quinta-feira, 31 de março de 2016

Atos reforçam repúdio a tentativas de derrubar o governo, mas cobram nova política

Atos reforçam repúdio a tentativas de derrubar o governo, mas cobram nova política

Manifestantes cobram mudanças na política econômica, mas também defendem legalidade e democracia, no dia em que se completam 52 anos do golpe que derrubou o governo Jango
por Redação RBA publicado 31/03/2016 21:17, última modificação 31/03/2016 21:24
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São Paulo – Os setores da sociedade contrários ao impeachment, que identificam nesse processo uma tentativa de golpe para derrubar um governo legitimamente eleito e que não cometeu crime de responsabilidade, reuniram centenas de milhares de pessoas pelo país hoje (31), para mostrar que nem todos são favoráveis à retirada da presidenta Dilma Rousseff. Embora façam críticas ao governo e suas políticas, esses movimentos defendem a legalidade e a normalidade democrática, ao mesmo tempo em que cobram medidas para recuperar a atividade econômica e retomar o crescimento. A pauta da Frente Brasil Popular e da Frente Povo sem Medo era clara: em defesa da democracia e dos direitos trabalhistas, contra o golpe e por outra política econômica.
As manifestações, que ocorreram na maioria dos estados, também remetem aos 52 anos do golpe civil-militar que derrubou o governo João Goulart e iniciou um período de ditadura do qual o país só sairia a partir de 1985. O ato realizado na Praça da Sé, na região central de São Paulo, fez lembrar o comício das Diretas Já, em 25 de janeiro de 1984, quando se pedia o restabelecimento das eleições para presidente da República – o que só ocorreria em 1989.
O professor Paulo Sérgio Pinheiro, ex-integrante da Comissão Nacional da Verdade e secretário de Direitos Humanos no governo Fernando Henrique Cardoso, recordou a data e fez críticas ao partido que agora articula a queda da presidenta, anunciando sua saída do governo, no qual permanece com o vice, Michel Temer. "A Praça da Sé lotada novamente é um recado para esse PMDB golpista", afirmou Pinheiro, de acordo com o site da revistaFórum. Ele lembrou ainda que o ato das Diretas era liderado exatamente pelo PMDB.
Figura presente em todos os comícios daquele período e nas manifestações políticas e eleitorais das décadas seguintes, o cantor e compositor Chico Buarque apareceu hoje no ato realizado no Largo da Carioca, centro do Rio de Janeiro, para criticar o golpe. Em rápida intervenção, disse que a manifestação poderia reunir pessoas que votaram ou não em Dilma, e inclusive eleitores decepcionados com os rumos do governo, mas que não se poderia duvidar da integridade da presidenta. Segundo ele, os presentes estavam "unidos pelo apreço à democracia e em defesa intransigente da democracia".
Alvo de ataques por suas posições políticas e preferências eleitorais, Chico também lembrou de 1964, vivido por sua geração. "Vocês me animam a acreditar que não, de novo, não, não vai ter golpe", afirmou aos manifestantes no Rio.
Representantes da classe artística já haviam se reunido pela manhã, no Planalto, com Dilma, para manifestar apoio. O neurocientista Miguel Nicolelis não participou, mas mandou um vídeo com um pedido à presidenta para resistir. "O mundo inteiro sabe da tentativa de se remover uma presidenta sem a legitimidade das urnas, mas por meio de um processo que combina múltiplas formas, que se iniciou na noite do anúncio do resultado das urnas", afirmou. "Os que insistem no seu afastamento atropelam a legalidade, subvertendo o Estado democrático de direito. Os que tentam promover a saída de Dilma arrogam-se hoje sem qualquer pudor como detentores da ética, mas serão execrados amanhã, não tenho dúvida", afirmou na cerimônia o escritor Raduan Nassar.
A preocupação com a turbulência política motivou uma reunião do ministro da Justiça, Eugênio Aragão, com o presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, nesta tarde. "A onda de ódio não pode continuar", disse Aragão, pedindo também respeito às decisões judiciais. "A Constituição garante aos nossos juízes a independência. Nós temos que garantir que eles julguem a partir de sua consciência e do texto constitucional", declarou, acrescentando que "não é admissível que se comece a agredir um ministro e suas famílias em razão de opiniões leigas diferentes e, muitas vezes, inspiradas por noticiário deturpado".


