao primeiro elemento, embora também haja uma diferença muito importante em relação ao segundo. A maior igualdade na distribuição de rendimento sob o socialismo significa na média um rácio consumo-rendimento mais elevado e, portanto, um nível de procura agregada mais alto para qualquer dado nível de investimento (o que os economistas chamam um "multiplicador" mais alto para o investimento). Este aspecto chave das economias socialistas foi omitido por Kornai.
Qual o interesse, poder-se-ia perguntar, em dizer tudo isto agora, quando o socialismo na União Soviética e na Europa do Leste entrou em colapso? Bem, uma razão parcial é recordar-nos que, apesar de todas as suas limitações, as economias socialistas constituíram um grupo que alcançou o pleno emprego, em contraste com o que tem acontecido com todas as outras economias nos últimos duzentos anos. Isto acontece porque o capitalismo, pela sua própria natureza, não pode alcançar o pleno emprego, ao passo que economias socialistas têm dinâmicas muito diferentes que lhes permitem assim fazê-lo. Que tais economias existiram deveria ser sempre recordado.
A outra parte da resposta reside no facto de que o contraste agudo entre capitalismo e socialismo também se refere numa menor extensão à diferença entre o regime dirigista e os regimes neoliberais em países do terceiro mundo como a Índia. Não que estes países tenham alcançado algo como o pleno emprego, mas os regimes dirigistas tinham maior igualdade na distribuição do rendimento razão pela qual eles enfrentavam problemas de excesso de procura agregada e tinham de recorrer ao racionamento de vários bens. Isto estava em contraste com a fase neoliberal destas mesmas economias que assistiram a um enorme aumento na desigualdade de rendimento e, portanto, a um esmagamento do poder de compra nas mãos das massas trabalhadoras, a qual dá uma impressão totalmente enganosa de plenitude nos supermercados.
Na Índia por exemplo, segundo Chancel e Piketty, a fatia do rendimento nacional dos um por cento do topo da população era tão baixa quanto seis por cento em 1982, antes de ser introduzida a "liberalização" iniciada em 1985, mas aumentou para 22 por cento em 2013, a mais alta em quase um século. Portanto a inflação sob o regime neoliberal geralmente não é causada pelo excesso de procura; ela é tipicamente administrada pelos governos através da elevação de impostos sobre bens de uso comum ao invés de sê-lo sobre a riqueza dos capitalistas ou os lucros.
Mas mesmo esta inflação pretende-se então que seja controlada através da imposição de austeridade orçamental (como se a sua causa fosse excesso de procura), o que por sua vez agrava a situação de desemprego sem reduzir a inflação. O governo da Índia está agora a prosseguir um exercício tão insensato.
08/Agosto/2021
[*] Economista, indiano, ver Wikipedia
O original encontra-se em peoplesdemocracy.in/2021/0808_pd/equality-and-scarcity
Tradução de JF.
Este artigo encontra-se em https://resistir.info/ .
Amaro Sérgio Azevedohttp://www.blogger.com/profile/12084137156900032941noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5623065810098984784.post-67947478466452979262021-07-30T17:07:00.001-03:002021-07-30T17:07:28.074-03:00Com medo das manifestações populares, militares ameaçam golpeCom medo das manifestações populares, militares ameaçam golpe
12 de julho de 2021
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MILITARES CORRUPTOS – Revelações da CPI e manifestações populares põem a nu corrupção das Forças Armadas e do governo Bolsonaro. (Foto: Marcos Corrêa/ABR)
Manifestações populares e escândalos expõem envolvimento de militares em corrupção. Forças Armadas repetiram ameaças golpistas contra o parlamento e a população durante a última semana. Aura hipócrita de honestidade de generais está caindo por terra.
Felipe Annunziata | Redação Rio
BRASIL – A semana passada foi marcada por muitas notícias sobre casos de corrupção envolvendo altas patentes militares que ocupam o Ministério da Saúde. À medida que as manifestações populares crescem, com centenas de milhares de pessoas nas ruas, fica mais evidente o envolvimento de generais e coronéis em falcatruas envolvendo compra de vacinas.
Na última quarta (7), Roberto Dias, ex-diretor de logística do Ministério da Saúde e sargento reformado da Aeronáutica, foi preso em flagrante por mentir à CPI da Covid. Na mesma sessão, o senador Omar Aziz (PSD-AM) fez uma fala criticando a “banda podre dentro das Forças Armadas”. A fala do senador foi tão moderada e polida que ele chegou a mentir dizendo que na Ditadura “não tinha militar acusado de ser corrupto”.
O fato levou a uma nota golpista por parte do ministro da defesa, general Braga Netto, e dos comandantes das Forças Armadas. A nota continha uma ameaça clara à democracia afirmando que “as Forças Armadas não aceitarão qualquer ataque leviano”.
No dia seguinte, o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Carlos Almeida de Baptista Júnior, afirmou ao Jornal O Globo que “homem armado não ameaça” quando perguntado sobre a possibilidade de golpe. A afirmação foi mais uma ameaça diante da paralisia do parlamento em barrar ações golpistas de Bolsonaro e seus generais. Mas o que tem levado a essa reação forte por parte das cúpulas militares?
Forças Armadas querem atacar manifestações populares
LUTA POPULAR – Manifestações populares pressionam por derrubada de Bolsonaro e amedrontam militares. (Foto: EMÍLIA SILBERSTEIN / A Verdade)
No dia anterior à nota das Forças Armadas, os comandantes militares e ministros se reuniram no Palácio do Planalto, segundo informa o Jornal Correio Brasiliense. No encontro foi debatida a adesão popular às manifestações pela queda do governo.
Segundo a matéria, uma das questões levantadas foi de que as Forças Armadas passem agora a defender ativamente o governo, descumprindo a Constituição. Durante a agenda foram passados vídeos com pessoas infiltradas nos atos mostrando a mobilização das organizações de esquerda. Nos vídeos, os infiltrados faziam análises com um discurso claramente anticomunista.
Desde o primeiro ato, em 29 de maio, à exceção da repressão policial em Recife, os atos têm sido marcados por serem pacíficos. No entanto, a cada manifestação, setores fascistas ligados a Bolsonaro nas polícias tem procurado provocar manifestantes ou se infiltrar nos atos.
A reunião do governo com os militares no dia 8, aliado à nota e às ameaças ao parlamento, são demonstrações de medo dos militares com a revolta popular. A cada dia, parcelas mais amplas da população passam a enxergar as Forças Armadas como uma das principais responsáveis pelo genocídio em curso. Mais coronéis e generais são pegos nos escândalos de corrupção das vacinas.
O fato é que a ameaça de quartelada não é mais que um sinal do desespero desses sujeitos. Desde sua criação, as forças militares brasileiras são marcadas pela corrupção, perseguição a democratas e revolucionários, genocídio dos povos indígenas e negros e a subserviência completa aos interesses do imperialismo. No entanto, mesmo com tantos crimes nas costas, os generais nunca foram chamados a prestar contas pelos seus atos. Apoiado pelas elites brasileiras sempre se sentiram acima da lei e do povo.
Hoje, seus crimes mais recentes são expostos diariamente em rede nacional e repudiados pelo povo nas ruas. A indignação dos comandantes não é com a CPI da Pandemia apenas. O problema deles é ver sua aura hipócrita de honestidade cair por terra diante das mais de 530 mil pessoas mortas pelo governo do fascista Bolsonaro com apoio e execução dos senhores generais, brigadeiros e almirantes.
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1 de julho de 2021
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CORRUPÇÃO – Governo Bolsonaro cobrou propina de vendedor para viabilizar compra de doses de vacina. (Foto: Emília Sirberstein / A Verdade)
Claudiane Lopes
Jornalista de A Verdade
BRASIL – Depois de várias denúncias na CPI da Covid-19, o governo da morte sofreu mais uma derrota nesta quarta-feira, dia 30 de junho, com “Super Pedido de impeachment” contra o presidente Jair Bolsonaro, apresentado na Câmara dos Deputados. Ao todo, o documento é assinado por 46 parlamentares, entidades, sindicatos, partidos políticos, movimentos populares e indígenas que tem mais de 200 páginas e aponta 23 crimes cometidos pelo chefe do Planalto, relacionados a atentados contra instituições e a negligências na saúde.
Até agora são mais de 100 pedidos de impeachment protocolados na Câmara, todos ignorados por Arthur Lira (PP-AL), presidente da Casa. A gota d’água para este pedido de impeachment unificado a revelação do pedido de propina de US$ 1,00 por cada uma das 200 milhões de doses, denunciado por um vendedor de vacina. Ou seja, Bolsonaro e sua cúpula cobraram 1 bilhão de reais em propina para viabilizar compra de vacinas.
O lobista preso pela Polícia Federal, Sílvio Assis, e o líder do governo Bolsonaro, Ricardo Barros, ofereceram US$ 1,2 milhão em propina para Luís Miranda não atrapalhar o esquema de compra da vacina indiana Covaxin, sendo esse o maior esquema de corrupção da história do Brasil.
A lista de transgressões às leis é longa, são 57 atitudes criminosas previstas na Lei do Impeachment cometidas por Bolsonaro durante seu mandato. Os crimes estão divididos em sete categorias:
Crimes contra a existência da União;
Crimes contra o livre exercício dos poderes legislativo e judiciário e dos poderes; constitucionais dos estados;
Crimes contra o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais;
Crimes contra a segurança interna;
Crimes contra a probidade na administração;
Crimes contra a guarda e legal emprego de dinheiro público;
Crimes contra o cumprimento de decisões do Judiciário.
Mas com a pressão popular iniciada com as manifestações no dia 13 e 29 de maio e no dia 19 de junho, o governo fascista Bolsonaro e os militares estão cada vez mais encurralados. Mesmo após as denúncias de corrupção desde o início do seu governo vem ocorrendo na mídia, podemos afirmar que a força do povo nas ruas em plena pandemia foram, e são, pré-requisitos fundamentais para a saída do poder de Bolsonaro.
GOVERNO DA MORTE – No Rio de Janeiro manifestante carrega cartazes em ato pelo Fora Bolsonaro. (Foto: Vitor Viana / A Verdade)
Quais são os próximos passos?
Depois de protocolado o pedido de impeachment, ele será analisado pelo presidente da Câmara que pode arquivar ou encaminhar o pedido para o plenário. São 122 pedidos apresentados, 116 ainda não foram apreciados, e seis já foram arquivados. Depois da avaliação do presidente, o próximo passo é a criação de uma comissão especial responsável pelo prosseguimento do processo. Esse relatório precisa ser votado pelo plenário da Câmara.
Dos 513 parlamentares da Câmara, pelo menos 3/5 da Casa (342) precisam votar pelo prosseguimento em duas votações. Se passar, o processo vai para o Senado Federal. O Senado faz uma nova análise do caso e, por maioria simples, decide se haverá julgamento ou não. Se a maioria votar pela instauração do julgamento, o presidente da República é afastado do cargo e substituído pelo vice-presidente. O julgamento no Senado é a fase final do processo de impeachment. Para que o presidente seja condenado e perca o cargo, são necessários 2/3 dos votos, 54 de um total de 81.
Porém, o que vai guiar os posicionamentos dos parlamentares serão as próximas manifestações de rua que estão convocadas de forma unitária para os dias 3 de julho e 24 de julho e tem como as principais pautas a saída do presidente, a aceleração da vacinação, um auxílio emergencial digno, o fim da violência policial, a defesa dos povos indígenas com a não aprovação do PL 490 e contra as privatizações, em especial a dos Correios.
LUTA POPULAR – Manifestações no dia 19 de junho levaram 1 milhão de pessoas às ruas por todo país. (Foto: Jady Oliveira / A Verdade)
A força das ruas encaminhará nosso futuro
A Unidade Popular esteve presente no ato de entrega do pedido de impeachment com a participação do presidente nacional, Leonardo Péricles, que declarou: “O nosso povo não suporta mais esse governo, que após um ano de pandemia já foram registradas mais de 500 mil mortes por Covid. Grande parte dessas mortes não teriam acontecido se Bolsonaro, Mourão, os ministros militares, o segmento religioso reacionário e os banqueiros não tivessem negligenciado a compra de vacinas, enquanto ofereciam remédios inúteis para a doença e zombavam das mortes e das orientações sanitárias”.
A crise no país se agrava com o desemprego que atinge 14,4 milhões de trabalhadores, o pior número desde 2012. O auxílio emergencial deixou de ser R$ 600,00, valor que já era insuficiente para garantir a sobrevivência das famílias, para ser R$150,00 e, na imensa minoria das situações, R$ 375,00, além de ter sido cortado para milhões de brasileiros e brasileiras necessitados. Não bastasse, 59% das famílias não tem segurança alimentar, pois, a carestia, a ausência de emprego e a desigualdade social não permitem.
Recentemente, os nossos vizinhos nos ensinam que através de revoltas populares podemos mudar o curso da história, esse foi o caso na Colômbia com três meses de mobilizações nas ruas conseguiram derrotar a proposta de Reforma Tributária do governo neoliberal. O povo na Bolívia derrotou o golpe institucional com a significativa participação dos povos originários nesta luta e o Chile derrotou mais uma vez, a aprovação de medidas neoliberais no país.
Esses exemplos demonstram para nós brasileiros o verdadeiro significado da palavra “Poder popular” e suas conquistas. Sem dúvida nenhuma, esses acontecimentos trazem para o Brasil, novos ventos revolucionários para mudar nossas vidas e construirmos um país com igualdade, diversidade e justiça social. A luta continua e nos encontramos no dia 3 de julho nas ruas!
