domingo, 31 de janeiro de 2016

FPLP: Homenagem ao Dr. George Habash


: Janeiro31 de2016
 
BS7Milhares se reuniram em Beit Sahour, no sábado, 30 de janeiro, comemorando o oitavo aniversário do falecimento do camarada Dr. George Habash, Al-Hakim, o fundador do Movimento Nacionalista Árabe e da Frente Popular para a Libertação da Palestina.
Começando no mural honrar George Habash perto do YMCA em Beit Sahour, centenas de quadros mascarados da Frente marcharam pelas ruas para a cerimônia memorial, onde milhares se levantaram para saudar al-Hakim. O prefeito de Beit Sahour, Hani al-Hayek, falou, dando boas-vindas aos participantes, saudando o espírito de George Habash e todos os mártires e recordando o legado de Beit Sahour como a "cidade de desobediência civil." Al-Hayek também saudou os prisoenrs em prisões israelenses e seu exemplo de firmeza, particularmente preso FPLP Secretário-Geral Ahmad Sa'adat.
BS4Issa Qaraqe, presidente da Comissão de Assuntos dos Prisioneiros, falou em nome da Organização de Libertação da Palestina, recordando o papel de George Habash, não só como um strugglr e líder, mas como um pensador que idealizou retorno à Palestina ea centralidade da luta para voltar no libertação da Palestina. Qaraqe também saudou Mohammed al-Qeeq, o jornalista palestiniano detidos em greve de fome há mais de dois meses, lutando contra a máquina de guerra do ocupante com seu corpo.
Jalal Qumsiyeh falou no evento em nome da família de al-Hakim, enquanto Bassam Abu Sharif recordou seu trabalho com al-Hakim.
BS10Camarada Mahmoud Funoun falou em nome da FPLP, dizendo que "os princípios da luta revolucionária palestina e árabe previsto por George Habash, permanecem em nossas mentes, geração após geração, e as gerações vindouras. Por que jovens sem armas continuam a enfrentar os soldados da máquina de guerra israelense, seus aviões, tanques e veículos blindados? Isto é o que George Habash disse - seu armamento não vai matar a vontade do povo palestino para lutar ".
O evento também homenageou os feridos Nidal Obeid, que acabou de voltar da Alemanha após o tratamento para uma lesão bala há dois anos nas mãos das forças de ocupação em Dheisheh campo de refugiados, bem como Yousef Katalo, o artista que criou o mural de honrar George Habash e as famílias dos mártires Khaled Jawabra, Malek Shaheen e Moataz Zawahreh, e Mohammed Abu Aker, os quais participaram do evento.
Desculpe, 

Ano novo, crise nova

Ano novo, crise nova

Jorge Cadima*
30.Jan.16 :: Outros autores
“Conscientes de que uma nova ronda de «austeridade» para os trabalhadores e povos e «maná do céu» para os multimilionários não é compatível com a democracia, as liberdades e a paz, sectores importantes da classe dominante preparam a via da repressão, do autoritarismo e da guerra. Para os trabalhadores e povos não há outra opção, senão preparar-se para o embate.”


O ano começou com uma nova crise bolsista mundial. Apesar das flutuações, é claro que estamos perante uma nova convulsão do sistema financeiro internacional. Há um facto incontornável: as políticas de miséria para os povos, mas de subsídios para o grande capital financeiro (como os chamados programas de Quantitative Easing – QE que o banco central dos EUA procura agora reduzir), promovidas após 2008, não resolveram os problemas de fundo do sistema capitalista mundial: agravaram as dívidas e as bolhas especulativas, sem redinamizar a economia produtiva. Mas o capitalismo mundial já não funciona sem essas injecções de dinheiro fácil na veia.
William White, ex-economista-chefe do BIS (o «banco dos banqueiros») e actual figura de destaque na OCDE é claro: «A situação hoje é pior do que era em 2007. Já foram usadas praticamente todas as nossas munições macro-económicas. […] As dívidas continuaram a avolumar-se durante os últimos oito anos e alcançaram níveis tais em todo o mundo que se tornaram uma fonte séria de problemas. Tornar-se-á óbvio na próxima recessão que muitas destas dívidas não serão [pagas] e isto será pouco confortável para muita gente que pensa que tem bens com valor» (Telegraph online, 19.1.16).
O jornalista que obteve estas declarações na véspera da abertura do recente Fórum Económico Mundial de Davos acrescenta que o «QE e as políticas de dinheiro fácil da Reserva Federal dos EUA e seus congéneres» são uma espécie de «tóxico-dependência», em que se gasta hoje aquilo que não se possui, mas que «acaba por perder efeito» e o dia chega em que «não há dinheiro para gastar amanhã».
«Dinheiro fácil» só existiu para os grandes banqueiros e capitalistas. Na semana passada (18.1.16), a organização de caridade inglesa Oxfam publicou um relatório com o título «Uma economia para os 1%». Cita o gigante financeiro Credit Suisse para afirmar que os 1% mais ricos detêm hoje mais riqueza do que os restantes 99% da população mundial. A Oxfam acrescenta outros números impressionantes: em 2015, 62 indivíduos possuem a mesma riqueza que 3,6 mil milhões de pessoas (metade da população do planeta). Desde 2010, a riqueza destes 62 multi-milionários aumentou 44%, enquanto que para a metade mais pobre da Humanidade se verificou uma quebra de 41%.
A crise não foi, seguramente, para todos. Não só não houve “sacrifícios repartidos”, como a crise do capitalismo foi usada para promover uma autêntica pilhagem de classe que engordou muito o grande capital à custa dos povos. Os orçamentos do Estado são usados para salvar os banqueiros (o Banif é o mais recente exemplo no nosso País), mas os banqueiros nem sequer pagam impostos para financiar os orçamentos do Estado. O Jornal de Negócios online publicou (12.12.16) uma notícia sobre o nosso País com o título «As 1000 famílias que mandam nisto tudo (e não pagam impostos)». Não é um problema só nosso. A Reuters noticiou (22.12.15) que «Sete dos maiores bancos de investimento que operam em Londres pagaram poucos ou nenhuns impostos na Grã-Bretanha no ano passado». Os sete referidos gigantes financeiros tiveram em 2014 lucros de 5,3 mil milhões de dólares naquele país, mas pagaram de imposto apenas 31 milhões, ou seja, menos de 0,006% dos seus lucros. Cinco dos sete nem pagaram um penny.
Quem esteja à espera que o problema se resolva com «mais regulação» ou «mais Europa» bem pode esperar sentado: entre os sete mega-caloteiros encontra-se a Goldman Sachs, de onde saiu o presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi.
A nova explosão de crise em 2016 vai agravar todas as já agudíssimas contradições no seio do capitalismo mundial. Conscientes de que uma nova ronda de «austeridade» para os trabalhadores e povos e «maná do céu» para os multimilionários não é compatível com a democracia, as liberdades e a paz, sectores importantes da classe dominante preparam a via da repressão, do autoritarismo e da guerra. Para os trabalhadores e povos não há outra opção, senão preparar-se para o embate.