Com informações de agências

Liberação de Palmira

Os países ocidentais bloquear na resolução CS na liberação de Palmira
Rússia interpretou a recusa ocidental para aprovar a resolução sobre a libertação de Palmyra no Conselho de Segurança da ONU e a ausência de uma falta de interesse ocidental no processo de paz na Síria e medidas para erradicar o terrorismo, EI neste caso .. "a decisão de bloquear o projeto de resolução no Conselho mostra que o Ocidente não está interessado no processo de paz na Síria", disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores russo, Maria Zajarova. "esta decisão rejeitar a adopção da resolução mostra que eles não estão interessados ​​no processo de libertação da Síria a partir da presença de terroristas. Nem sequer são valores culturais e outras coisas que eles dizem paradefender , "disse Zajarova. "Interesses geopolíticos que está por trás disso , " ela acrescentou. Ela disse que a Rússia decidiu agora para apresentar um projecto de resolução sobre Palmira na UNESCO, em que "a cooperação internacional para a reconstrução da antiga cidade arqueológica de Palmyra é solicitado". Zajarova considerou estranho que países como o US, França e Reino Unido expressar a sua recusa em aprovar um projeto que comemora a derrota na Palmira EI, pouco depois de o grupo realizou ataques em Paris e Bruxelas.

quarta-feira, 30 de março de 2016

A arquitetura do golpe


A arquitetura do golpe

temer-e-cunha1
Acordão já está feito. PMDB trabalha a formação do novo governo.
Dilma cai pelas mãos de Eduardo Cunha. Ela sem nenhum crime, ele réu na Lava-Jato com meio bilhão de reais no exterior.
Temer assume e divide ministérios entre a oposição de direita, leia-se PSDB, DEM, PPS, Solidariedade e outros.
Temer será denunciado pelos mesmos supostos crimes de Dilma, mas aí a política dos dois pesos e duas medidas é que vai valer. No caso dele, não será crime as tais pedaladas fiscais que ele também assinou.
Eduardo Cunha sai de cena depois de dirigir o impeachment, mas terá seus processos arquivados.
Aécio, Renan Calheiros e todos os outros terão seus processos arquivados por falta de provas.
A Lava-Jato vai ser encerrada, por que a oposição vai reconhecer em breve os excessos do juiz Sérgio Moro, que será escanteado.
A direita raivosa que está nas ruas se sentirá saciada pelas cabeças de Lula e Dilma entregues numa bandeja.
A esquerda vai às ruas denunciar o golpe. Tiro, porrada e bomba em todo mundo e utilização da lei antiterrorismo, criminalizando a todos que, segundo a Globo, tentam aplicar um golpe comunista.
Jobert Fernando de Paula
Diretor do Sindieletro-MG
A Verdade
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Wayne Madsen / A última criação de Langley: A revolução do pato amarelo no Brasil

A última criação de Langley:
A revolução do pato amarelo no Brasil

por Wayne Madsen [*]
A mais recente revolução cozinhada pelos agentes "soft power" da Central Intelligence Agency que actuam nos legislativos federal e estaduais brasileiros, nos media corporativos, nos tribunais e nos gabinetes de promotores – todos eles incitados pela ajuda financeira de organizações não governamentais de George Soros – é a "Revolução do pato amarelo".

Enormes patos amarelos infláveis – que dizem representar a "fraude" económica da presidente Dilma Rousseff e do seu governo do Partido dos Trabalhadores – surgiram nasmanifestações de rua financiadas pelos EUA em Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo. Os principais coordenadores destes protestos são encontráveis nas maiores federações corporativas e nos conglomerados de media possuídos por corporações e todos eles têm ligações a organizações internas não lucrativas como o Vem Pra Rua – uma típica denominação em estilo Soros – e o Movimento Brasil Livre , que por sua vez é financiado pelos suspeitos habituais:   o National Endowment for Democracy ( NED ),   a US Agency for International Development (USAID) e o Open Society Institute de Soros.