NÃO À PL 490 – O presidente da Unidade Popular, Leonardo Pericles, esteve em Brasília para a apresentação do Super Pedido de Impeachment e visitou e prestou solidariedade à luta dos indígenas contra a PL do Marco Temporal. (Foto: Emília Sirberstein / A Verdade)
Amaro Sérgio Azevedohttp://www.blogger.com/profile/12084137156900032941noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5623065810098984784.post-88380439957254254502021-07-22T18:36:00.006-03:002021-07-22T18:36:59.213-03:00O neoliberalismo e a extrema-direitaO neoliberalismo e a extrema-direita
por Prabhat Patnaik [*]
O império alinha os seus asseclas.Ultimamente tem havido um recrudescimento de partidos de extrema-direita, fascistas, semi-fascistas ou neo-fascistas em todo o mundo, de uma forma que lembra a década de 1930. Os governos fascistas servem invariavelmente os interesses do capital monopolista em geral, e da sua secção mais recente, menos "liberal" e mais reaccionária em particular, razão pela qual Georgi Dimitrov, presidente da Internacional Comunista, tinha, no seu Sétimo Congresso, caracterizado um Estado fascista como a "ditadura terrorista aberta da secção mais reaccionária do capital financeiro"; mas os movimentos fascistas desta era anterior haviam começado como movimentos contra o big business. Tendo adquirido um seguimento através da sua retórica anti- big business ou "direita radical", fizeram então uma aliança com o big business para chegarem ao poder e traíram os seus próprios seguidores. Hitler fez isto da forma mais sangrenta possível durante a chamada "noite das facas longas", quando o seu próprio associado mais próximo, Ernst Rohm, o chefe da SA, e uma série de outros nazis foram assassinados sob as suas ordens.
Os movimentos neo-fascistas e de extrema-direita contemporâneos diferem, no entanto, dos seus congéneres anteriores a este respeito: eles esquivam-se desde o início a qualquer retórica radical de direita. Não há diatribes deles contra o big business, não há tentativas da sua parte para aproveitar a ira legítima das pessoas contra um sistema que as mantém desempregadas. No contexto actual, claro, tal retórica anti- big business teria necessariamente de tomar a forma de um ataque às políticas económicas neoliberais, uma vez que estas políticas são a expressão perfeita da hegemonia do capital globalizado com o qual o big business interno está integrado. Mas os movimentos neo-fascistas e de extrema-direita contemporâneos por todo o mundo são ostensivos pelo seu silêncio e, por conseguinte, pelo seu endosso às políticas económicas neoliberais.
Em alguns casos há um apoio aberto e entusiástico, em oposição ao endosso tácito, a tais políticas desde o início, e à grande burguesia que está por detrás de tais políticas. Um exemplo importante disto é o BJP que se tornou próximo do big business e do capital globalizado sob Narendra Modi. De facto, a proximidade de Modi ao big business, quando ele era o principal ministro de Gujarat, foi o que levou o big business indiano a "adoptá-lo" abertamente após uma cimeira de investidores em Gujarat há alguns anos atrás e a promovê-lo com êxito como o próximo candidato a primeiro-ministro. Modi efectuou a aliança corporações-Hindutva que impulsionou a sua ascensão ao poder; e um aspecto crucial para forjar esta aliança foi a marginalização do Hindutva de frentes como o Swadeshi Jagaran Manch que anteriormente abraçou algum tipo de programa de direita radical. Uma vez no poder, Modi recompensou amplamente os seus apoiantes corporativos, não apenas através de contratos e acordos específicos (dos quais o acordo [dos aviões] Rafale é considerado como um exemplo primordial), ou através de legislação para reduzir os direitos dos trabalhadores e minar a independência do campesinato, mas através de um programa de privatização maciça de empresas do sector público. Ele justificou tudo isto com o argumento de que a grande burguesia constitui os "criadores de riqueza" da nação! Isto, ironicamente de acordo com ele, justifica entregar-lhes a riqueza da nação.
Mas, deixemos de lado o Modi que está na sua própria liga. Mesmo outros partidos de extrema direita no mundo, como a Liga do Norte de Matteo Salvini, na Itália, que inicialmente pareciam opor-se às políticas neoliberais, pelo menos no contexto da União Europeia, cuja expressão era a sua oposição à moeda comum Euro, agora acalmaram-se e aceitaram toda a gama de medidas económicas ortodoxas da UE.
Recentemente, o endosso do neoliberalismo por parte da extrema-direita na Europa foi expresso de modo formal por uma declaração conjunta de dezasseis partidos europeus de extrema-direita, os quais incluem o Fidesz de Victor Orban na Hungria, a Frente Nacional de Marine Le Pen em França, o Partido da Liberdade na Áustria, o Partido Lei e Justiça da Polónia, o Vox da Espanha e a Liga do Norte bem como o Irmãos da Itália daquele país. Nesta declaração não houve nem uma única palavra dedicada a questões de política económica (Thomas Fazi, The Delphi Initiative, July 9). A necessidade de preservar culturas nacionais dentro da Europa foi enfatizada, tal como a tradição judia-cristã daquele continente (acenada pela direita como um meio de atacar minorias religiosas); mas não houve menção a qualquer retirada da moeda comum ou a qualquer repúdio da imposição draconiana de austeridade sobre todo Estado-membro que está associada à moeda comum. É verdade que, neste momento, devido à pandemia, a UE suspendeu a rigorosa disciplina orçamental do seu Pacto de Estabilidade e Crescimento (PEC) e deu aos países membros alguma margem de manobra em matéria de défices orçamentais, mas esta suspensão supõe-se que seja apenas temporária; e a Comissão Europeia já declarou recentemente que o PEC estaria outra vez em vigor em 2023. A declaração dos partidos de extrema-direita não pede sequer um adiamento desta data alvo para a reimposição do PEC.
Levanta-se a questão: porque é que a extrema-direita se tornou tão mansa, tão acomodatícia em relação ao big business, mesmo antes de ter chegado ao poder na maior parte destes países? Porque difere a este respeito da sua anterior encarnação na década de 1930? A resposta básica a esta pergunta reside no facto de que, ao contrário da década de 1930, quando o capital financeiro de qualquer país, apesar de ter um alcance internacional, estava essencialmente enraizado na nação e apoiado pelo Estado-nação, o capital financeiro contemporâneo está globalizado. É um capital globalizado que confronta o Estado-nação. Para contrariar o neoliberalismo e a austeridade orçamental que invariavelmente implica, um país teria de sair da globalização que o envolve dentro de um turbilhão de fluxos financeiros globais e, assim, minar a autonomia orçamental do seu Estado. No contexto europeu isto significaria sair da União Europeia, uma vez que a UE é o instrumento através do qual se exprime a hegemonia do capital globalizado. O capital financeiro com origem em qualquer país particular opor-se-ia a tal saída uma vez que está integrado num sistema de capital financeiro globalizado. Uma agenda de saída teria portanto de ser baseada no apoio de outras classes, acima de tudo a classe trabalhadora – e a extrema-direita não é conhecida por representar ou promover os interesses da classe trabalhadora, apenas quer enganá-la.
As objecções à União Europeia provenientes da extrema-direita permanecem portanto confinadas a questões "culturais", as quais podem ser acomodadas sem qualquer ameaça à hegemonia do capital globalizado. Na verdade é de algum benefício para o capital globalizado pois comuta o discurso afastando-o de assuntos vitais, como desemprego e aflição económica, e confinando-o à "identidade nacional" e à ameaça à "tradição judia-cristã". Ele comuta o discurso para longe das questões materiais que afectam a classe trabalhadora e portanto serve os propósitos do capital globalizado.
No entanto, há um aspecto da aquiescência da extrema-direita quanto à hegemonia do capital globalizado que merece atenção. Para ultrapassar a crise de estagnação na qual o capitalismo metropolitano e portanto a economia capitalista mundial está apanhado, o presidente Joe Biden dos EUA tem advogado um ressuscitar de políticas keynesianas: ele anunciou um conjunto de medidas que aumentariam a despesa governamental consideravelmente e seria financiada através de um aumento no défice orçamental estado-unidense bem como de impostos sobre capitalistas (para os quais ele quer um acordo internacional acerca de uma taxa fiscal corporativa mínima). O êxito da agenda de Biden exige um mínimo de concordância de outros governos capitalistas quanto a uma agenda semelhante. Mesmo se todos os governos de países avançados concordassem numa agenda semelhante, a menos que também aos países do terceiro mundo fosse permitida autonomia orçamental, nomeadamente a libertação do estrangulamento da "austeridade", então a dicotomia entre um terceiro mundo "austero" e um primeiro mundo que persegue uma agenda estilo New Deal seria odiosa para o primeiro. Mas se mesmo o primeiro mundo não estiver de acordo sobre uma agenda expansionista keynesiana, então os EUA, por si sós, não conseguiriam sequer cumprir uma tal agenda.
Isto acontece porque se os EUA seguirem uma política keynesiana, a menos que se isolem completamente através de restrições à importação, aumentaria as importações de outros que não seguissem tal política, o que ampliaria o seu défice comercial em relação a eles. Os EUA estariam assim a gerar emprego noutros países ao mesmo tempo que ficariam em dívida para com eles (por atenderem o seu défice comercial), o que não pode durar muito tempo. Com a extrema-direita a aceitar a reimposição da austeridade orçamental na Europa, que teria o apoio de um espectro de partidos políticos do "establishment", e a esquerda europeia não suficientemente forte para resistir a tal austeridade, parece pouco provável que a Europa prossiga uma agenda ao estilo Biden, o que portanto significaria a persistência da submersão do capitalismo mundial na sua actual estagnação e crise.
18/Julho/2021
[*] Economista, indiano, ver Wikipedia
O orig Amaro Sérgio Azevedohttp://www.blogger.com/profile/12084137156900032941noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5623065810098984784.post-36916293629877416492021-07-15T09:11:00.004-03:002021-07-15T09:11:29.317-03:00cubanos estão a pagar pelo bloqueioOs EUA tentam aproveitar-se do preço que os cubanos estão a pagar pelo bloqueio e pela pandemia
por Manolo de los Santos [*]
e Vijay Prashad [**]
Tal como todos os outros países do planeta, Cuba está a lutar com o impacto do COVID-19. Esta pequena ilha de 11 milhões de pessoa criou cinco vacinas candidatas e enviou seus trabalhadores médicos, através da Brigada Médica Internacional Henry Reeve, para cuidar de pessoas por todo o mundo. Enquanto isso, os EUA endurecem um bloqueio cruel e ilegal da ilha, um sítio medieval que tem vigorado durante seis décadas. Em Abril/2020, sete relatores especiais das Nações Unidas escreveram uma carta aberta ao governo dos EUA acerca do bloqueio. "Na emergência pandémica", escreveram, "a falta de vontade do governo estado-unidense para suspender sanções pode levar a um mais alto risco de sofrimento em Cuba e outros países atingidos pelas suas sanções". Estes relatores especiais notaram os "riscos para o direito à vida, saúde e outros direitos críticos das secções mais vulneráveis da população cubana".
Independent Media Institute
No dia 12/Julho/2021 o presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, disse numa conferência de imprensa que Cuba enfrentava grave escassez de alimentos e medicamentos. "Qual é a origem de todas estas questões?", perguntou. A resposta, ele disse, "é o bloqueio". Se o bloqueio imposto pelos EUA terminasse, muitos dos grandes desafios enfrentados por Cuba seriam levantados. Naturalmente, há outros desafios, tais como o colapso do sector do turismo devido à pandemia. Ambos os problemas – a pandemia e o bloqueio – agravaram os desafios para o povo cubano. A pandemia é um problema agora enfrentado por povos de todo o mundo; o bloqueio imposto pelos EUA é um problema unicamente de Cuba (bem como de cerca de 30 outros países atingidos por sanções unilaterais estado-unidenses).
Protestos
Em 11/Julho, pessoas em várias partes de Cuba – tais como San Antonio de los Baños – tomaram as ruas para protestar pela crise social. Frustração acerca da falta de mercadorias em lojas e um aumento de infecções do COVID-19 pareciam motivar os protestos. O presidente Díaz-Canel disse que a maior parte destas pessoas estão "insatisfeitas", mas que a sua insatisfação é alimentada por "confusão, equívocos, falta de informação e o desejo de exprimir uma situação particular".
Na manhã de 12/Julho, o presidente Joe Biden apressadamente publicou uma declaração com fedor de hipocrisia. "Nós apoiamos o povo cubano", disse Biden, "e seu toque de clarim pela liberdade". Se o governo dos EUA realmente se importasse com o povo cubano, então a administração Biden deveria no mínimo retirar as 243 medidas coercivas unilaterais implementadas pela presidência de Donald Trump antes de abandonar o cargo em Janeiro/2021. Biden – ao contrário das suas próprias promessas de campanha – não começou o processo para reverter a designação de Trump de Cuba como um "estado patrocinador do terrorismo". Em 9/Março/2021 a porta-voz de Biden, Jen Psaki, disse: "Uma mudança de política quanto a Cuba não está actualmente entre as prioridades de topo do presidente Biden". Mais exactamente, a política de "máxima pressão" de Trump destinada a derrubar o governo cubano permanece intacta.
Os EUA têm uma história de seis décadas de tentativas de derrube do governo cubano, incluindo a utilização de assassínios e invasões como sua política. Em anos recentes, o governo estado-unidense aumentou seu apoio financeiro a pessoas dentro de Cuba e à comunidade cubana emigrada em Miami, Florida. Uma parte deste dinheiro vem directamente da National Endowment for Democracy e da USAID . O seu mandato é acelerar qualquer insatisfação dentro de Cuba num desafio político à Revolução Cubana.
Em 23/Junho, o ministro cubano dos Negócios Estrangeiros, Bruno Rodríguez, disse que "as medidas de Trump permanecem inteiramente em vigor". Elas modelam a "conduta da actual administração dos EUA precisamente durante os meses nos quais Cuba tem experimentado as mais altas taxas de infecção, a mais alta mortalidade e o mais alto custo económico associado à pandemia do COVID-19".