* Jorge Cadima é Prof. da Universidade de Lisboa e analista político.

Este texto foi publicado no Avante nº 2.200 de 28 de janeiro de 2016.

Conheça as 10 estrelas mais próximas da Terra


segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Conheça as 10 estrelas mais p

O sol é uma estrela entre milhões na nossa galáxia. Mas muitas outras estrelas próximas existem, inseridas nos seus próprios sistemas e possivelmente algumas delas até terão planetas a orbitá-las. A presente lista detalha as 10 estrelas mais próximas das Terra, cada uma com o seu próprio sistema solar e algumas pertencendo a sistemas binários. Algumas delas são anãs vermelhas, sendo que possuem uma magnitude tão baixa que apesar da sua proximidade à Terra não as conseguimos ver a olho nu.
 
1. O Sol Distância: 8 minutos/luz 
 
Obviamente, a estrela mais próxima da Terra é a estrela central no nosso sistema solar, nomeadamente o nosso sol. Ele ilumina diretamente a Terra durante o dia e é responsável pelo brilho da Lua durante a noite. Sem o Sol, a vida como a conhecemos não existiria aqui na Terra.
 
2. Alpha Centauri
Distância: 4,24 anos-luz 
Alpha Centauri é na verdade um sistema composto por três estrelas. As estrelas principais no sistema de Alpha Centauri, chamadas de Alpha Centauri A e Alpha Centauri B ficam a cerca de 4,37 anos-luz da Terra. A terceira estrela, chamada Alpha Centauri C está gravitacionalmente associada à primeiro, mas na verdade está um pouco mais perto da Terra. a 4,24 anos-luz de distância.
 
3. Estrela de Barnard
Distância: 5,96 anos-luz 
Esta é uma anã vermelha ténue que fica a cerca de 5,96 anos-luz da Terra. No passado os cientistas acreditavam que a estrela de Barnard podia conter planetas ao seu redor, mas as tentativas de detectar tais objetos não resultaram em nenhuma observação. A estrela de Barnard fica situada se na constelação Ophiuchus.
 
4. Estrela Wolf 359
Distância: 7,78 anos-luz 
Wolf 359 está muito próxima, localizada a apenas 7,78 anos-luz da Terra, mas é tão fraca que não é visível a olho nu a partir do nosso planeta. É também uma anã vermelha fraca, e está localizada na constelação de Leão. Um fato interessante associado a esta estrela é que ela foi o local de uma batalha épica na série de televisão Star Trek: The Next Generation.
 
5. Lalande 21185
Distância: 8,29 anos-luz 
Lalande 21185 fica na constelação da Ursa Maior, e também é uma anã vermelha ténue que, como muitas das estrelas nesta lista, é muito fraca para ser vista a olho nu da Terra. Apesar disso, esta estrela tem suscitado particular interesse nos astrónomos, pois acredita-se que a mesma tem planetas a orbitá-la. No entanto, uma vez que se situa a uma distância de 8,29 anos-luz, não é provável que sejamos capazes de viajar para lá nas nossas vidas.
 
6. Sirius (α Canis Majoris)
Distância: 8,58 anos-luz  
O sistema binário de estrelas Sírius, composto por Sirius A e Sirius B está localizado a cerca de 8,58 anos-luz da Terra, nomeadamente na constelação de Canis Major. Mais comummente conhecida como a Estrela do Cão, a produção combinada de ambas as estrelas fazem de Sirius a estrela mais brilhante no céu. No entanto, tecnicamente Sirius B não é uma estrela, mas um remanescente estelar. Especificamente, é uma anã branca.
 
7. Luyten 726-8
Distância: 8,73 anos-luz 
Localizado na constelação de Cetus, Luyten 726-8 (também conhecida como Gliese 65) é um sistema estelar binário que fica a 8,73 anos-luz da Terra. Luyten 726-8B é também conhecida sob a designação de estrela variável UV Ceti, sendo o arquétipo para a classe de estrelas de flare.
 