Depois de tentar armar uma derrota eleitoral da presidente progressista e de esquerda [1] do Brasil, Dilma Rousseff, através de uma combinação de assassínio de um candidato presidencial (o assassinato aéreo de Eduardo Campo em 2014 para abrir o caminho à presidência à candidata verde ao serviço da Wall Street, Marina Silva, companheira de lista de Campos), de "contratar uma multidão" para manifestações de rua e de propaganda nos media corporativos, os diabos de Langley agora estão a tentar correr Rousseff do cargo através de um processo de impeachment "Made in America". Consciente de que o antecessor e mentor progressista de Rousseff [1] , Luís Inácio Lula da Silva , fora visado por promotores brasileiros na folha de pagamentos da CIA para prisão e processo por suborno, ela nomeou-o para o seu governo com nível ministerial e imunidade a processo [em baixa instância, NR]. Lula só se tornou um alvo porque manifestou o seu desejo de concorrer à presidência após o término do mandato de Rousseff em 2016.

O Partido dos Trabalhadores destaca correctamente que as manobras de impeachment legislativo contra Rousseff e as operações judiciais contra ambos, Rousseff e Lula, emanam de Washington. As mesmas "regras da lei" foram avançadas pela CIA nas operações contra os presidente Cristina Fernandez de Kirchner na Argentina, Rafael Correa no Equador, Evo Morales na Bolívia, Nicolas Maduro na Venezuela, Fernando Lugo no Paraguai e Manuel Zelaya em Honduras. Nos casos de Lugo e Zelaya, as operações tiveram êxito e ambos os líderes foram removidos do poder por forças direitistas apoiadas pela CIA.

Protestos de rua contra Rousseff, desde que começaram em 2014, assumiram a típica concepção de Soros de uma revolução. Tal como os desastrosos protestos da Primavera Árabe, inspirados por Soros e alimentados pela CIA, no Egipto, Líbia, Síria e Tunísia, assim como o protesto do Euromaidan na Ucrânia, o movimento Vem Pra Rua e o seu associado Movimento Brasil Livre são basicamente campanhas capitalistas politicamente motivadas apoiadas no Facebook, Twitter, redes de rádio, televisão, jornais e sítios web pró insurreição.

Além dos patos amarelos insufláveis, os protestos de rua foram assinalados por bonecos fabricados rapidamente com Lula em uniforme de prisão [2] e um cartaz em que se retratava Rousseff com um sinal de "Não" em diagonal vermelha. Os dispositivos para os protestos de rua, os quais incluem também bandeiras e vestuário verde e amarelo, são sinais reveladores dos montantes de dinheiro significativos que apoiam estes truques de guerra psicológica.

Promotores brasileiros na folha de pagamento de Langley prenderam Lula depois de encenarem uma maciça investida policial à sua casa. A polícia também prendeu a antiga Primeira-Dama do Brasil, a esposa de Lula, Marisa Letícia. Lula disse sentir que fora sequestrado pela polícia. Em 2009, tropas hondurenhas realmente sequestraram o presidente Manuel Zelaya no meio da noite e detiveram-no numa cela militar antes de o expulsarem do país. Aquela operação, tal como esta contra Lula e Rousseff, foi apoiada não só pela CIA e NSA como também pelo US Southern Command com sede em Miami. O golpe hondurenho também foi corroborado pelo Supremo Tribunal de Honduras. Para impedir uma nova prisão política do seu antecessor, Rousseff nomeou Lula seu chefe da Casa Civil, uma posição ministerial que lhe permite alguma protecção à contínua fustigação judicial e processos legais pelo Supremo Tribunal.