Custo da pandemia
Em 12/Julho, Alejandro Gil Fernández, ministro cubano da Economia e Planificação, falou à imprensa acerca das despesas com a pandemia. Em 2020, disse ele, o governo gastou US$102 milhões com reagentes, equipamento médico, equipamento de protecção e outros materiais. No primeiro semestre de 2021, o governo gastou US$82 milhões com esta espécie de materiais. Isto é moeda que Cuba não esperava gastar – moeda que ela não tem em consequência do colapso do sector do turismo.
"Temos poupado recursos para enfrentar o COVID-19", disse Fernández. Os pacientes com COVID-19 são colocados em hospitais, onde o seu tratamento custa ao país US$180 por dia; se precisarem de cuidados intensivos, o custo diário é de US$550. "A ninguém em cobrado um centavo pelo tratamento", relatou Fernández.
O governo socialista em Cuba carrega nos ombros a responsabilidade dos cuidados médicos e da segurança social. Apesar dos graves desafios para a economia, o governo garante salários, compra medicamentos e distribui alimentos bem como electricidade e água canalizada. Esta é a razão porque o governo acrescentou US$2,4 mil milhões à sua já considerável dívida pendente. Em Junho, o vice-primeiro-ministro Ricardo Cabrisas Ruíz encontrou-se com o ministro francês da Economia e Finanças, Le Maire, para discutir as consequências económicas da pandemia do COVID-19. A França, que administra a dívida de Cuba para com credores públicos no Clube de Paris, dirige o esforço para atenuar os pedidos de Havana quanto ao serviço da dívida.
Custos do bloqueio
Em 23/Junho, 184 países na Assembleia-Geral da ONU votaram pelo fim do bloqueio estado-unidense imposta a Cuba. Durante a discussão acerca do voto , o ministro Rodríguez dos Negócios Estrangeiros relatou que entre Abril/2019 e Dezembro/2020 o governo perdeu US$9,1 mil milhões devido ao bloqueio (US$436 milhões por mês). "A preços correntes", disse ele, "os danos acumulados em seis décadas montam a mais de U$147,8 mil milhões e, contra o preço do ouro, monta a mais de US$1,3 milhão de milhões".
Se o bloqueio fosse levantado, Cuba seria capaz de ultrapassar seus grandes desafios financeiros e utilizar os recursos para afastar-se da sua dependência do turismo. "Estamos com o povo cubano", disse Biden; em Havana, a frase é ouvida de modo diferente pois soa como Biden a dizer "Estamos sobre o povo cubano".
O primeiro-ministro de Cuba, Manuel Marrero Cruz, disse que aqueles que foram às ruas em 11/Julho "clamaram por intervenção estrangeira e disseram que a Revolução [Cubana] estava em queda. Eles nunca desfrutarão de tal esperança", disse ele. Em resposta àqueles protestos anti-governamentais, as ruas de Cuba encheram-se com dezenas de milhares de pessoas com bandeiras cubanas e bandeiras do Movimento 26 de Julho, da Revolução Cubana. "O povo respondeu e defendeu a revolução", afirmou Cruz.
14/Julho/2021
[*] Manolo de los Santos: Investigador e activista político. Em 2018 fundou e dirige o People's Forum em Nova York. Colabora com o Tricontinental: Institute for Social Research e com o Globetrotter/Peoples Dispatch.
[**] Vijay Prashad: historiador, editor e jornalista, indiano. É o editor-chefe de LeftWord Books e editor do Tricontinental: Institute for Social Research . Colabora no Chongyang Institute for Financial Studies , da Renmin University of China. Escreveu mais de 20 livros .
O original encontra-se em www.pressenza.com/...
Este artigo encontra-se em https://resistir.info/ .
Amaro Sérgio Azevedohttp://www.blogger.com/profile/12084137156900032941noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5623065810098984784.post-34909435862715380952021-07-04T14:08:00.002-03:002021-07-04T14:08:13.194-03:00O que representa o Super Pedido de Impeachment de Bolsonaro?O que representa o Super Pedido de Impeachment de Bolsonaro?
1 de julho de 2021
Categoria: Brasil, Últimas Notícias
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CORRUPÇÃO – Governo Bolsonaro cobrou propina de vendedor para viabilizar compra de doses de vacina. (Foto: Emília Sirberstein / A Verdade)
Claudiane Lopes
Jornalista de A Verdade
BRASIL – Depois de várias denúncias na CPI da Covid-19, o governo da morte sofreu mais uma derrota nesta quarta-feira, dia 30 de junho, com “Super Pedido de impeachment” contra o presidente Jair Bolsonaro, apresentado na Câmara dos Deputados. Ao todo, o documento é assinado por 46 parlamentares, entidades, sindicatos, partidos políticos, movimentos populares e indígenas que tem mais de 200 páginas e aponta 23 crimes cometidos pelo chefe do Planalto, relacionados a atentados contra instituições e a negligências na saúde.
Até agora são mais de 100 pedidos de impeachment protocolados na Câmara, todos ignorados por Arthur Lira (PP-AL), presidente da Casa. A gota d’água para este pedido de impeachment unificado a revelação do pedido de propina de US$ 1,00 por cada uma das 200 milhões de doses, denunciado por um vendedor de vacina. Ou seja, Bolsonaro e sua cúpula cobraram 1 bilhão de reais em propina para viabilizar compra de vacinas.
O lobista preso pela Polícia Federal, Sílvio Assis, e o líder do governo Bolsonaro, Ricardo Barros, ofereceram US$ 1,2 milhão em propina para Luís Miranda não atrapalhar o esquema de compra da vacina indiana Covaxin, sendo esse o maior esquema de corrupção da história do Brasil.
A lista de transgressões às leis é longa, são 57 atitudes criminosas previstas na Lei do Impeachment cometidas por Bolsonaro durante seu mandato. Os crimes estão divididos em sete categorias:
Crimes contra a existência da União;
Crimes contra o livre exercício dos poderes legislativo e judiciário e dos poderes; constitucionais dos estados;
Crimes contra o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais;
Crimes contra a segurança interna;
Crimes contra a probidade na administração;
Crimes contra a guarda e legal emprego de dinheiro público;
Crimes contra o cumprimento de decisões do Judiciário.
Mas com a pressão popular iniciada com as manifestações no dia 13 e 29 de maio e no dia 19 de junho, o governo fascista Bolsonaro e os militares estão cada vez mais encurralados. Mesmo após as denúncias de corrupção desde o início do seu governo vem ocorrendo na mídia, podemos afirmar que a força do povo nas ruas em plena pandemia foram, e são, pré-requisitos fundamentais para a saída do poder de Bolsonaro.
GOVERNO DA MORTE – No Rio de Janeiro manifestante carrega cartazes em ato pelo Fora Bolsonaro. (Foto: Vitor Viana / A Verdade)
Quais são os próximos passos?
Depois de protocolado o pedido de impeachment, ele será analisado pelo presidente da Câmara que pode arquivar ou encaminhar o pedido para o plenário. São 122 pedidos apresentados, 116 ainda não foram apreciados, e seis já foram arquivados. Depois da avaliação do presidente, o próximo passo é a criação de uma comissão especial responsável pelo prosseguimento do processo. Esse relatório precisa ser votado pelo plenário da Câmara.
Dos 513 parlamentares da Câmara, pelo menos 3/5 da Casa (342) precisam votar pelo prosseguimento em duas votações. Se passar, o processo vai para o Senado Federal. O Senado faz uma nova análise do caso e, por maioria simples, decide se haverá julgamento ou não. Se a maioria votar pela instauração do julgamento, o presidente da República é afastado do cargo e substituído pelo vice-presidente. O julgamento no Senado é a fase final do processo de impeachment. Para que o presidente seja condenado e perca o cargo, são necessários 2/3 dos votos, 54 de um total de 81.
Porém, o que vai guiar os posicionamentos dos parlamentares serão as próximas manifestações de rua que estão convocadas de forma unitária para os dias 3 de julho e 24 de julho e tem como as principais pautas a saída do presidente, a aceleração da vacinação, um auxílio emergencial digno, o fim da violência policial, a defesa dos povos indígenas com a não aprovação do PL 490 e contra as privatizações, em especial a dos Correios.
LUTA POPULAR – Manifestações no dia 19 de junho levaram 1 milhão de pessoas às ruas por todo país. (Foto: Jady Oliveira / A Verdade)
A força das ruas encaminhará nosso futuro
A Unidade Popular esteve presente no ato de entrega do pedido de impeachment com a participação do presidente nacional, Leonardo Péricles, que declarou: “O nosso povo não suporta mais esse governo, que após um ano de pandemia já foram registradas mais de 500 mil mortes por Covid. Grande parte dessas mortes não teriam acontecido se Bolsonaro, Mourão, os ministros militares, o segmento religioso reacionário e os banqueiros não tivessem negligenciado a compra de vacinas, enquanto ofereciam remédios inúteis para a doença e zombavam das mortes e das orientações sanitárias”.
A crise no país se agrava com o desemprego que atinge 14,4 milhões de trabalhadores, o pior número desde 2012. O auxílio emergencial deixou de ser R$ 600,00, valor que já era insuficiente para garantir a sobrevivência das famílias, para ser R$150,00 e, na imensa minoria das situações, R$ 375,00, além de ter sido cortado para milhões de brasileiros e brasileiras necessitados. Não bastasse, 59% das famílias não tem segurança alimentar, pois, a carestia, a ausência de emprego e a desigualdade social não permitem.
Recentemente, os nossos vizinhos nos ensinam que através de revoltas populares podemos mudar o curso da história, esse foi o caso na Colômbia com três meses de mobilizações nas ruas conseguiram derrotar a proposta de Reforma Tributária do governo neoliberal. O povo na Bolívia derrotou o golpe institucional com a significativa participação dos povos originários nesta luta e o Chile derrotou mais uma vez, a aprovação de medidas neoliberais no país.
Esses exemplos demonstram para nós brasileiros o verdadeiro significado da palavra “Poder popular” e suas conquistas. Sem dúvida nenhuma, esses acontecimentos trazem para o Brasil, novos ventos revolucionários para mudar nossas vidas e construirmos um país com igualdade, diversidade e justiça social. A luta continua e nos encontramos no dia 3 de julho nas ruas!
NÃO À PL 490 – O presidente da Unidade Popular, Leonardo Pericles, esteve em Brasília para a apresentação do Super Pedido de Impeachment e visitou e prestou solidariedade à luta dos indígenas contra a PL do Marco Temporal. (Foto: Emília Sirberstein / A Verdade)
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Jair Bolsonaro se manifestou sobre o encontro com William Burns e criticou as democracias da Argentina, da Bolívia, do Chile e da Venezuela
2 de julho de 2021, 18:46 h Atualizado em 2 de julho de 2021, 19:03
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William J. Burns e Jair Bolsonaro
William J. Burns e Jair Bolsonaro (Foto: Reuters)
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247 - Em conversa com apoiadores nesta sexta-feira (2), Jair Bolsonaro falou sobre o encontro com o diretor da CIA, William J. Burns, que veio ao Brasil sem divulgação sobre o objetivo da visita.
Também sem dar detalhes, Bolsonaro disse ter conversado "muito" com Burns "reservadamente".
O chefe do governo brasileiro disse que "ninguém vive mais isolado, nem vocês", em referência aos apoiadores com quem dialogava. "É bom interagir com o vizinho, com o cara da frente, no seu serviço, trabalho, e eu interajo com vários países aqui".
Depois de soltar a frase: "não vou dizer que isso foi tratado com ele [Burns]", Bolsonaro passou a falar do cenário político da América do Sul. "A gente analisa como estão as coisas. Na Venezuela o pessoal não aguenta mais falar, mas olha a Argentina. Para onde está indo o Chile. O que aconteceu na Bolívia? Voltou a turma do Evo Morales e mais ainda: a presidente que estava lá com um mandato tampão está presa, acusada de atos antidemocráticos. Estão sentindo alguma semelhança com o Brasil? Agora, com todo respeito a vocês, vocês são uma força, mas não decidem", disse o chefe do Executivo.
O historiador Fernando Horta disse à TV 247 que Bolsonaro negociou com a CIA apoio dos Estados Unidos à tentativa de golpe de Estado que fará em 2022, nos moldes do que ocorreu na Bolívia.
Especialista em Relações Internacionais, Marcelo Zero diz que Burns veio ao Brasil 'aprofundar as redes dos EUA com sistemas de inteligência de aliados'. "Burns vai aprofundar o relacionamento da CIA com outros sistemas de inteligência, de modo a inseri-los mais intensamente na geoestratégia dos EUA e propiciar sinergias para a contenção dos 'Estados autocráticos'".
Bolsonaro fala sobre a visita da CIA como funcionário dos Estados Unidos e inimigo dos países vizinhos, como Argentina, Chile, Venezuela e Bolívia. pic.twitter.com/eClu2sKjtf
— Leonardo Attuch (@AttuchLeonardo) July 2, 2021
Inscreva-se no canal de cortes da TV 247 e saiba mais: Amaro Sérgio Azevedohttp://www.blogger.com/profile/12084137156900032941noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5623065810098984784.post-4505284860149967632021-06-03T08:27:00.003-03:002021-06-03T08:27:19.577-03:00Utilidade e preferencias: De Bentham a ParetoUtilidade e preferencias: De Bentham a Pareto
por José C. Valenzuela Feijóo [*]
Jeremy Bentham, 1748-1832.I – A moralidade cristã e feudal
II – Bentham: a moral utilitarista da burguesia em ascensão
III – A reação conservadora: o ótimo de Pareto
I – A moralidade cristã e feudal.