8. Ross 154 (V1216 Sagittarii)
Distância: 9,68 anos-luz  
A cerca de 9,68 anos-luz da Terra esta anã vermelha é um estrela que pode aumentar o seu brilho de superfície por toda uma ordem de magnitude, em questão de minutos, e depois reverter rapidamente aos seus níveis normais. Está localizada na constelação de Sagitário é uma vizinha próxima da estrela de Barnard.
 
9. Ross 248 (HH Andromedae)
Distância: 10,32 anos-luz  
Ross 248, fica a cerca de 10,32 anos-luz da Terra, e está realmente movendo-se tão rapidamente que daqui a cerca de 36 mil anos ela vai assumir o título de estrela mais próxima da Terra (além do nosso Sol). No entanto, ele vai começar se afastar-se novamente e abandonar o título cerca de 9000 anos mais tarde. Esta anã vermelha, é alvo de estudo científico intenso, e a sonda Voyager 2 vai passar a cerca de 1,7 anos-luz da estrela daqui a cerca de 40.000 anos. A estrela está localizada na constelação de Andrômeda.
 
10. Epsilon Eridani (BD-09 ° 697)
Distância: 10,52 anos-luz  
Epsilon Eridani, fica a 10,52 anos-luz da Terra, localizada na constelação Eridanus. Esta é a estrela mais próxima que pode de ter planetas a orbitar em torno de si. Em termos de percepção visual, é a terceira estrela mais próxima que é visível a olho nu da Terra.

Fonte: ciencia-online.net

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sábado, 30 de janeiro de 2016

Por que as conversações de paz sobre a Síria estão fadadas ao fracasso

Por que as conversações de paz sobre a Síria estão fadadas ao fracasso 

PARECER, SÍRIA Escrito por Chris Tomson em30/01/2016
22:24 
Mais em Opinião: 
  A mitologia dos Moderados FSA No sul da Síria 27/01/2016 
O Muricy ISIS-Turquia Parceria de Negócios 26/01/2016 Pesadelo de Erdogan Predicament 26/01/2016 
Embora a organização guarda-chuva Arábia-backed 'alto Negociações Comittee "(HNC) decidiu participar nas negociações de paz sobre a Síria sobre o nome da oposição síria, vários grupos importantes, como facções curdas foram excluídos devido a ongoging pressão turca. 

No entanto, o enviado de paz da ONU Steffan de Mistrura garante que mais partidos estão para se juntar às negociações em breve. No entanto, um diplomata ocidental instruindo os meios de comunicação proclamou que as conversações organizadas para acabar com o conflito de cinco anos na Síria foram "um fracasso completo" antes mesmo de terem começado. 
Esse prognóstico sombrio é bastante viável quanto parece altamente improvável que essas facções em luta estão dispostos a chegar a um acordo com o outro tão cedo. 
Em primeiro lugar, os representantes do Estado Islâmico não ter sido convidado como este califado autoproclamado é amplamente aceito como um grupo terrorista. 
Em segundo lugar, Jabhat al-Nusra (al-Qaeda na Síria), que é uma das milícias de oposição mais poderosos também foi excluído devido a razões similares como ISIS.
Em terceiro lugar, nem o curdo Proteção Unidades Popular (YPG), nem as Forças Democráticas da Síria (SDF) foram convidados apesar desfrutando o apoio dos EUA e controlar grandes áreas do norte da Síria. 
Combinados, estes grupos ocupam cerca de metade das terras da Síria -, no entanto, nenhum deles terá sua voz ouvida nas negações de paz em curso. 
Com as conversações de paz de Genebra aparentemente prejudicando a si mesmos desde o início, a Federação Russa e Governo sírio também consideram vários grupos da oposição islamita HNC como organizações terroristas; estes inclui milícias proeminentes como Jaish al-Islam e Ahrar al-Sham. 

Além disso, a oposição síria (HNC) não reconhece a legitimidade do Governo sírio e por isso é improvável que até mesmo negociar com funcionários do governo. 
No entanto, alguns representantes Nações Unidas otimistas ainda têm grandes esperanças: "Eu tenho boas razões para acreditar que eles (HNC) são, na verdade, considerando que (ou seja, a paz) muito a sério. 
E, portanto, para estar em uma posição para provavelmente domingo para realmente começar as discussões com eles, a fim de ser capaz de prosseguir com as negociações intra-Síria ", disse o enviado de paz da ONU Staffan de Mistura. 
No entanto, com as tropas do governo avançando rapidamente desde setembro de 2015 através de várias províncias (Aleppo, Latakia, Daraa, Homs e Damasco) na Síria, isso dá ao Governo sírio pouco ou nenhum incentivo para processar por um acordo global de paz ou optar por qualquer negociação envolvendo um governo de transição. 
Enquanto as conversações de paz de Genebra estão programados para durar para os próximos 6 meses, a guerra na Síria continua em grande parte afetada, uma vez que entra no seu quinto ano com o número total de mortos sírio aproximando 400.000. 
Genebra Paz fala Síria 
             Chris Tomson

http://www.almasdarnews.com/article/why-the-peace-talks-on-syria-are-doomed-to-fail/ | Al-Masdar News