Em 16 de Março, o juiz Sérgio Moro, o qual está encarregado da Operação " Lava-jato ", a investigação da Petrobrás que perdura há dois anos e o alegado suborno envolvendo Rousseff e Lula, divulgou duas intercepções de chamadas telefónicas entre a presidente e o antigo presidente. A conversação telefónica "grampeada" envolvia planos de Rousseff para nomear Lula como seu chefe da Casa Civil, um cargo ministerial, como meio de lhe dar alguma protecção em relação à operação em andamento de golpe judicial apoiada pela CIA. Rousseff anteriormente trabalhara como chefe da Casa Civil de Lula. Documentos classificados da National Security Agency – revelados pelo denunciante Ed Snowden – ilustram como a NSA espionou o gabinete de Rousseff e seus telemóveis. O presidente Obama afirmou ter ordenado acabar com a espionagem a líderes mundiais amistosos para com os Estados Unidos. A declaração de Obama era falsa.

O nome do juiz Sérgio Moro aparece em um dos telegramas vazados do Departamento de Estado. Em 30 de Outubro de 2009, a embaixada dos EUA em Brasília relatou que Moro compareceu a uma conferência patrocinada pela embaixada no Rio de Janeiro efectuada de 4 a 9 de Outubro. Intitulada "Illicit Financial Crimes", a conferência parece ter sido uma avenida para a CIA e outras agências de inteligência dos EUA treinarem-se quanto à imposição das leis federal e estaduais do Brasil – bem como de outros responsáveis de polícias da Argentina, Paraguai, Panamá e Uruguai – em procedimentos para montar falsos processos criminais de líderes latino-americanos considerados inamistosos para com os Estados Unidos. O telegrama do Departamento de Estado, datado de Brasília, declara: "Moro... discutiu as 15 questões mais comuns que ele considera em casos de lavagem de dinheiro nos tribunais brasileiros".

Um ítem que não constava na agenda do seminário da embaixada dos EUA era a espionagem da NSA das comunicações de Rousseff, Lula e da companhia petrolífera estatal brasileira Petrobrás. Numa técnica conhecida como "construção paralela" processual, promotores estado-unidenses aos quais fora dado acesso a comunicações interceptadas ilegalmente, iniciaram processos contra cidadãos americanos com base na utilização selectiva de intercepções sem permissão. Se tais tácticas podem ser utilizadas nos Estados Unidos, certamente também podem ser utilizadas contra líderes como Rousseff, Lula e outros. As intercepções da operação Lava Jato às conversações telefónicas de Rousseff-Lula divulgadas para os media pelo juiz Moro podem ter tido origem na NSA e sua base de dados XKEYSCORE de intercepções do governo brasileiro e de comunicações efectuadas através de operações de escuta com os nomes de código KATEEL, POCOMOKE e SILVERZEPHYR .

No que poderia ser denominado a "Doutrina Obama", a CIA mudou o seu plano de jogo para derrube de governos legítimos pela utilização utilização ostensiva de meios "legais". Ao invés de confiar em juntas de generais e em tanques nas ruas a fim de impor a sua vontade, a CIA, ao contrário, tem empregue promotores, juízes, líderes de partidos da oposição, editores de jornais e administradores de sítios web, bem como truques utilizando multidões [3]– tudo, desde patos amarelos insufláveis, fantoches de papier-mâché, t-shirts recém-pintadas com serigrafia, bandeiras e faixas de pano – como instrumentos facilitadores de revoluções coloridas.

Como mostram os telegramas vazados do Departamento de Estado, a CIA identificou um certo número de agentes de influência nos quais pode confiar para proporcionar inteligência tanto sobre Rousseff como sobre Lula. Estas fontes incluíram a liderança sénior do Partido dos Trabalhadores; responsáveis da Petrobrás ansiosos por vez a sua companhia vendida a saldo aos abutres financeiros que melhor pagassem; executivos do Banco Central do Brasil e oficiais da inteligência militar brasileira que originalmente haviam sido treinados pelas agências de inteligência e militares dos EUA.