O princípio unificador da teoria neoclássica é a busca da maior utilidade possível nas operações realizadas pelos agentes económicos. [1] Estes são entendidos como agentes maximizadores. Mas o que é maximizado? O que é denotado pela palavra utilidade? Para melhor responder, convém rastrear o que está na origem destas noções.
A partir do Renascimento, desenvolveu-se uma postura que ganhou especial força no século XVIII. Basicamente, trata-se de reivindicar para o ser humano o seu direito à felicidade neste mundo. Em relação ao período anterior – o medieval – o que foi indicado representa uma viragem copernicana. Na cultura medieval-feudal, os seres humanos recebem um papel não alto e bastante deprimente: são anjos caídos, meio anjo e meio animal: "o homem é algo no meio (...) entre bestas e anjos por ser um animal racional e mortal; sendo os anjos racionais e imortais e as bestas animais irracionais mortais; portanto, tendo os seres humanos em comum a razão com os anjos e a mortalidade com os animais”. [2]
São Tomás de Aquino fala de um "composto de alma e corpo", no qual o último é matéria corruptível e desprezível e a primeira imagem de Deus. Daí a angústia de Santo Anselmo: "Oh, desgraçada sorte do homem, quando perdeu aquilo para que foi feito. (...) Infelizmente, de onde fomos expulsos, para onde fomos expulsos! De onde corremos, de onde caímos! Da pátria ao exílio, da visão de Deus à nossa cegueira. Da alegria da imortalidade à amargura e ao horror da morte. Movimento triste! De quanto bom a quanto ruim!" [3]
De forma análoga, entende-se que a vida nada mais é do que uma dolorosa transição para a eventual felicidade que poderá ser alcançada post-mortem. O homem pecou, foi expulso do paraíso e deve expiar seus pecados. A terra coloca-o à prova e se ele cumprir certos requisitos, pode aspirar à vida eterna, à felicidade cristã. Isso – felicidade – não é típico deste mundo. A doutrina remete para o além. O teólogo Quesnel assinalou que "a vida tem muito pouca importância para que valha a pena mudar de estado quando não somos impelidos a fazê-lo por uma ordem de Deus". Acrescentando, num parágrafo de extremo servilismo, que "a natureza adora expandir-se e espalhar-se; o espírito de Jesus Cristo leva-nos a estreitar-nos e a conter-nos na nossa pequenez (...). Feliz aquele que gosta de ficar abatido" [4] Nicole, outro teólogo francês, estende essa visão à história e aponta que "o curso dos séculos, que abrange a vida de todos os cristãos e de todos os homens em geral, é apenas um grande enterro" [5]
II- Bentham: a moral utilitarista da burguesia em ascensão.
A expansão da forma mercadoria vai minando cada vez mais aqueles princípios. O Renascimento, entre outras coisas, descobre a beleza e a dignidade do corpo humano, retoma os clássicos greco-latinos. Um pouco mais tarde, o Iluminismo francês clama pela libertação do homem. Como escreveu De La Mettrie, "a vida não é apenas suportável, mas também cheia de atrativos" e como depois da vida não há nada, o ser humano "deve sentir que vai perder tudo com a vida" [6] E aponta sem rodeios: "Quem encontrou a felicidade encontrou tudo" [7] O grande Diderot não foi menos contundente: "só há um dever: ser feliz; só existe uma virtude: a justiça" [8] Na Alemanha, Kant aponta que "a saída do homem do paraíso" supõe "o abandono da orientação pelo instinto pela orientação pela razão", acrescentando que "o destino das espécies (...) consiste em progredir em direção à perfeição" [9]
Na Inglaterra, também se desenrolam as críticas à velha ideologia e o impulso da nova ideologia burguesa. Mas aqui, sob a filosofia utilitarista de Bentham e James Mill (pai de John Stuart Mill), o objetivo da felicidade é realizado numa direção sugestiva. Bentham, o líder do utilitarismo inglês, apresenta com grande franqueza as chaves da doutrina: "no curso geral da existência, em cada coração humano, o interesse da auto-consideração prevalece sobre todos os outros como um todo" [10] Também: "Todo ser humano está inclinado a seguir a linha de conduta que, na sua avaliação imediata, contribuirá no grau mais elevado para o máximo da sua própria felicidade, qualquer que seja o seu efeito em relação à felicidade de outros seres semelhantes, de um ou de todos eles juntos" [11] .
Consequentemente, "somente por um sentido de interesse, pela eventual expectativa de prazer ou dor, é que o comportamento humano pode ser influenciado em cada caso" [12] Segundo nosso autor, o interesse comum ou coletivo não tem relação com isso: "todo grupo de homens é totalmente regido pelo conceito de qual é o seu interesse no sentido mais estrito e egoísta da palavra interesse; nunca por qualquer consideração pelo interesse do povo" [13] Como Mill apontou, "a ideia de mundo de Bentham é a de um grupo de pessoas, cada uma buscando seu próprio interesse ou prazer único" [14] .
Os leitores de Smith lembrarão imediatamente a sua famosa declaração: "Não é a benemerência do açougueiro, do cervejeiro ou do padeiro que nos fornece comida, mas a consideração de seus próprios interesses. Não invocamos seus sentimentos humanitários, mas seu egoísmo; não lhes falamos sobre as nossas necessidades, mas sobre as suas vantagens" [15] Ao que, acrescenta Smith, o bem comum acaba por ser favorecido: cada empresário procura "o seu próprio interesse, não o da sociedade; mas esses mesmos esforços em seu próprio benefício, o inclinam a preferir, de maneira natural, ou melhor, necessária, o trabalho mais útil à sociedade como tal" [16] Resumindo: "ele é conduzido por uma mão invisível para promover um fim que não entrava nas suas intenções" [17] .
Continuando o nosso percurso por Bentham. Do acima exposto, segue-se uma dedução que parece bastante lógica: para Bentham, "o sistema económico que é construído sobre qualquer outra base (o do egoísmo, JVF) é construído sobre uma base falsa" [18] . Noutro passo argumenta que uma economia de mercado é o sistema económico mais congruente com tal princípio, o do interesse egoísta.
De passagem, encontramos aqui uma inversão muito típica da ordem dos fatores. Em vez de se deduzirem os princípios morais das exigências de comportamento colocadas pela estrutura social, parte-se de princípios (aparentemente inatos) para deduzir a estrutura económica apropriada, consistente com o princípio moral do egoísmo pessoal. Há ainda uma terceira etapa: numa economia de mercado o dinheiro desempenha um papel vital, para Bentham, "o dinheiro é de onde vem a parte principal dos prazeres do homem e é o único que pode ser calculado" [19] Por outras palavras, "o dinheiro (...) é a medida mais precisa da quantidade de dor ou prazer que qualquer homem pode receber" [20]
Portanto, temos: o interesse egoísta traduz-se na busca do prazer, da utilidade. E este, por sua vez, materializa-se ou concretiza-se em termos de obtenção de dinheiro, da maior quantidade possível de dinheiro. Resumindo, terminamos num comportamento em que a busca de dinheiro é o fim básico da vida. Isto pode parecer escandaloso, porque não coincide com os valores que regulam o comportamento de outras classes noutras fases da história: feudalistas, esclavagistas, camponesas, etc. Ou porque é desconfortável ou deselegante aceitar e reconhecer que essas são as motivações que regulam o comportamento. Mas não pode haver dúvida de que essa é a motivação fundamental e reguladora do comportamento dos capitalistas. Ou seja, a identificação que na teoria se faz entre a maximização da utilidade e a maximização do rendimento monetário equivale a transformar a lógica do capital em princípio norteador das atividades económicas. No qual, é conveniente distinguir entre o motivo atuante e a estrutura social que causa essas motivações.
Como assinalou Marx, "a circulação do dinheiro como capital tem seu fim em si mesma, pois a valorização do valor só ocorre nesse processo constantemente renovado. O movimento do capital é, portanto, incessante" [21] . Marx refere-se ao famoso ciclo do capital, D-M-D' no qual (D' - D = mais-valia > 0). Esta é a lógica ou movimento económico objetivo, ao qual quem exerce o papel social de capitalista se deve subordinar: "como agente consciente desse movimento, o possuidor de dinheiro torna-se capitalista (...); o conteúdo objetivo desse processo de circulação – a valorização do valor – é o seu fim subjetivo, e ele só atua como capitalista, como capital personificado, dotado de consciência e vontade, na medida em que suas operações não têm outro motivo motriz que não a apropriação progressiva da riqueza abstrata. O valor de uso nunca pode ser considerado o fim direto do capitalista. Nem o lucro isolado, mas o apetite insaciável de ganhar" [22]
No contexto da época, esta identificação assume uma conotação progressista:
i) rejeita abruptamente a mensagem clerical e autoflagelante associada ao Antigo Regime. Por outras palavras, funciona como uma reivindicação da liberdade dos humanos e seu direito de buscar a felicidade aqui na terra;
ii) ajuda o modo de produção capitalista na sua luta para deslocar a ordem feudal: funciona, consequentemente, como motor do progresso histórico.
Além do seu tom político é o valor teórico da hipótese, goste-se ou não em termos morais: ela simplesmente capta um fenómeno real, o da lógica do capital. Aspeto que já se havia tornado dominante na Inglaterra dos séculos XVIII e XIX.
Antes de continuar, e para melhor se compreender o que acabamos de indicar, é útil introduzir um pequeno parêntese. Economistas – particularmente os neoclássicos – frequentemente escrevem sub-specie aeternitatis (do ponto de vista da eternidade). E quando leem, eles o fazem com lentes semelhantes. Com isso, perde-se por completo todo o contexto histórico-social no qual emergem e adquirem pleno sentido conceitos e teorias. Ou seja, deixamos de notar a mensagem implícita que acompanha essas doutrinas.
Em toda a escrita, científica ou não, há sempre múltiplas referências implícitas (que no momento em que são escritas parecem tão óbvias que não exigem uma discussão ou advertência explícita). Isso pode ser inevitável, mas se não formos capazes de perceber o que está implícito, a eventual riqueza dessas categorias perde-se ou dilui-se in-extremis. Pior ainda, o leitor inconscientemente passa a substituir aquela mensagem pela sua própria, a do seu tempo, o que geralmente faz sem o perceber, acabando por gerar mal-entendidos que, às vezes, são de ordem superior. E quando se trata de "utilidade" (prazer, felicidade etc), esses riscos geralmente são assumidos. Em suma, a utilidade dos clássicos e utilitaristas (que geralmente são os mesmos) pode ser bem diferente daquela que os marginalistas (de Jevons em diante) virão mais tarde a tratar.
Pois bem, Bentham declara que "minha noção do homem é a de um ser que anseia pela felicidade" [23] . Daí o que ele chama de "princípio da utilidade", segundo o qual tais ou tais ações devem ser aprovadas ou rejeitadas na medida que aumentam ou diminuem a felicidade dos envolvidos. Nosso autor claramente enquadra-se nas categorias do iluminismo. E vale a pena enfatizar: nos iluminados e primeiros utilitaristas, os da fase da ascensão histórica da burguesia, a reivindicação de felicidade ("utilidade") é uma reivindicação laica e nada neutra. Rejeitando a cultura feudal – daí as "preferências" que essa configuração cultural determinou – e, ao mesmo tempo, substituindo-a pelos valores da nova classe, da burguesia na sua fase histórica ascendente. Nisso, Bentham é explícito, contrastando diretamente o seu princípio de utilidade com aquele que chama de "princípio do ascetismo", que rejeita o prazer, é baseado no medo e é impulsionado pelo "partido religioso" [24] . Temos aqui, um utilitarismo militante [25]
Na nota de Myrdal, "O utilitarismo foi uma doutrina revolucionária, não apenas na teoria, mas também na prática. Os benthamistas são conhecidos como "filósofos radicais". E eles eram muito radicais em todos os sentidos, exceto nas suas opiniões sobre a propriedade. Eram anticlericais e passaram a ser considerados inimigos da religião. Lutaram por reformas no direito humanitário, especialmente no direito penal. Defenderam reformas educacionais. Criticaram, embora nem sempre com consistência, o imperialismo colonial e defenderam a limitação dos armamentos. Suas exigências de liberdade de expressão e reunião, direitos das mulheres, etc, eram certamente radicais para a época. O seu interesse por reformas estendeu-se a quase todas as esferas sociais. Apenas a propriedade era sacrossanta" [26] .
Vale então comentar: com os atuais critérios neoclássicos, rejeitar o padrão cultural feudal seria entendido como uma intrusão normativa, inadequada para uma abordagem científica e "positiva" (no sentido de Friedman). Isso porque a ciência é e deve ser neutra. Pelo mesmo motivo, deve limitar-se a registar as preferências dos consumidores, como são e nada mais. O que significa também que, se esses consumidores não buscam a felicidade terrena, parece que passam a infringir o postulado da racionalidade e também outro: que os seres humanos procuram ser felizes.
Porém, a teoria busca uma saída e encontra-a em termos um tanto "curiosos": afirma que se essas são as preferências e se as escolhas são congruentes, esses grupos "maximizam a sua utilidade". Da mesma forma, se alguém lembrar que há pessoas que optam por consumir drogas, álcool e similares, mesmo que esses "bens" (ou "males") os levem para o hospital ou o cemitério, terá que nos dizer que isso é de grupos que concedem uma utilidade muito alta à morte [27] e uma utilidade muito baixa a coisas muito terrenas como comida, roupas, etc. Como assinalou Menger, "o valor (...) é um juízo dos agentes económicos sobre o significado dos bens à sua disposição para a preservação de sua vida e bem-estar e, portanto, não existe fora de sua consciência" [28] .