Edu Montesanti / A história suja de Hollywood

A história suja de Hollywood

27.01.2016
 
A história suja de Hollywood. 23671.jpeg
O Cinema como Instrumento de Idiotização em Massa
A indústria cinematográfica norte-americana em geral, grande lixo cultural, faz apologia das drogas, da violência, da pornografia, do individualismo, do consumismo artificial e do poderio bélico norte-americano, configurando-se também forte arma imperialista dos Estados Unidos, tudo isso recheado de mensagens subliminares entre as mais explícitas, que não são poucas e em nada primam pela discrição.
Apoiado pelo Departamento de Defesa do país que, através de contrato restritivo, orienta e apoia materialmente a produção de diversos filmes de Hollywood, o cinema é justamente um dos três maiores símbolos do American Way of Life, isto é, o Estilo de Vida Norte-Americano. E a história de Hollywood, principal indústria do cinema dos Estados Unidos e do mundo, é tão suja quanto àquilo que se propõe a vender ao mundo.
O surto do cinema iniciou-se nos anos de 1920 nos próprios Estados Unidos, que viviam os Frenetic Dancing Days, isto é, Dias de Dança Frenética. Tal metáfora, auto-definida pela sociedade local, deveu-se ao fato de que, emergidos da I Guerra Mundial como uma das grandes potências globais, os Estados Unidos gozavam de prosperidade que, até a Grande Depressão Econômica de 1929, parecia inesgotável e sem limites: a ordem era produzir e consumir cada vez mais, contrastando a situação do restante do mundo, de quem o país havia se isolado sob todos os aspectos. 

Foi deste modo que, aos novos produtores da cultura imperante, não importava nada do que continha fora de suas fronteiras pois os Estados Unidos, acreditavam, estavam destinados por Deus a salvar o planeta com sua cultura e a civilização do American Way of Life (crença esta que perdura até hoje, justificando até suas guerras não apenas entre norte-americanos, mas também entre as sociedades-fantoche de Tio Sam).
Neste contexto, junto do carro e do rádio o cinema obteve crescimento avassalador naqueles anos, e no final da década uma média de 100 milhões de norte-americanos frequentavam, semanalmente, os cinemas. Em todo o mundo, se conhecia os grandes ídolos do cinema dos Estados Unidos e, a partir de então, tal veículo de comunicação passou a impor às sociedades de praticamente todo o planeta, ao longo do século passado até o presente, estilos de moda, consumismo artificial, padrões de beleza, de conduta, políticos entre diversas outras imposições de acordo com o "messiânico"American Way of Life.
Contemporâneos piratas, de terno e gravata
Contudo, confirmando o velho e manjado vezo popular que "o que começa errado termina errado", Hollywood possui uma história que está à altura exata do que produz até hoje nas sociedades mundiais. No livro Cultura Livre, Lawrence Lessig mostra que, apoiada pelo governo local, a gigante das filmagens nasceu da pirataria que, aliás, não é exceção à regra nos negócios norte-americanos. Veja uma passagem do livro de Lessig (citada no jornal A Nova Democracia de dezembro de 2008):
"A indústria cinematográfica de Hollywood foi construída por piratas fugitivos. Os criadores e diretores migraram da Costa Leste para a Califórnia no começo do século 20, em parte para escapar do controle que as patentes ofereciam ao inventor do cinema, Thomas Edison. 

"Esses controles eram exercidos através de um truste monopolizador, a Companhia de Patentes da Indústria Cinematográfica, e eram baseadas na propriedade intelectual de Thomas Edison - patentes. Edison formou a MPPC (Motion Pictures Patents Company, ou Companhia de Patentes de Filmes de Movimento) para exercer os direitos que a sua propriedade intelectual lhe dava, e a MPPC era bem séria sobre o controle que exigia.

"Como um comentarista cita em uma situação dessa história: '(...) Os independenteseram companhias como a Fox. E de forma semelhante ao que acontece atualmente, esses independentes foram duramente enfrentados. As filmagens eram paralisadas pelo roubo de equipamentos, e acidentes resultavam na perda de negativos, equipamento, prédios e algumas vezes até mesmo de vidas'.

"Isso levou os independentes a fugir da Costa Leste. A Califórnia era remota o suficiente do alcance de Edison para que esses cineastas pirateassem suas invenções sem medo da lei. E os líderes do cinema de HollywoodFox entre eles, fizeram exatamente isso.

"Claro que a Califórnia cresceu rapidamente, e logo a proteção às leis federais acabou chegando ao oeste. Mas como as patentes davam ao dono delas um monopólio realmente limitado (apenas dezessete anos naquela época), quando suficientes agentes federais apareceram, as patentes haviam expirado. Uma nova indústria nasceu, em parte por causa da pirataria da propriedade intelectual de Edison."
Departamento de Defesa dos EUA: "É nosso interesse participar da produção de filmes"
A fim de exaltar a superioridade militar do Estados Unidos, de favorecer a política local de recrutamento, exercer censura e passar a ideia de que a guerra é uma solução necessária, o Departamento de Estado do país participa diretamente da produção de muitos filmes desde o nascimento do cinema, exercendo sempre papel fundamental em suas empreitadas militares: cineastas, visando economizar, procuram a ajuda do Pentágono que lhes fornece imagens de arquivo, assessoria técnica, acesso a equipamentos de última geração, autorização para filmar em instalações militares etc.
Em troca, os produtores de Hollywood submetem seu trabalho aos escritórios do Pentágono responsáveis em auxiliar as produções cinematográficas militares, cujos termos estão inscritos em contrato restritivo, que diz: 

""A produção deverá ajudar os programas de recrutamento das Forças Armadas.

"(...) A companhia produtora consultará o Departamento de Defesa para todas as cenas militares durante a preparação, filmagem e montagem". Segundo Philip Strub, assessor especial de mídia e entretenimento do Departamento de Defesa, "é nosso interesse participar da produção de filmes" (fonte: Victor Battaggion, em Hollywood a Serviço do Pentágono, no seguinte sítio:
Em 1917, quando os EUA entraram na I Guerra Mundial, o Comitê de Informação ao Público do então presidente Wodroow Wilson contou com o auxílio da indústria do cinema, a fim de produzir filmes que gerassem apoio à "batalha norte-americana" junto à sociedade. 