O problema subjacente é o da racionalidade dos fins, algo que envolve problemas que escapam à perspetiva neoclássica. Isso toma as externalidades como um dado exógeno que os economistas teóricos não deveriam discutir. Como Robbins indicou num texto clássico, "a economia é inteiramente neutra em relação aos fins (...) Os fins como tal não interessam à economia" [29] . Uma posição que ainda é mantida hoje: "os economistas não podem julgar por si sós se os objetivos de um indivíduo são sensatos ou razoáveis, eles só podem dizer se um indivíduo está ou não a tentar alcançar os seus objetivos de uma forma razoável" [30] .
Porém, se a preocupação é com a felicidade, como é o caso dos clássicos e utilitaristas, a racionalidade dos fins é vital. Contudo, se a preocupação é respeitar as preferências subjetivas, a discussão sobre os fins perde sentido. Assim, o que importa é a adequação dos meios aos fins. Mas como estes são definidos pela ideologia dominante – que, por sua vez, responde aos interesses da classe dominante – a teoria começa a transformar-se, passando da explicação crítica para a justificação do status quo.
Voltemos a Bentham. Em questões de teoria económica, sua contribuição é menor. Mais interessantes são as suas dissertações sobre política económica e seus comentários surpreendentes – pelo seu lado crítico – sobre a política colonial e o que a periferia deveria promover. Mas antes de tudo, Bentham foi um filósofo e um grande ativista político-moral. Nesse sentido, pode dizer-se que pertence àquele grupo de personagens que devem ser julgados mais pela "expressividade" e influência de seus escritos do que por seu rigor analítico e capacidade de explicar em profundidade os processos económicos subjacentes: Bentham está a anos-luz de Ricardo no plano da boa teoria, mas sua influência prática foi semelhante, senão maior.
Bentham aponta que a utilidade (dores e prazeres) pode ser medida pelo dinheiro: "dinheiro (...) é a medida mais precisa da quantidade de dor ou prazer que qualquer homem pode receber" [31] . Se aceitarmos este critério, devemos exigir que a utilidade marginal do dinheiro seja constante. Caso contrário teríamos uma unidade de conta que seria tremendamente variável e que, pelo mesmo motivo, anularia todas as comparações e medidas possíveis. Isso, para começar. Por outro lado, o nosso autor tende a apontar que a utilidade marginal da moeda é decrescente (à semelhança do que ocorre com o consumo dos bens mais comuns).
Uma hipótese contradiz a outra e indica um aspeto de incoerência teórico-formal que podemos encontrar em Bentham. Além de que, a este respeito, ele posiciona-se claramente na perspetiva do consumidor e abandona a do produtor capitalista com sua sede insaciável de dinheiro. Junto com isto, temos uma abordagem, que deriva quase diretamente daquela, que postula uma utilidade marginal decrescente do dinheiro: para os muito ricos, uma unidade adicional de rendimento monetário representará um aumento relativamente insignificante do seu bem-estar ou utilidade. O oposto acontece com os mais pobres: mais uma unidade monetária causa um aumento significativo do seu bem-estar ou utilidade.
Teremos assim uma situação segundo a qual se certa quantidade de rendimento dado aos mais pobres for retirada aos mais ricos, a menor utilidade ou felicidade dos mais ricos será mais do que compensada pela maior utilidade dos menos ricos. Consequentemente, a utilidade geral da sociedade aumentará. Em suma, utilitaristas como Bentham tinham um desejo igualitário claro [32] . É, na expressão de Joan Robinson, uma "moralidade igualitária".
III – A reação conservadora: o ótimo de Pareto.
Vilfredo Pareto, 1848-1923.Naquele contexto, as diversas utilidades individuais supõem-se comparáveis, e o que será chamado de "ótimo de Pareto" é deixado de lado. Lembremos que, para este importante neoclássico (que foi parlamentar de Mussolini), as utilidades individuais não são comparáveis e, consequentemente, o cálculo ou aritmética redistributiva benthamista deve ser rejeitado. O ótimo, nesta nova perspetiva, supõe que a condição de uns pode ser melhorada sem piorar a de outros. Com o que uma ótica ultraconservadora é assumida.
O "consenso de Pareto" (melhorar alguns sem prejudicar ninguém), tende a congelar a situação atual, por mais desigual que seja. Como Hunt apontou, são muito raras as situações relevantes em que a situação de alguns pode ser melhorada sem piorar a de outros. Por isso, o alcance de aplicabilidade do princípio de Pareto é mínimo: "num mundo de conflitos de classes, de imperialismo, exploração, alienação, racismo, sexismo e tantos outros conflitos, onde estão as mudanças que podem melhorar a sorte de alguns sem tornar outros piores? Melhore-se a condição do oprimido e irá piorar a situação do opressor (de acordo com a perceção do opressor, é claro)" [33] .
Por outras palavras, pelo critério de Pareto, o direito de veto exercido pelos de cima é legitimado. Melhorar a sorte dos que estão abaixo é aceite, desde que a sorte dos que estão por cima não seja afetada. Certamente, surge também a questão: quem decide se os que estão por cima são ou não afetados? A resposta é clara: são os que estão no topo que decidem. No final das contas, temos apenas as esmolas de quem está por cima, seja pela via familiar-pessoal ou pelo Estado (em que as decisões sobre os gastos do Estado também são controladas pelos que estão por cima), passam a ser as únicas que não fariam violar o infame "ótimo" de Pareto .
Atualmente, na América Latina, em grande parte dominada pelo neoliberalismo, fala-se muito (só conversa) sobre as políticas de combate à pobreza extrema. São as tentativas do sistema para conseguir um mínimo de legitimidade, depois de ter imposto na ponta das baionetas o modelo neoliberal. Essas políticas sociais procuram respeitar o ótimo de Pareto. Ou seja, são o que a classe dominante permite, que – no fundo – é quem aceita e decide. Afinal, o "seu bem-estar" não pode ser infringido.
O que é dado pelo Estado aos pobres assume claramente a forma de esmola estatal. Noutros tempos, eram as senhoras da aristocracia que desempenhavam tal papel: "cuidavam" dos pobres e associavam-se aos padres, ensaiavam obras de caridade. Fazer isso era de "bom tom". Hoje, essas funções são desempenhadas pelo Estado neoliberal. Às vezes dirigido por ex-socialistas (Bachelet) ou ex-trabalhadores (Lula). Por outras palavras, os que hoje pregam que "dos arrependidos será o reino dos céus".
[1] Em autores como Jevons, Menger, Edgeworth (que fala do homem como uma "máquina de prazer") e outros, isso é muito claro. Marshall, que tende a ser eclético, escreve que a relação entre oferta e procura "atua como uma espécie de espinha dorsal, dando unidade e consistência ao corpo principal do raciocínio económico". Cf. A. Marshall, "Principles of Economics", p. 73, edição citada. Dessa forma, pensa Marshall, a importância é atribuída tanto à procura quanto à oferta, uma vez que "as condições da procura desempenham um papel tão importante quanto as da oferta na determinação do valor" (ibidem, p. 74). Nesse contexto, faz uma observação que tem sido negligenciada e que consideramos de grande interesse. Em suas palavras, "é importante (...) reafirmar a grande verdade em que Ricardo insistia (...): embora as necessidades sejam as que governam a vida dos animais inferiores, são as mudanças nas formas dos esforços e das atividades que devemos atentar quando tentamos investigar os princípios fundamentais da história da humanidade "(ibidem, p. 75).
[2] San Agustín, "La ciudad de Dios", pág. 239 (L. 9, c.XIII), Porrúa, México, 2006.
[3] San Anselmo, "Proslogion", citamos de Julián Marías, "El tema del hombre" (antología), pág. 93. Espasa-Calpe, Madrid, 1986.
[4] Quesnel (teólogo francés), citado en B. Groethuysen, "La formación de la conciencia burguesa en Francia durante el siglo XVIII", págs. 414-5. FCE, Madrid, 1981.
[5] Citado em Groethuysen, ob. cit., pág 409.
[6] Julien Offray De La Mettrie, "Discurso sobre la felicidad", pág. 85. Edic. El cuenco de plata, Buenos Aires, 2005. Este autor foi um dos mais extremistas na sua crítica à cultura clerical. De facto, chegando a compartilhar alguns enunciados do Marquês de Sade.
[7] Ibidem, pág. 42.
[8] Diderot, citado por I. K. Luppol, "Diderot", pág. 268. FCE, México, 1986. Um exame amplo destas posições em J. Valenzuela Feijóo, "Mercado, socialismo y libertad", en especial caps. 7 y 8. LOM edits., Santiago de Chile, 2003.
[9] E. Kant, "Filosofía de la historia", pág. 78. FCE, México, 2004.
[10] Jeremy Bentham, "Escritos económicos", pág. 3. FCE, México, 1978.
[11] Ibidem, pág. 3.
[12] Ibidem, pág. 5.
[13] Ibidem, pág. 10.
[14] John S. Mill, "Bentham", pág. 50. Tecnos, Madrid, 1993. Em seus comentários sobre o trabalho de Bentham, Mill começa a adoçar as teses mais severas deste autor.
[15] Adam Smith, "La riqueza de las naciones", pág. 17. FCE, México, 1981.
[16] Ibidem, pág. 400.
[17] Ibidem, pág. 402.
[18] Bentham, ob. cit., pág, 13.
[19] Ibidem, pág. 17.
[20] Ibidem, pág. 17.
[21] C. Marx, "El Capital", Tomo I, pág. 108. FCE, México, 1973.
[22] Ibidem, pág. 109.
[23] Bentham, ob. cit., pág. 3.
[24] Ver J. Bentham, "An Introduction to the Principles of Morals and legislation", em John Stuart Mill and Jeremy Bentham, "Utilitarianism and Other Essays", págs. 70 y ss. Penguin Books, 2004.
[25] James Mill, grande amigo e camarada de Bentham, escreveu que "exatamente na medida em que a utilidade é o objetivo de toda atividade, consideraremos assim uma nação civilizada. Exatamente na medida em que desperdiça o seu engenho em propósitos desprezíveis e perversos, embora possa ser um engenho extraordinário, um país pode ser considerado bárbaro". James Mill, citado por T. W. Hutchison, "Sobre revoluciones y progresos", pág. 63, nota. FCE, México, 1985.
[26] G. Myrdal, "El elemento político en el desarrollo de la teoría económica", pág. 137. Edit. Gredos, Madrid, 1967
[27] Talvez porque, na melhor tradição medieval, considerem a morte a passagem para a entrada no paraíso. Ou seja, eles descartaram essa felicidade futura, eles a compararam com a desutilidade da morte e, como bons sujeitos racionais, eles escolheram a opção ótima. O leitor pode pensar que o que foi dito é uma piada macabra. Mas pouco difere das reflexões de Gary Becker.
[28] Carl Menger, "Principios de economía política", pág. 108. Orbis, Barcelona, 1985.
[29] L. Robbins, "Naturaleza y significación de la ciencia económica", pág. 48. FCE, México, 1944.
[30] Michael L. Katz y Harvey L. Rosen, "Microeconomía", pág. 22. Addison-Wesley, Wilmington- Delaware, 1994..
[31] J. Bentham, "Escritos económicos", pág. 17. Edição citada.
[32] Aliás, é um igualitarismo restringido pelos limites, nada amplos, impostos pelo regime capitalista de produção e suas relações de propriedade.
[33] E. K. Hunt, "Property and Prophets", pág. 146. M. E. Sharpe, N. York & London, 2003 (7ª edic. Corrigida).
[*] Professor do Departamento de Economia da Universidade Autónoma Metropolitana, Cidade de México.
Este ensaio encontra-se em https://resistir.info/ .
Amaro Sérgio Azevedohttp://www.blogger.com/profile/12084137156900032941noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5623065810098984784.post-60066776762821335982021-05-29T19:54:00.002-03:002021-05-29T19:54:10.755-03:00"Chegou a hora de tirar Bolsonaro. Não vamos esperar até 2022", diz Boulos na Paulista"Chegou a hora de tirar Bolsonaro. Não vamos esperar até 2022", diz Boulos na Paulista
Líder da Frente Povo Sem Medo, uma das organizadoras das manifestações deste 29 de Maio, Guilherme Boulos (PSOL) discursou na avenida Paulista. "Vamos seguir até derrubar o genocida Jair Bolsonaro", afirmou
29 de maio de 2021, 19:45 h
Guilherme Boulos
Guilherme Boulos (Foto: Reprodução/Facebook)
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247 - O líder da Frente Povo Sem Medo e pré-candidato a governador de São Paulo pelo PSOL, Guilherme Boulos, discursou no ato "Fora Bolsonaro" deste sábado (29) na Avenida Paulista e defendeu o impeachment de Jair Bolsonaro.
Boulos chamou Bolsonaro de "verme" e disse que o povo não pode mais continuar "sangrando". "Chegou a hora de a gente dar um basta, tirar o Bolsonaro do governo porque nós não vamos esperar sentados até 2022. Não vamos esperar ver nosso povo morrendo, sangrando. Vamos seguir até derrubar o genocida Jair Bolsonaro", disse Boulos.
A manifestação pela saída de Jair Bolsonaro que ocorreu na cidade de São Paulo bloqueou no final da tarde deste sábado (29) os dois sentidos da avenida Paulista e reuniu milhares de pessoas. Ao menos sete quarteirões da Paulista foram tomados por manifestantes, que se concentraram na altura do Masp.
Em sua absoluta maioria utilizando máscaras contra o contágio da Covid-19, os paulistanos e paulistanas exigiram a saída de Bolsonaro, a intensificação da vacinação e o retorno do auxílio emergencial de R$ 600.
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Publicado:
29 de maio de 2021 22:01 GMT
Mobilizações em várias cidades do país também exigem acelerar o processo de vacinação e assistência social para os atingidos durante a crise de saúde.