O pacto entre o governo do país e o cinema cresceu durante a II Guerra Mundial, através da ampla propaganda fornecida por Hollywood e, após esta que foi a guerra mais devastadora da história da humanidade, Washington retribuiu com enormes subsídios à maior indústria cinematográfica do globo, com verbas especiais do Plano Marshall (bilhões de dólares despejados nos países europeus a fim de trazê-los para o lado dos EUA em sua Guerra Fria com a ex-União Soviética) e persuasão para abrir mercados europeus resistentes.

Desde a segunda metade do século XX, Hollywood tem tratado de ridicularizar o povo árabe e persa, além de colocá-los como potencialmente terroristas bem como a religião predominante deles, o Islã, a fim de justificar também as imperialistas, sucessivas e sangrentas ocupações militares de seus padrinhos da Casa Branca no norte da África e Oriente Médio, região mais rica em petróleo do mundo.
Mais recentes evidências dessa podre parceria de sucesso, corrupta aliança histórica entre a Casa Branca e Hollywood, são os filmes Zero Dark, que passa a ideia de que os métodos de tortura praticados pela CIA, sob os governos de George Bush filho (2001-2009) e Barack Obama hoje, ajudaram a capturar Osama bin Laden (paupérrima história mesmo na vida real), e Argo, o qual repete a velha propaganda cinematográfica colocando o mundo islamita como terrorista e carente da intervenção messiânica dos EUA.
No caso particular de Argo, trata do Irã, motivo de obsessão invasora dos tomadores de decisão de Washington desde que a Revolução Iraniana de 1979 derrubou o presidente xá Reza Pahlevi, pró-Ocidente, e nacionalizou o petróleo.

Pois tal produção trata exatamente dos primeiros anos daquela revolução e, não por coincidência, Argo foi vencedor do Oscar' 2013, prêmio entregue pessoalmente pela primeira-dama norte-americana, Michelle Obama, ao diretor Ben Affleck.
Do imperialismo nas telas do cinema à contracultura norte-americana na vida real, em abril de 2009 a Embaixada dos Estados Unidos na Síria enviou telegrama secreto revelado por WikiLeaks em abril de 2012, em que a embaixadora-espiã Maura Connelly dizia enquanto o cenário para a tal "Primavera" síria era arquitetada nos bastidores dos porões do poder global:
"A atratividade da cultural dos EUA ainda é um mecanismo poderoso para a mudança da Síria. É revelador que, quando o SARG buscou punir os EUA por seu suposto papel no ataque em Abu Kamal em 26 de outubro de 2008, eles evitavam objetivos políticos mas, ao invés disso, fecharam as três principais fontes da cultura norte-americana em Damasco: o Centro de Cultura Americana (ACC), o ALC e a Escola da Comunidade de Damasco.
"Contar com mais programação cultural, mais programas com alto-falante e o IV programa de intercâmbio, continuam sendo nossas melhores ferramentas para ter um efeito direto sobre a sociedade civil" (tradução exclusiva desse telegrama ao português, que inclui injeção secreta de 12 bilhões de dólares por parte de Washington de 2005 a 2010 para instalação de canal de TV via satélite a ser transmitida dentro da Síria, aqui
Vamos ao cinema ou comer pipoca?
Quanto à barbárie cultural do cinema ao longo de todos estes anos, na era do lucro não importando como e nem para quê, uma boa evidência do fato de que ele se propõe a alienar as pessoas, além de todas as evidências nas próprias telas, são as citações de E. J. Epstein, autor do livro O Grande Filme, reproduzindo a filosofia cultural de um executivo de cinema estadunidense (citado por Emir Sader no artigo Vamos ao Cinema ou Comer Pipoca?, na revista Caros Amigos):

"'O segredo para uma boa cadeia de multiplexes bem sucedida está naquela porção extra de sal acrescentada à pipoca', disse o executivo. A alta produtividade de pipoca produz grande quantidade com uma porção relativamente pequena de grãos - favorece esses ganhos.

"Por isso projetam as novas salas para que os espectadores passem antes pela lanchonete: 'Nosso negócio se baseia na movimentação das pessoas. Quanto mais pessoas conseguimos fazer passar pela pipoca, mais dinheiro ganhamos', afirmou um dono de cinema norte-americano. Ele caracteriza o porta-copo em cada cadeira das salas como 'a inovação tecnológica mais importante desde a sonorização'(!). Daí o peso essencial que o público jovem tem, como consumidor concentrado de pipoca e refrigerantes.

"A economia política da pipoca, que comanda a indústria cinematográfica, influencia até na extensão dos filmes. Os muitos longos - de mais de 128 minutos - diminuem uma sessão diária e, com isso, o consumo de pipoca, sal e refrigerante."

Emir Sader conclui sua matéria: "Difícil seguir chamando de arte o cinema - pelo menos o estadunidense, submetido á lógica da pipoca". Acrescente-se a isso a lógica da imposição de valores e a pilhagem da riqueza alheia
Hollywood e cigarro: Macabra e bilionária parceria de sucesso
Em seu livro O Cigarro (2001, Publifolha, 88 pp.), o jornalista Mario Cesar Carvalho evidencia que a indústria do cigarro não apenas sabia, desde a década de 1950 (anos em que o fumo foi amplamente difundido como jamais antes na história se transformando em "coqueluche" mundial, grande ícone da moda vendido pela publicidade e pelas telas do cinema norte-americano), que o que ela produzia causava câncer, como também foi apoiada justamente por Hollywood para esconder tal fato das sociedades mundiais até os anos de 1990, enquanto colocavam (assim como fazem ainda hoje em grande medida) o cigarro como expressão de liberdade, imponência, contemplação de novos horizontes, muito charme e, paradoxalmente com um sopro macabro de saúde (!).

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), no século XX o cigarro, "droga lícita" segundo os governos ocidentais, matou mais de 100 milhões de pessoas e mata atualmente 3,5 milhões de pessoas no mundo ao ano. De acordo com pesquisas doAtlas do Tabaco lançado pela Sociedade Americana do Câncer e pela Fundação Mundial do Pulmão, apenas em 2010 o tabagismo levou à óbito 6 milhões de pessoas em todo o mundo, com tudo isso se configurando o cigarro na maior causa de mortes evitáveis na história da humanidade - sob as bênçãos de Hollywood rendendo, assim, bilhões de dólares à indústria do tabaco, da publicidade, aos governos (por meio dos impostos) e, é claro, à própria Hollywood.
E formar idiotas por quê?
A esperteza que levou os piratas à Califórnia permanece na indústria do cinema hoje, que não receberia apoio direto do Estado norte-americano para investir bilhões e bilhões de dólares em tanta fezes moral e intelectual, caso não houvesse bons motivos para isso, os quais vão muito além dos exorbitantes lucros conforme vimos.
A mais eficiente arma para as forças corruptas de dominação seguirem ganhando terreno, mentes e corações se dá através da aniquilação da cultura e do senso crítico (*), sendo que tal supressão, muitas vezes de maneira sutil, é via de regra na história imperialista mundial, e sua prática é nata em qualquer indivíduo com mentalidade reacionária. 

À "civilização" norte-americana e sua política coercitivo-expansionista, por sua vez, é fundamental que as sociedades (inclusive a sua) estejam idiotizadas, excluindo delas a necessidade de pensar, de questionar e de ter memória, submetendo a tudo e a todos aos princípios "superiores" e "salvadores" dos Estados Unidos.

Rambo foi produzido no início da década de 1980 para cicatrizar as feridas norte-americanas da vexatória derrota no Vietnã em 1973, na qual foram usadas pelos Estados Unidos até bombas químicas (o agente laranja, caracterizando crime de guerra).

E quando o país mal havia  se recuperado moralmente dessa derrota, os escândalos de corrupção envolvendo os presidentes Richard Nixon (1969-1974) e Ronald Reagan (1981-1989), somados à derrota no Irã em 1979, configuraram-se em outros duros golpes que colocaram definitivamente em xeque a democracia do país perante o mundo. Desses seguidos vexames veio o herói-justiceiro do cinema.

Pois Rambo, escolhido com toda sua robustez justamente para passar ao mundo uma imagem de poder dos Estados Unidos, é um personagem "artístico" que representa bem a rapinagem que só cresce naquele país, bem como a estatura intelectual e moral, e a truculência dos Estados Unidos, tanto dentro do país quanto em sua política externa.
Mas você não precisa ser o que querem que você seja

Nunca houve tanto conhecimento científico e tecnológico, nem nunca houve tanta informação e em tempo real como hoje, assim como nunca também o ser humano esteve tão afastado da realidade e da sua própria existência, quanto atualmente.

A violência, a corrupção, a alienação como instrumento de dominação psicológica, a fome, a degradação ambiental e as guerras só aumentam e as sociedades não só não questionam como mal percebem tudo isso, havendo uma consequente inversão de valores: assiste-se telenovela como se fosse real, e o real como se fosse telenovela.

Diante dessa barbárie cultural e moral, se for o caso reconsidere profundamente ideias e costumes ainda que estes sigam a corrente predominante: siga sua consciência e suas paixões, não aquilo que impõem a você muitas vezes de maneira sutil, com aspecto sedutor mas mofado e escravizante na essência. Mude de canal, troque o DVD, renove a programação com os amigos, preserve sua cultura como o patrimônio mais precioso que possui.
Biografia:
Edu Montesanti é professor de idiomas, autor de Mentiras e Crimes da "Guerra ao Terror" (Scortecci Editora, 2012), colaborador do Diário Liberdade (Galiza), de Truth Out (Estados Unidos), tradutor do sítio na Internet das Abuelas de Plaza de Mayo (Argentina), da ativista pelos direitos humanos, escritora e ex-parlamentar afegã, Malalaï Joya, ex-articulista semanal do Observatório da Imprensa(Brasil), e editor do

pravda.ru

Hillary Clinton: Israel primeiro que tudo Robert Fantina*

Hillary Clinton:
Israel primeiro que tudo

Robert Fantina*
29.Jan.16 :: Outros autores
Em 2008, Hillary Clinton disputava a nomeação pelo Partido Democrático em clara vantagem sobre Barack Obama, de acordo com os media do império na época.
Hillary pode ser a mais perfeita imitação da Barbie, como disse James Petras numa das suas visitas a Lisboa, mas aprendeu, na altura, quanto vale o lobby judeu numa eleição para o mais alto cargo nos EUA, como prova este texto de Robert Fantina.
Então, Rahm Emanuel, filho de um sionista russo «membro das forças de Irgún de Begin» na limpeza étnica, e alegado «oficial do exército israelita» ou apenas «membro do Amal, o serviço secreto do exército israelita» trocou a meio campanha de Hillary, de que era o principal responsável, pela de tesoureiro da campanha de Obama. Como consequência desta transferência, Obama veio a consagrar-se candidato dos Democratas, depois de ter batido todos os recordes de recolha de fundos (a rainha das sondagens nos EUA…), alegadamente junto do lobby judeu norte-americano.
E Hillary teve de contentar-se com o lugar de secretária de Estado de Obama, que desempenhou, sem brilho e nem glória, durante 4 anos.