Multitudinarias manifestaciones en Brasil piden la destitución de Bolsonaro por el manejo de la pandemia
Manifestantes em Brasília, Brasil. 29 de maio de 2021.
Ueslei Marcellin / Reuters
Dezenas de milhares de manifestantes foram às ruas de várias cidades do Brasil no sábado para expressar seu descontentamento com as políticas do presidente Jair Bolsonaro e exigir sua demissão por causa da fraca resposta do governo à pandemia covid-19, que tirou a vida de quase meio milhão de pessoas no país.
As marchas em massa foram compostas por sindicatos, políticos, estudantes e organizações sociais, que pedem um julgamento político contra Bolsonaro, além de pedir uma aceleração do processo de vacinação e o pagamento de auxílio emergencial, entre outras reivindicações relacionadas à grave crise que a população atravessa.
"Saco de saco", "Queremos as vacinas", "Mais de 450.000 mortos: isso também é sua culpa", é lido em algumas das faixas que os manifestantes carregam, que em sua maioria usavam máscaras.
Alguns participantes também pediram justiça enquanto homenageam seus entes queridos falecidos durante a pandemia.
Manifestantes em Brasília, Brasil. 29 de maio de 2021.
Ueslei Marcellin / Reuters
No centro do Rio de Janeiro, houve um grande protesto acusando as políticas econômicas de Bolsonaro de prejudicar os pobres e os desempregados. Milhares de pessoas também saíram às ruas em Brasília e São Paulo.
Embora as mobilizações fossem em sua maioria pacíficas, incidentes com as forças de segurança foram relatados em algumas cidades.
Na cidade de Recife, Pernambuco, a Polícia Militar usou gás lacrimogêneo, balas de borracha e spray de pimenta contra manifestantes, segundo a mídia local.
Alguns protestos incluíram imagens de apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, um dos potenciais adversários de Bolsonaro na eleição presidencial de 2022.
Manifestantes no Rio de Janeiro, Brasil. 29 de maio de 2021.
Bruna Prado / AP
Esta é a primeira grande manifestação contra o Governo, que desde o início minimizou as consequências da pandemia, sem tomar medidas sobre ela. As reivindicações sociais deste dia também transcenderam na Rede, acompanhadas pelo #29MForaBolsonaro.
O representante brasileiro tem relutado em estabelecer protocolos de saúde e tomar resoluções para evitar o avanço dos contagionos coronavírus, argumentando a necessidade de restaurar as atividades econômicas.
El Gobierno de Brasil envió a poblaciones indígenas 265.000 comprimidos de medicamentos sin eficacia comprobada contra el covid-19
Governo do Brasil enviou 265 mil comprimidos de drogas comprovados para populações indígenas contra o Covid-19
No último domingo, Bolsonaro participou sem máscara em uma polêmica caravana de motociclistas na cidade do Rio de Janeiro, onde havia multidões, embora eventos públicos sejam proibidos até o final deste mês.
Em março de 2021, o presidente do país sul-americano, que já acumulou mais de cem pedidos de julgamento político desde seu mandato em 2019, entrou com recurso contra diversos decretos dos governos federal da Bahia, Rio Grande do Sul e Distrito Federal de Brasília, onde foram estabelecidos toques de recolher para evitar a propagação do Covid-19.
rtnoticias
Amaro Sérgio Azevedohttp://www.blogger.com/profile/12084137156900032941noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5623065810098984784.post-77222393290939014042021-05-29T19:22:00.001-03:002021-05-29T19:22:02.289-03:00Guardian destaca atos pelo 'Fora Bolsonaro' no Brasil: 'milhares nas ruas exigem impeachment'Guardian destaca atos pelo 'Fora Bolsonaro' no Brasil: 'milhares nas ruas exigem impeachment'
"Protestos em mais de 200 cidades e vilas no Brasil provocados pelo tratamento do presidente da pandemia de Covid", diz um dos principais jornais da Inglaterra sobre as manifestações
29 de maio de 2021, 18:29 h
(Foto: Reprodução)
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247 - O jornal The Guardian, um dos mais prestigiados da Inglaterra, noticiou as manifestações contra Jair Bolsonaro que aconteceram em mais de 200 cidades do Brasil e do exterior.
Confira trecho da reportagem:
"Dezenas de milhares de manifestantes foram às ruas das maiores cidades do Brasil para exigir o impeachment do presidente Jair Bolsonaro por sua resposta catastrófica a uma pandemia de coronavírus que ceifou quase meio milhão de vidas de brasileiros.
(...)
As manifestações de sábado - que também ocorreram nas principais cidades, incluindo São Paulo, Belo Horizonte, Recife e a capital Brasília, bem como em dezenas de cidades menores - vêm com Bolsonaro em sua pior fase desde que assumiu o cargo em janeiro de 2019.
As pesquisas sugerem uma raiva crescente com a forma como o populista de direita está lidando com Covid, com 57% da população agora apoiando seu impeachment . Um inquérito do Congresso está atualmente dissecando a calamitosa resposta de Bolsonaro à crise de saúde pública, com revelações prejudiciais sobre a conduta de seu governo sendo transmitidas todas as noites no noticiário.
Bolsonaro parece particularmente abalado com o ressurgimento de seu rival político Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-presidente de esquerda que parece prestes a desafiá-lo à presidência na eleição do próximo ano. Em entrevista recente ao Guardian, Lula , cujos direitos políticos foram recentemente restaurados, disse que não tinha dúvidas de que o povo brasileiro se “libertaria” de Bolsonaro em 2022. “Ele poderia ter evitado metade dessas mortes”, disse Lula sobre a reação de Bolsonaro para Covid."
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Protesto contra Bolsonaro toma conta da Avenida Paulista
Redação VEJA São Paulo 1 hora atrás
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Manifestantes fecharam as duas faixas da Avenida Paulista neste sábado (29), durante uma manifestação contrária a Jair Bolsonaro (sem partido). Os cartazes dos presentes pedem mais vacinas contra a Covid-19,o impeachment do presidente e mais investimentos por parte do governo federal na área da educação.
Ato contra Jair Bolsonaro na Avenida Paulista© Arnaldo Lorençato/Veja SP Ato contra Jair Bolsonaro na Avenida Paulista
Apesar da organização do ato incentivar o distanciamento social e o uso de máscaras, há pontos de aglomeração, contrariando as medidas de prevenção da pandemia da Covid-19. Marcado para às 16h, o protesto começou no lado sentido Consolação.
A Polícia Militar fechou o vão livre do MASP, mas o espaço foi invadido pelos presentes quando uma chuva começou na área. Após o fim da chuva, o ato começou a encher e o sentido Paraíso também foi tomado pelos presentes.
Representantes da UNE (União Nacional dos Estudantes) distribuem máscaras do tipo PFF2 e álcool em gel no protesto. Estão presentes também entidades como a UJS (União da Juventude Socialista), UBES (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas) e a Frente Povo Sem Medo, representantes de partidos como o PSOL, PT, PCB, PCO e da frente Povo Sem Medo, e entidades como Brasil Popular e Coalizão Negra por Direitos.
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16 de maio de 2021
Categoria: Editorial, Internacional, Últimas Notícias
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PALESTINA – Durante 10 dias, o povo palestino tem sofrido um dos ataques mais mortíferos da sua história. Para comemorar o 54º aniversário da ocupação de Jerusalém, as selvagens hordas sionistas, apoiadas pelo exército de ocupação, têm atacado os palestinos que residem na cidade com o objetivo de expulsá-los de suas casas e de suas terras. O alvo principal dos ataques, e último bastião da resistência, foi o bairro de ‘Sheikh Jarrah’, localizado ao lado dos lugares sagrados para islâmicos e cristãos. Trata-se de uma nova campanha de limpeza étnica destinada a ‘judaizar’ a cidade e concluir sua anexação total ao estado sionista. Ao mesmo tempo, outras partes de Jerusalém e toda a Cisjordânia vêm sofrendo uma expansão sem precedentes dos assentamentos com a cumplicidade dos países imperialistas e das Nações Unidas.
Quando os grupos fascistas de colonos sionistas iniciaram os ataques assassinos, foram acompanhadas pela máquina de guerra do estado sionista que, como faz habitualmente, aponta e atira sem distinção para a população civil: idosos, crianças, homens e mulheres, ocasionando um verdadeiro genocídio e causando uma destruição massiva em todos os territórios ocupados. O objetivo sionista é obrigar o povo a abandonar suas terras ampliando o número de refugiados nos países vizinhos, completamente dispersos pela diáspora.
São crimes contra a humanidade que estão sendo cometidos e devem alertar toda a comunidade progressista do mundo, assim como todos os homens e mulheres amantes da paz e da justiça, para que expressem seu apoio a este povo, que, sozinho, enfrenta a máquina de guerra sionista e os planos imperialistas, incluindo o ‘Acordo do Século’* da administração estadunidense, cujo objetivo é manter seus domínios sobre as riquezas e território da região.
A CIPOML, ao mesmo tempo em que condena energicamente a guerra contra o povo palestino, convoca a classe trabalhadora, seus partidos e organizações de massas, a todos os povos do mundo, para se levantarem contra a barbárie sionista, declarando apoio à justa causa dos palestinos e exigindo o fim imediato desta guerra.
Comitê Coordenador da Conferencia Internacional de Partidos e Organizações Marxistas-Leninistas (CIPOML)
Maio de 2021
*Plano apresentado pela administração Trump no início de 202 para o conflito, mas conforme a Autoridade Nacional Palestina: “Um plano para acabar com a causa palestina”.
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Autor: Al Mayadeen Español
Fonte: Al Mayadeen
Hoje 06:47
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Imediatamente após o anúncio do cessar-fogo, o som de tiros e fogos de artifício foi ouvido na Faixa de Gaza, enquanto centenas de pessoas iam às ruas para celebrar a Vitória da Resistência.
O cessar-fogo entre a Resistência Palestina e a ocupação israelense entrou em vigor exatamente às 2.m h da manhã de sexta-feira, 11 dias após o início da agressão sionista contra a Strip.
Imediatamente após o anúncio do cessar-fogo, o som de tiros e fogos de artifício foi ouvido na Faixa de Gaza, enquanto centenas de pessoas iam às ruas para celebrar a Vitória da Resistência.
De acordo com o correspondente de Al Mayadeen, a alegria perged a Faixa de Gaza e a Cisjordânia, enquanto mesquitas entoavam os takbeers Eid para a vitória.
As celebrações se espalharam por muitas áreas palestinas, atingindo Belém e a Cisjordânia.
Enquanto isso, o gabinete de ocupação israelense decidiu, na noite de quinta-feira, suspender os tiros na Faixa de Gaza após uma sessão que durou mais de três horas.
"A última palavra sempre será para a Resistência no campo de batalha. e se atacarem novamente, estamos prontos e teremos sucesso novamente",disse Abu Hamza, porta-voz das Brigadas al Quds, que enfatizou que a resistência responderia a qualquer violação israelense.
Por sua vez, o porta-voz militar da Brigada al-Qassam, Abu Ubaida, enfatizou que a resistência conseguiu "humilhar o inimigo e seu exército, cuja liderança se gaba de matar crianças e destruir torres residenciais".
Por sua vez, o secretário-geral do Movimento Jihad Islâmico, Ziad Al-Nakhalah, anunciou que seu movimento aceita a proposta egípcia de um cessar-fogo simultâneo.
Al-Nakhalah afirmou o compromisso da resistência palestina com o cessar-fogo, como o inimigo se comprometeu com ele, e ressaltou que responderia a qualquer violação do cessar-fogo.
O líder do movimento do Hamas, Osama Hamdan, disse a Al-Mayadeen que a Resistência está pronta para qualquer desenvolvimento após a data do cessar-fogo, e com isso ele terá estabelecido uma nova vitória e uma nova equação.
Hamdan revelou que a Resistência Palestina obteve garantias de mediadores de que a agressão em Gaza vai parar e outras garantias para levantar a mão da ocupação sobre o Xeque Jarrah e a Mesquita de Al-Aqsa.
Palestina Ocupada
Regime israelense
Vitória palestina
Amaro Sérgio Azevedohttp://www.blogger.com/profile/12084137156900032941noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5623065810098984784.post-41462296200612907632021-05-21T12:00:00.001-03:002021-05-21T12:00:00.308-03:00A máscara da "democracia liberal" cai com estrondoA máscara da "democracia liberal" cai com estrondo
por Pepe Escobar [*]
Nakba, 15/Maio/2021. Os historiadores do futuro assinalarão o dia em que a "democracia liberal" ocidental emitiu uma proclamação bem descritiva: Bombardeámos gabinetes de imprensa e destruímos a "liberdade de imprensa" num campo de concentração ao ar livre ao mesmo tempo em que proibíamos manifestações pacíficas sob estado de sítio no coração da Europa.
E se se revoltar, nós o cancelamos.
Beit Lahia, Gaza.
Gaza encontra-se com Paris. O bombardeamento da torre al-Jalaa – um edifício eminentemente residencial que também abrigou os escritórios da al-Jazeera e da AP, entre outros – pela "única democracia no Médio Oriente" – está directamente ligado à ordem verboten executada pelo Ministério do Interior de Macron.
Para todos os efeitos práticos, Paris apoiou as provocações da potência ocupante de Jerusalém Oriental; a invasão da mesquita de al-Aqsa – efectuada com gás lacrimogéneo e granadas atordoantes; gangs de sionistas racistas que assediam e gritam "morte aos árabes"; colonos armados a agredirem famílias palestinas ameaçadas de expulsão das suas casas em Sheikh Jarrah e Silwan; uma campanha de bombardeamentos em tapete cujas vítimas letais – em média – são 30% de crianças.