Ainda que faltem dez meses para o próximo exercício de futilidade eleitoral nos EUA, a maioria das sondagens não dizem o que mais gostariam que acontecesse à ex-secretária de Estado Hillary Clinton: uma vitória estrondosa da sua candidatura. É um bom sinal que, apesar de não ter no campo democrático nenhum opositor real que se destaque, a grande coroação esperada parece não vir a ter lugar.
Centrando-nos na adoração que a srª Clinton sente por Israel, e vendo os seus comentários sobre essa nação de apartheid pode ter-se uma visão clara de algumas das perspectivas mais amplas e preocupantes que a srª Clinton parece ter claramente assumidas.
Em 6 de Janeiro, apareceu no The Jewish Journal um artigo de opinião escrito pela srª Clinton. Trata-se de um ensaio servil, sentimentalista, típico da narrativa de alguém que tenta ocupar o grande lugar político nacional dos EUA e que sabe ter de prestar homenagem ao seu amo e senhor israelense. Há vários pontos neste ensaio que dizem muito sobre a srª Clinton:
«Estou especialmente preocupada pela nova onda de violência dentro do próprio Israel: apunhalamentos brutais, disparos e ataques com veículos que apenas procuram semear o medo entre os inocentes.»
O número de palestinos assassinados na Cisjordânia, só por colonos e pelas terroristas forças israelenses de ocupação, é a mais alta dos últimos dez anos. Por que razão a srª Clinton não está «especialmente preocupada» pela continuada onda de violência contra os palestinos numa zona que, inclusive os EUA, dizem que Israel ocupa de forma ilegal? Acaso não procuram esses brutais ataques «semear o medo» entre os inocentes?
«Só a solução dos dois Estados negociada entre as partes pode proporcionar aos palestinos a independência, soberania e dignidade, e levar aos israelenses as fronteiras seguras e reconhecidas de um Estado democrático judeu.»
Porquê, oh porquê, a srª Clinton continua a fazer esta ridícula declaração? As fronteiras do Estado judeu foram reconhecidas pela maioria do mundo, incluindo as Nações Unidas, que são as que foram determinadas antes de 1967. Não há nada para negociar. Despreza a srª Clinton o direito internacional? Parece sentir que Israel, tal como os EUA nos seus acordos internacionais, está na verdade acima da lei?
Uma vez mais, devo assinalar que as negociações que se têm vindo a realizar de forma intermitente ao longo de vinte anos, só podem ser eficazes se cada uma das partes quer qualquer coisa que a outra tem e que só poderá ser alcançada se entregar qualquer coisa que ela tem. Israel quer a Palestina inteira, e dela se vai apoderando, pedaço a pedaço, com total impunidade. Por que razão deverá a Palestina aceitar mais conversações inúteis?
A srª Clinton fala de fronteiras «seguras e reconhecidas» de um Estado judeu, mas parece não considerar reconhecer de forma alguma as fronteiras «seguras e reconhecidas» de um Estado palestino.
«Temos de continuar a luta contra os esforços globais para deslegitimar Israel. O Movimento a favor do Boicote, Desinvestimento e as Sanções, conhecido como BDS, é a última frente de batalha. O BDS demoniza os intelectuais e cientistas israelenses – inclusive os jovens estudantes – e compara Israel com o apartheid sul-africano. Isto é um erro e há que por termo a esta campanha.»
Os esforços mais significativos para deslegitimar Israel são os que faz o próprio Israel. A sua sociedade racista onde os judeus têm mais direitos que qualquer outra pessoa; o seu sistema de segregação, próprio de um apartheid; o seu total desprezo pelos direitos humanos dos palestinos; as suas declarações homicidas e racistas feitas pelas autoridades do seu governo, tudo isso deslegitima ainda mais o país, demonizando-o, e com razão. Israel é amiúde comparado com o apartheid sul-africano e a comparação é legítima.
E não o é apenas no contexto de Palestina e Israel em que a srª Clinton demonstra uma enorme ignorância ou uma grande desonestidade. O seu ensaio também continha estas pérolas de sabedoria:
«Temos que trabalhar com os nossos amigos e parceiros para privar o ISIS de território no Médio Oriente, desmantelar a infraestrutura global de terror e reforçar as nossas defesas em casa. Não podemos limitar-nos a conter o ISIS, temos que o derrotar.»
É realmente esse o objectivo dos EUA? Garikai Chengu, investigador da Universidade de Harvard, sugeriu em Setembro de 2014 que o ISIS «é um produto made in USA», um instrumento de terror desenhado para dividir e conquistar o Médio Oriente, rico em petróleo, e contrariar a crescente influência do Irão na região.
Em Junho de 2015, numa coluna do The Guardien, o editor associado Seumas Milne escreveu o seguinte: «Os EUA e os seus aliados não só estavam a apoiar e armar uma oposição que sabiam estar dominada por grupos sectários extremistas; estavam dispostos a consentir a criação de algum tipo de «Estado Islâmico» - apesar do «grave perigo» que tal pressupunha para a unidade do Iraque – como amortecedor sunita para debilitar a Síria.
Apesar de tudo isto, a srª Clinton não comentou onde e como o ISIS obteve grande parte do seu sofisticado armamento. Em 2014, o Departamento de Defesa emitiu um comunicado onde falava de alguns progressos para a destruição do ISIS. Dizia o comunicado à imprensa: «Os três ataques destruíram três veículos armados do ISIL, uma bateria anti-aérea montada num veículo do ISIL, um posto de controlo do ISIL e um «armazenamento de dispositivos explosivos improvisados (IED, na sua sigla em inglês)…»
Alex Kane, em comentário a esta informação em Alternet, disse o seguinte: «O que o Pentágono não referiu é que os veículos armados e a artilharia bombardeada tinham provavelmente sido pagos com dólares dos impostos estadunidenses. As armas que o ISIS possui são outra forma sombria de contragolpe pela invasão estadunidense do país (Iraque) em 2003. Qualquer coisa parecida como a intervenção que na Líbia derrotou o ditador Muamar Kadafi, mas que também destabilizou o país e facilitou um enorme fluxo de armas para os combatentes do Mali, onde a França e os EUA empreenderam uma guerra em 2013». Portanto, como não só está em dívida com os lóbis israelenses mas também com os denominados contratados da defesa nos EUA, a srª Clinton utilizará o poderio militar estadunidense para destruir o que o tal poderio militar estadunidense proporcionou ao ‘inimigo’.
«Temos que enviar uma mensagem ao Irão. Em Teerão não podem haver dúvidas de que os seus dirigentes violam os compromissos procurando, desenvolvendo ou adquirindo qualquer arma nuclear, nem que os EUA os irão dete. O Irão testar a nossa determinação com as suas esperiências com misseis balísticos, pelos quais deveríamos impor-lhes novas sanções. Têm que compreender que os EUA actuarão com decisão se o Irão violar o acordo nuclear, inclusive se for necessária a acção militar.»
Uma vez mais, qualquer pessoa tem que perguntar por que é que Israel pode ter armas nucleares e o Irão não pode. Parece que, no retorcido ponto de vista sobre o mundo da srª Clinton, alguns países podem ter capacidade para defender os seus cidadãos e outros não. E parece que os que podem são precisamente os que não respeitam o direito internacional.
«Necessitamos de assegurar que Israel continue a manter a sua vantagem militar qualitativa».
Os EUA enviaram para Israel quase 4.000 milhões de dólares em 2015, grande parte da qual de índole militar, que serviu para matar mais de 2.000 palestinos, incluindo mais de 500 crianças. Israel bombardeou hospitais, centros de refúgio das Nações Unidas, escolas mesquitas e edifícios residenciais, tudo em violação do direito internacional. É assim que consegue que se mantenha ‘a qualitativa vantagem militar de Israel’.
Continuar com este texto é uma tarefa só ao alcance de estômagos fortes; como fez anteriormente em muitas ocasiões, a srª Clinton suspira romanticamente quando fala de Israel.
«Para mim, isto é mais do que política, é qualquer coisa de pessoal. Nasci poucos meses antes de Israel declarar a sua independência. A minha geração chagou á maioridade a admirar o talento e a tenacidade do povo israelense, que converteu um sonho em realidade no duro solo desértico. Vimos como uma pequena nação lutou sem medo pelo seu direito de existir e construir uma florescente e enérgica democracia. E, depois de tudo isso, a procura da paz por Israel foi tão inspiradora como a sua habilidade para a guerra. É por isso que, como muitos outros estadunidenses, sinto uma profunda conexão espiritual com Israel. Somos nações entrelaçadas, dois territórios levantados por emigrantes e exilados que procuravam viver e rezar em liberdade, animados por espíritos democráticos e sustentados pelo labor e sacrifício de gerações de patriotas».
O povo israelense ‘converteu o sonho em realidade’ em cima a expulsão forçada de quase 700.000 palestinos deslocados e das tumbas de pelo menos 10.000 assassinados, para dar lugar a que aquele sonho se convertesse em realidade.
Israel é uma democracia apenas na visão da srª Clinton e de outros políticos que dependem das muito generosas doações dos lóbis israelenses para comprarem os seus poderosos lugares. Só com votações periódicas um país não se converte numa democracia.
A srª Clinton elogia a busca da paz por Israel, ignorando a contínua construção de assentamentos condenada por todo o mundo. Acaso não sabe a srª Clinton que é uma violação do direito internacional que uma potência ocupante traslade permanentemente os seus cidadãos para terras ocupadas? Não ouviu o Primeiro assassino israelense, Benjamin Netanyahu afirmar categoricamente que não vai retirar nenhum colono dos ilegais assentamentos na Cisjordânia? Esta é simplesmente uma prova mais de que o direito internacional não tem qualquer significado para a srª Clinton.
E aí temos a mulher que vai ser, que poderia muito bem vir a ser, presidente. Que significará tudo isso? Mais opressão para os palestinos; mais guerra; mais desestabilização no Médio Oriente; mais invasões estadunidenses onde os EUA decidam que os seus interesses e os do seu amado Israel estão ameaçados, espezinhando o direito internacional e a diplomacia. Mais do mesmo, de ‘não há razão como a do bastão’; menos atenção aos direitos humanos por todas as partes e mais ajuda para que os ricos sejam mais ricos.
Buscamos em vão um democrata ou um republicano que se diferencie da srª Clinton. Mas não há um ‘mal menor’ em quem votar; o mal é universal nos dois principais partidos políticos estadunidenses, que parecem clones um do outro. Já está na hora de aparecer um terceiro partido viável no passa por ser uma democracia dos Estados Unidos. Até que isso aconteça o negócio será tão sangrento como de costume.
* Robert Fantina é jornalista e escritor. O seu último livro é Empire, Racism and Genocide: a History of US Foreign Policy
Este Texto foi publicado em www.rebelion.org/noticia.php?id=207934
Tradução de José Paulo Gascão
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