Cartaz da manifestação em Paris.As multidões em Paris não foram intimidadas. Desde Barbès até a Répúblique, elas marcharam nas ruas – o seu brado de guerra foi Israel assassin, Macron complice. Elas instintivamente entendiam que Le Petit Roi – um reles empregado do Rothschild – havia acabado de destroçar o legado histórico da nação que cunhou a Déclaration Universelle des Droits de L'Homme.
A máscara da "democracia liberal" continuou a cair reiteradamente – com a Big Tech imperial a cancelar obedientemente as vozes dos palestinos e dos defensores da Palestina em massa, em conjunto com um kabuki diplomático que só podia enganar aqueles já com morte cerebral.
A 16 de Maio, o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês Wang Yi presidiu a um debate do Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU) através de vídeo que foi bloqueado por Washington, incessantemente, ao longo de toda a semana. A China preside CSNU durante o mês de Maio.
O CSNU não conseguiu sequer chegar a acordo sobre uma mera declaração conjunta. Mais uma vez porque o CSNU foi bloqueado – covardemente – pelo Império do Caos.
Coube a Hua Liming, antigo embaixador chinês no Irão, por tudo em pratos limpos numa única frase:
"Os EUA não querem dar à China o crédito da mediação do conflito Palestina-Israel, especialmente no momento em que a China é a presidente do CSNU.
O habitual procedimento imperial é "conversar", "ofertas que não podem recusar" em estilo mafioso, com ambos os lados por baixo da mesa – como a combinação por trás do Crash Test Dummy [NT] , um sionista declarado que num terrível tweet da Casa Branca confessou "reafirmar" o seu "forte apoio ao direito de Israel a defender-se".
Liming enfatizou, correctamente, "esta é a razão chave pela qual qualquer solução ou cessar-fogo entre Israel e Gaza ou outras forças na região seria temporário".
Todo o Sul Global é incessantemente bombardeado pela retórica imperial dos "direitos humanos" – desde o vigarista condenado Navalny até falsos relatórios sobre o Xinjiang. Mas quando há uma catástrofe real de direitos humanos desencadeada pelo bombardeamento em tapete do colonizador aliado do colonialista, destacou Liming, "a hipocrisia e a duplicidade de padrões dos EUA são mais uma vez revelados".
Um telefonema pode travar isto
Amos Yadlin é o antigo chefe da Direcção de Informações Militares da Israel Defense Force (IDF) e também antigo adido militar israelense nos EUA.
Numa reunião com sionistas sul-africanos, ele admitiu o óbvio: a carnificina sionistas contra Gaza pode ser travada pelo Crash Test Dummy – o qual acontece ser, quem mais, um fantoche sionista.
Yadlin afirmou que a administração do Crash Test Dummy, ou mais exactamente do grupo por trás dele, estava a ficar "impaciente" e "não ficaria surpreendido se isto tudo parasse em 48 horas". E mais uma vez ele reforçou o óbvio: "Quando os egípcios pedem a Israel para parar, Israel não quer parar. Mas se os americanos pedirem a Israel para parar, Israel terá de ouvir".
A marca registada do Império é a dupla linguagem no que se refere à "comunidade internacional" – que em teoria abrange a ONU. A barragem de propaganda 24 horas por dia que a acompanha aplica-se apenas à variada tripulação de parceiros no crime, apaniguados, lacaios, caniches e vassalos, a ignorar imperialmente e/ou mijar nas cabeças de mais de 80% do planeta. Confrontado com a realidade do Afeganistão, Iraque, Líbia, Síria, Iémen, Ucrânia e outros, a "ordem internacional baseada em regras" nem sequer se qualifica como uma piada para retardados.
Assim, da próxima vez que vires algum espécime de sub-zoológico a utilizar o argumento de Máxima Estupidez "Israel tem o direito de se defender" Máxima Estupidez, a única resposta possível é desencadear factos como mísseis.
Todo ser sensível com consciência sabe que a Palestina enfrentar um projecto colonialista racista que se vangloria de um projecto armado contra o povo e com várias bombas nucleares, especializado na prática do terrorismo de Estado.
Gaza, no entanto, é um caso particularmente aterrador. População: quase 2 milhões de pessoas. Uma das áreas mais densamente povoadas do planeta. Um campo de concentração ao ar livre de facto, onde não menos de 50% são crianças, uma em cada dez crianças atrofiadas em grande parte devido à escassez de alimentos provocada pelo bloqueio israelense. O plano militar israelense oficial consiste em permitir apenas alimentos suficientes para que toda a população mal sobreviva. 50% da população depende da ajuda alimentar.
Não menos de 70% das famílias são refugiados, os quais foram etnicamente saneadas do que é agora o sul de Israel: há aproximadamente 1,46 milhão de refugiados numa população de 1,9 milhão.
Gaza tem oito campos de refugiados – alguns a serem bombardeados enquanto falamos. Nunca esquecer que Israel dominou Gaza directamente de 1967 a 2005 e fez menos do que zero para melhorar suas terríveis condições.
Há apenas 22 centros de saúde, 16 gabinetes de serviços sociais e 11 centros de distribuição alimentar, a servirem aproximadamente 1 milhão de pessoas. Nenhum aeroporto ou porto: ambos destruídos por Israel. A taxa de desemprego é de 50% – a mais alta de todo o planeta. Água tratada está disponível para apenas 5% da população.
Mas há a Resistência. Elijah Magnier mostrou como eles já furaram a aura pré-fabricada de invulnerabilidade e de "prestígio" de Israel – e só há um caminho a seguir, pois a velocidade, precisão, alcance e potência dos foguetes e mísseis só podem melhorar.
Em paralelo, num sábio movimento estratégico, o Hamas e a Jihad islâmico deixaram claro que preferem que o Hezbollah não fique directamente envolvido – por agora, permitindo portanto que todo o Sul Global se centre na carnificina perpetrada contra Gaza.
"Uma paisagem de ferro e desolação"
Sociologie de Jerusalem , de Sylvaine Bulle, é um livro curto mas bastante esclarecedor que mostra como a batalha por Jerusalém Oriental é tão imperativa para o futuro da Palestina quanto a tragédia em Gaza.
Bulle centra-se no "racismo interno" em Israel ligado directamente à hegemonia das "elites" sionistas de extrema-direita. Uma consequência chave tem sido a "periferização" e marginalização de Jerusalém Oriental, atirada para uma situação de "dependência forçada" da Jerusalém Ocidental ocidentalizada.
Bulle mostra como Jerusalém Leste só existe como "uma paisagem de ferro e desolução", através de uma justaposição de zonas ultra-densas e totalmente abandonadas. Os palestinos que vivem nestas áreas não são encarados ou respeitados como cidadãos.
Beit Lahia, Gaza.
Ficou muito pior depois de 2004 e da construção da Muralha – a qual impediu a mobilidade diária dos palestinos que viviam nos territórios ocupados e dos palestinos em Jerusalém. Foi uma fractura extra, com partes de Jerusalém Oriental isoladas do outro lado da muralha e muita gente a viver agora numa verdadeira terra de ninguém. Muito poucos em todo o Ocidente "democrático liberal" têm alguma ideia de como é que isso é sentido na prática.
Os palestinos em Jerusalém Oriental não têm nacionalidade israelense. A maior parte tem passaportes jordanos. No entanto, agora mesmo os palestinos com nacionalidade israelense estão a rebelar-se – na maioria dos casos em cidades muito pobres no centro do país. As gerações jovens simplesmente não têm razões para acreditar que pertencem a Israel.
Quanto aos esquerdistas laicos israelenses, eles foram "neutralizados" e não têm poder político, pois foram incapazes de integrar as massas trabalhadoras, as quais por sua vez foram completamente capturadas por extremistas religiosos endurecidos.
A conclusão de Bulle, expressa com demasiada diplomacia (afinal, isto é a França), é inevitável: o Estado de Israel é cada vez mais judeu e cada vez menos democrático, um regime sionista de facto. Ela acredita que poderá ser possível reconstruir a ligação entre a identidade nacional judaica e a democracia, incluindo os direitos das minorias palestinas.
Lamento, mas isso não irá acontecer, como a tragédia actual, que começou em Jerusalém Oriental, mostra de forma clara.
A Via Dolorosa continua – como todos nós observamos com horror. Imagine os níveis ocidentais de histeria inter-galáctica se a Rússia ou a China bombardeassem, disparassem projécteis e mísseis e matassem crianças em zonas residenciais. Não admira que o Império do Caos – e das Mentiras, pose como uma "democracia liberal" enquanto permite o projecto sionista assassino, esteja firmemente a flertar com o caixote do lixo da História.
17/Maio/2021
[NT] Crash Test Dummy: Boneco articulado utilizado em ensaios de desastres automobilísticos (as capacidades mentais de Biden estão diminuídas).
[*] Autor de Raging Twenties . Pode ser seguido no VK e no Telegram .
O original encontra-se em thesaker.is/the-mask-of-liberal-democracy-falls-with-a-bang/
Este artigo encontra-se em https://resistir.info/ .
Amaro Sérgio Azevedohttp://www.blogger.com/profile/12084137156900032941noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5623065810098984784.post-36575362361790012782021-05-20T12:14:00.002-03:002021-05-20T12:14:18.863-03:00Colonialismo direto a um colonialismo comissionado que impõe subordinação.
A resistência heróica, que derrota a agressão contra os Quds (Jerusalém) e a criminalidade em Gaza, desnuda "Israel" do véu de ilusões e mitos, revelando a decadência da entidade ocupante e o regresso deste "estado" aos tempos da Haganah.
A crise política e legal pela qual Netanyahu está passando não é o que o levou a usar uma agressão brutal e implacável no bairro de al Shaikh Jarrah e al Quds (Jerusalém), mas sim o que o levou e ao lado dele à liderança de "Israel" e obrigou seus generais a fugir para a Palestina ocupada e Gaza, é uma crise existencial que atravessa o "estado" colonial e o colapso desta entidade artificial em declínio.
As manifestações de corrupção da classe política e suas lutas pelo poder são o resultado de um afastamento da imagem de "Estado" sionista "democrático" estabelecido pela "comunidade internacional", que por sua vez se transformou após a guerra mundial, de um antigo colonialismo direto a um colonialismo comissionado que impõe subordinação.
A base militar ocidental que surgiu com a ocupação da Palestina perdeu sua capacidade de combate, impondo uma dependência estratégica, política e econômica dos Estados Unidos e países ocidentais; os países que normalizaram suas relações com “Israel” (Emirados Árabes Unidos, Bahrein, Sudão, Marrocos e Bósnia) se submeteram sem guerra, ao contrário dos países da primeira onda de “normalização”, que se submeteram por sua incapacidade de combater.
Israel não só perdeu sua capacidade de prevalecer na guerra, mas também perdeu sua capacidade de atacar militarmente qualquer país que esteja disposto a lutar para repelir a agressão e qualquer frente pertencente ao eixo de resistência, mesmo que esteja sujeita. A guerras à ordem, cerco e sanções, como é o caso no Iêmen e na Síria.
"Israel" não pode superar Gaza, que saiu vitoriosa em seu confronto com o "exército" ocupante na agressão de 2014; Portanto, os Estados Unidos facilitam a essa entidade esconder sua impotência militar assassinando crianças e civis, destruindo casas e instalações e terras agrícolas, bem como cometendo todo tipo de crimes contra a humanidade, como John Dugard, o ex-relator do Nações Unidas para os Direitos Humanos nos Territórios Palestinos Ocupados.
A heróica resistência de Gaza tem a capacidade de deter a agressão confrontando-a no solo e com mísseis e drones desenvolvidos pela resistência e impondo um bloqueio aéreo a aeroportos e atacando alvos distantes e próximos, zombando da "Cúpula de Ferro" cujos assistentes americanos desistiram , cento e vinte deles se aposentando como uma expressão de seu fracasso.
A virada estratégica histórica da resistência armada vai além da dissuasão militar e da modificação das regras de engajamento, estabelecendo traços estratégicos que se complementam entre a resistência armada e a resistência popular na Palestina, que se ergue diante da ocupação.
Os jovens revolucionários palestinos em al Shaikh Jarrah e al Quds e em toda a Palestina enfrentam com sua humanidade e com um sorriso desenhado em seus rostos a máquina militar e as turbas de colonos, contando com o apoio da resistência armada e clamando alto no pescoço: aleluia Gaza; e se a resistência popular se espalhou pelos territórios ocupados antes do sexagésimo sétimo e fora da Palestina, isso se deve ao alto moral e à confiança na resistência, aquela tocha que ilumina o caminho para a libertação da entidade ocupante.
O motor da resistência popular que luta pela eliminação da ocupação é motivado pela perda de “Israel” da capacidade de lutar contra o eixo de resistência na região e na Palestina, e a perda do pretexto por trás do qual se escondia. , que é a alegação de que existe um "estado democrático" com o qual os países ocidentais e o sistema internacional ocultaram as ilusões da coexistência palestina em um "estado" colonial de assentamentos em expansão.
Os partidos da Segunda Internacional Socialista, que fizeram o manto do sionismo e o embelezaram com detalhes de tolerância e rituais de domesticação, perdem sua influência enganosa em apoio a "Israel", um papel atualmente assumido pela direita racista, fascismo islamofóbico e os barbárie brutal com a qual "Israel" se abriga.
O Partido Democrata dos Estados Unidos, que fortificou a base militar dos Estados Unidos na Palestina ocupada com a ideologia do “mundo livre”, está enfraquecido pelas rachaduras do regime de apartheid americano, uma fenda que vem se ampliando por afrodescendentes, latinos, árabes e os outros países do Sul, em uma batalha contra o sistema racista americano e israelense, bem como dentro do Partido Democrata e da Câmara dos Representantes e do Senado (Bernie Sanders, Betty McCallum, Alexandra Ocasio-Cortez, Ayana Presley, Ilhan Omar, Rashida Tlaib… um total de 120 deputados).
Trump, que estourou a bolha ao expandir o apoio a "Israel" aos Emirados, xeques e regimes corruptos, foi a gota d'água para a transformação de Israel em um empreendimento neoliberal, encerrando o mito do sionismo "democrático", que se tornou uma fábula da ideologia abraâmica.
A transformação de "Israel" em uma milícia de colonos e uma empresa comercial, e a transformação estratégica histórica da resistência, dobra as ilusões do "Negócio do Século" e também vira a página dos sonhos do sistema internacional e árabe no que é chamado de “solução de dois estados” para a coexistência palestina com usurpação e ocupação.
O relatório da Human Rights Watch, que descreve "Israel" como um sistema de "apartheid", observa em suas recomendações a necessidade de reconsiderar a abordagem para manter a ocupação e o regime de apartheid; Ao mesmo tempo, o relatório Carnegie repete essas recomendações, colocando o dedo na ferida.
A vitória histórica da resistência apaga com sangue e sacrifício o que estados, agências de inteligência e instituições internacionais fizeram para afogar o povo em guerras de comissão, fragmentação e lutas sectárias e étnicas ... de um golpe, a Palestina se torna a Meca dos árabes e Povos islâmicos, os países do Sul e os povos livres do mundo.
As ideias e opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente as opiniões de Al Mayadeen.
Palestina
Amaro Sérgio Azevedohttp://www.blogger.com/profile/12084137156900032941noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5623065810098984784.post-40875284163552886602021-05-20T08:38:00.005-03:002021-05-20T08:38:58.230-03:00Comandante Jesús Santrich, a luta prossegueComandante Jesús Santrich, a luta prossegue
por FARC-EP
Cmte. Jesús Santrich.Informamos a Colômbia e o mundo, com dor no coração, a triste notícia da morte do comandante Jesús Santrich, integrante da Direcção das FARC-EP, Segunda Marquetalia, numa emboscada executada por comandos do exército da Colômbia em 17 de Maio.
Foi na Serrania do Perijá, zona binacional fronteiriça, entre El Chalet e o caminho de Los Laureles, dentro do território venezuelano. Até esse lugar penetraram os comandos colombianos por ordem directa do presidente Iván Duque. A camioneta em que viajava o comandante foi atacada com fogo de fusilaria e explosões de granadas. Consumado o crime, os assassinos cortaram o dedo mindinho da sua mão esquerda. Alguns minutos depois, perto do lugar, rapidamente, os comandos foram extraídos num helicóptero de cor amarela rumo a Colômbia.
À sua família, nossas mais sentidas condolências. Acompanhamo-la na sua desolação infinita e na tristeza que embarga sua alma. Santrich caiu livre, livre como queria. Livre sonhando a Nova Colômbia em paz completa, com justiça social, democracia e vida digna para sua gente, para os pobres da terra, os excluídos e discriminados, e a população inerme nestes dias atacada brutalmente pelo exército e pela polícia nas ruas por ordem da monstruosa tirania de Duque e Álvaro Uribe. Partiu Santrich rumo à eternidade com todas as suas luzes acesas, com a visão geopolítica de Bolívar e Manuel, sonhando a vitória da unidade, da fraternidade e da solidariedade dos povos do continente.
A notícia da morte de Santrich não salvará o arrogante tirano Iván Duque da ira popular desencadeada. Ao povo colombiano mobilizado desde há 20 dias em protestos permanente contra o mau governo, pedimos, em homenagem a Santrich, que não afrouxe na sua justa luta e que se lance com todas as suas forças para derrotar este maldito regime que nos está a esmagar até a alma. Conclamamo-lo a continuar a lutar nas ruas até ter um novo governo do povo e para o povo, mais humano, que pense na dignidade das pessoas e não apenas em acrescentar os privilégios das oligarquias, um governo sem corruptos nem ladrões do Estado, como queria o comandante caído na luta.
Saúde pelos que partiram, mas que ainda estão connosco, como Jesús Santrich, o homem que lutou de maneira consequente por uma paz para a Colômbia sem traições e sem perfídia.
Povo colombiano, pela vitória, À CARGA!
FARC-EP
Segunda Marquetalia
18/Maio/2021
Obras do Cmte. Jesús Santrich podem ser descarregadas na secção livros
Este comunicado encontra-se em https://resistir.info/ .
Amaro Sérgio Azevedohttp://www.blogger.com/profile/12084137156900032941noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5623065810098984784.post-73813605219336989302021-05-18T17:28:00.000-03:002021-05-18T17:28:59.632-03:00Os sionistas têm duas opções: morrer ou ir embor
Os sionistas têm duas opções: morrer ou ir embora
Autor: Al Mayadeen Español
Fonte: Al Mayadeen
15 de maio 16:37
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Abu Jamal, porta-voz militar das brigadas Martyr Abu Ali Mustafa, braço militar da Frente Popular pela Libertação da Palestina, confirmou que "a heróica saga de resistência continuará até que o inimigo criminoso se ajoelhe diante dos palestinos e pare sua agressão em Jerusalém, na Cisjordânia, no interior e na Faixa de Gaza. "
Os sionistas têm duas opções: morrer ou partir, declarou Abu Jamal, porta-voz militar das Brigadas Mártires de Abu Ali Mustafa, braço militar da Frente Popular pela Libertação da Palestina.
O líder da Resistência confirmou que “a heróica saga de resistência continuará até que o inimigo criminoso se ajoelhe diante dos palestinos e pare sua agressão em Jerusalém, na Cisjordânia, no interior e na Faixa de Gaza”.
“Que o inimigo criminoso saiba que suas constantes agressões e crimes contra civis, e bombardear casas de cidadãos e instalações de serviço para alcançar uma vitória imaginária, não irão torcer nosso braço ou parar nossa luta, mas irão aumentar nosso fogo”.
Dirigindo-se ao povo palestino, ele disse: "Seus filhos e soldados nas Brigadas de Mártires de Abu Ali Mustafa, junto com todas as facções de resistência, ainda estão por trás dos lançadores de mísseis e lançando ataques contra o inimigo sionista."
Ele avisou os sionistas dizendo: "Em toda a nossa terra ocupada, sua liderança está enganando você, então não acredite, eles já estão empurrando você até a morte enquanto se escondem em abrigos."
Palestina ocupada Amaro Sérgio Azevedohttp://www.blogger.com/profile/12084137156900032941noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5623065810098984784.post-4008341592813371532021-05-13T17:54:00.000-03:002021-05-13T17:54:01.957-03:00Foguetes e mísseis de resistência palestinos caem ao norte da Palestina ocupada pela primeira vezFoguetes e mísseis de resistência palestinos caem ao norte da Palestina ocupada pela primeira vez
8 horas atrás 13 de maio de 2021
PalestinaFoto: HispanTV
Notícias - Notícias regionais - Palestina
No terceiro dia da agressão militar israelense contra Gaza, a resistência palestina continua determinada a desferir golpes dolorosos no inimigo sionista.
Foguetes e mísseis de resistência, disparados de Gaza, atingiram primeiro a ponta norte da Palestina ocupada e a cidade oriental de Haifa, disse o site de notícias PalToday.
Nesse contexto, a mídia israelense afirmou que as sirenes de alerta soaram pela primeira vez nas cidades de Amek Yezrael, a sudeste de Haifa, bem como em Akka, Nahariya, Tel Aviv, Nazareth, Um al Fahm, Jaffa, Bet Yam e na Galiléia.
De acordo com um último relatório divulgado pelo exército de ocupação, cerca de 1.500 foguetes foram disparados da faixa para os territórios ocupados desde que a escalada militar começou na noite de segunda-feira, 10 de maio, entre a resistência palestina em Gaza e as forças de ocupação.
Suspensão do tráfego aéreo
Diante desses acontecimentos, as autoridades do aeroporto de ocupação israelense anunciaram na quinta-feira que todos os voos para o Aeroporto Internacional Ben Gurion de Tel Aviv serão desviados até novo aviso.
A medida não afeta os voos que saem do aeroporto, onde podem pousar jatos particulares e onde o tráfego já foi temporariamente suspenso na noite de terça-feira, segundo a fonte.
A intensificação dos disparos de foguetes palestinos ocorre após o bombardeio histérico de instalações civis em Gaza pela ocupação.
83 mártires incluindo 17 crianças
O correspondente do Al Mayadin na Faixa de Gaza relatou que aviões de guerra israelenses atacaram a área de Sheikh Radwan na Cidade de Gaza na quinta-feira (13 de maio). E destacou: “A ocupação está intensificando seus objetivos em Gaza com o objetivo de destruir seu entorno”.
E então, nas primeiras horas do feriado Eid al Fitr, a força aérea ocupante bombardeou o Banco Nacional Islâmico em Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza. Um drone israelense também teve como alvo prédios no bairro de Al Turk.
Mais de 25 mísseis israelenses atingiram o norte de Gaza na noite de quarta-feira, danificando casas e instalações civis, acrescentou a mesma fonte.
Desde o início da agressão militar contra Gaza na segunda-feira, 10 de maio, 83 palestinos, incluindo 17 crianças, 6 mulheres e um homem idoso, foram mortos e mais de 900 pessoas ficaram feridas como resultado dos ataques israelenses a Gaza ou confrontos com forças de ocupação na Cisjordânia e Jerusalém ocupada (Al Quds).
Do lado israelense, 6 soldados e colonos foram mortos em consequência de foguetes disparados por facções da resistência palestina em Gaza.
Lembremos que a situação eclodiu após os ataques brutais da polícia israelense e colonos, desde o início do abençoado mês do Ramadã, em 13 de abril, contra os palestinos em Al Quds, em particular na Mesquita de Al Aqsa e arredores, bem como no bairro de Sheikh Yarrah, onde as forças de ocupação estão tentando despejar 12 famílias palestinas de suas casas para o benefício dos colonos.
As facções da Resistência em Gaza exigiram, na segunda-feira, 10 de maio, que as forças de ocupação retirassem seus soldados da mesquita de Al Aqsa e do bairro Sheikh Yarrah ou, caso contrário, os territórios ocupados seriam atacados com foguetes.
Fonte: Diversos
foguetes haifa Resistência palestina
comentários Amaro Sérgio Azevedohttp://www.blogger.com/profile/12084137156900032941noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5623065810098984784.post-86594912638562688462021-05-11T18:10:00.004-03:002021-05-11T18:10:30.776-03:00Basta de repressão contra um povo inerme por FARC-EPBasta de repressão contra um povo inerme
por FARC-EP
A tonta arrogância de Duque [1] é a causa desta bela sublevação da dignidade e do despertar das consciências. Fica a saber este governo de vândalos e monstros repressores que o povo tem a força para derrubá-lo. E o povo constatou que, se lutar unido sob a bandeira da mudança, não haverá mau governo que lhe resista. Se esse caudal bravio, de povo, for orientado em direcção ao Palácio de Nariño [2] , suportado por militares e polícias com sentimento de pátria e humanidade, teremos novo governo, ou pela força irresistível das massas ou pela via constitucional. Isso é seguro.
Basta, Duque! Não mais repressão militar nem tratamento de guerra contra um povo inerme. Pare o uso desproporcionado da força. Não ataque o povo com helicópteros, nem o intimide com sobrevoos de aviões dia e noite sobre as cidades, não corte a energia eléctrica para disparar a moradores de bairros populares utilizando lentes de visão nocturna. Recolha seus sicários paramilitares que agora estão a disparar contra os dirigentes dos protestos. Atenda à exortação da ONU e da União Europeia a cessar a repressão. Responda pelos civis mortos e pelos desaparecidos. Não se lembre de decretar a comoção interior [3] porque o povo a esmagará e passará por cima dela.
Ouça o povo e atenda suas reclamações. Presidente, não minta e não engane mais. É muito cínico da sua parte afirmar que o protesto é financiado pelos bandos do narcotráfico, quando o senhor chegou à presidência graças ao financiamento desses bandos da máfia. Esses dinheiros do narcotráfico que converteram o senhor em presidente da Colômbia foram colectados pelo seu amigo Ñeñe Hernández. Por acaso já se esqueceu? Seu pai político, o genocida inominável [4] , é o fundador deste narco-Estado que temos. E isso pesa muito na hora de falar.
Conclamamos os integrantes da força pública a não se deixarem utilizar mais por oligarcas egoístas e violentos, que converteram uma instituição – que por mandato do Libertador [5] deve defender as garantias sociais – num exército privado, guardas dos seus lucros e garantidores da sua permanência no poder. Definitivamente não há respeito pelo povo uniformizado. Os senhores também podem ser como Chávez, como Torrijos [6] , como Velasco Alvarado [7] e o coronel de Abril, Francisco Caamaño [8] . O posto dos senhores é ao lado do povo e com o próprio povo – em unidade cívico militar –, apoiar o pacto ou acordo político nacional para o estabelecimento de um novo governo de paz completa, democracia verdadeira, justiça social e soberania pátria.
FARC-EP
Segunda Marquetália
06/Maio/2021
[1] Iván Duque Marquez, actual presidente da Colômbia.
[2] Palácio da Presidência da República.
[3] Estado de emergência.
[4] Refere-se a Álvaro Uribe Velez. A sua biografia não autorizada está aqui .
[5] Simón Bolívar.
[6] Omar Torrijos, comandante da Guarda Nacional do Panamá, assassinado pela CIA num acidente simulado de aviação.
[7] General Velasco Alvarado, ex-presidente do Peru que iniciou a Reforma Agrária no país e promoveu reformas progressistas.
[8] Coronel Francisco Caamaño, que em 1965 restabeleceu a democracia na República Dominicana até que o seu país ser invadido por tropas dos EUA e do Brasil.
Este documento encontra-se em https://resistir.info/ .
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