Além do Brasil, outros países membros dos BRICS também tem assistido ao aumento dos esforços dos EUA para organizar revoluções coloridas. A África do Sul está na lista alvo, tal como a Rússia e a China. 
24/Março/2016

NR
[1] A classificação é do autor, a publicação do seu artigo não significa o endosso de resistir.info a tudo o que diz.
[2] Há notícia de que cada boneco insuflável de Lula em uniforme de presidiário custa 137 mil reais (cerca de 34 mil euros).
[3] A utilização de multidões por parte da CIA está bem documentada no derrube do governo democrático Mossadegh, no Irão, que impôs o regime do Xá. V. por exemplo "Os homens do Xá: O golpe no Irão e as origens do terrorismo no Médio Oriente", de Stephen Kinzer, ed. Tinta da China, Lisboa, 2007, 352 p., ISBN 978-972-8955-23-6 


Ver também:
  • Brazil, like Russia, under attack by Hybrid War , de Pepe Escobar
  • Ilusões progressistas devoradas pela crise , de Jorge Beinstein

    [*] Jornalista de investigação, escritor, membro da Society of Professional Journalists (SPJ) dos EUA e do National Press Club.

    O original encontra-se em www.strategic-culture.org/... 


    Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .
  • terça-feira, 29 de março de 2016

    Marjorie Cohn / As hipócritas preleções dos EUA a Cuba

    As hipócritas preleções dos EUA a Cuba

    por Marjorie Cohn [*]
    Cartoon de Lacoste.Antes da visita histórica do Presidente Barack Obama a Cuba, em 20 de março, especulou-se sobre se ele podia pressionar Cuba a melhorar os respetivos direitos humanos. Porém, uma comparação entre os direitos humanos em Cuba e nos Estados Unidos mostra que são os EUA que devem aprender com Cuba.

    A Declaração Universal dos Direitos do Homem contém duas categorias diferentes de direitos humanos – direitos civis e políticos, por um lado; e direitos econômicos, sociais e culturais por outro. Direitos civis e políticos incluem os direitos à vida, liberdade de expressão, liberdade de religião, julgamento justo, autodeterminação, ser livre de tortura, tratamento cruel e detenções arbitrárias.

    Direitos econômicos, sociais e culturais compreendem os direitos à educação, saúde, segurança social, seguro de desemprego, licença de maternidade paga, salário igual para trabalho igual, redução da mortalidade infantil; prevenção, tratamento e controlo de doenças; liberdade de formar e aderir a sindicatos e fazer greve.

    Estes direitos estão consagrados em dois tratados: o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Direitos Políticos (PIDCP) e o Pacto Internacional sobre Direitos Económicos, Sociais e Culturais (PIDESC). Os Estados Unidos ratificaram o PIDCP, mas EUA recusam-se a ratificar o PIDESC.

    Desde a administração Reagan, tem sido política dos EUA definir direitos humanos apenas como direitos civis e políticos. Direitos econômicos, sociais e culturais não são considerados, bem como os relativos ao bem-estar social ou o socialismo.

    O governo dos EUA critica os direitos civis e políticos em Cuba enquanto ignora o acesso universal dos cubanos á habitação, a cuidados de saúde, à educação, à garantia da licença de maternidade paga e à igualdade de salários.

    Enquanto isso, o governo dos EUA tem cometido violações graves dos direitos humanos em solo cubano, incluindo tortura, tratamento cruel e detenções arbitrárias em Guantanamo. Desde 1960, os Estados Unidos expressamente interferiram nos direitos econômicos de Cuba e no seu direito à autodeterminação, através da política de embargo econômico.

    O embargo dos Estados Unidos a Cuba, agora um bloqueio, foi iniciado pelo presidente Dwight Eisenhower durante a guerra fria em resposta a um memorando de 1960, escrito por um alto funcionário do Departamento de Estado. O memorando propunha "uma linha de ação que produzirá os maiores danos, negando financiamentos e fornecimentos a Cuba, obrigando a diminuir os salários reais, para conduzir à fome, ao desespero e ao derrube do governo.” [de Fidel Castro].

    Esse objetivo falhou, mas o bloqueio punitivo tornou a vida em Cuba difícil. No entanto, com um esforço mais que humano, Cuba garantiu ao seu povo um notável conjunto de direitos humanos.

    Cuidados de saúde 

    Ao contrário nos Estados Unidos, os cuidados de saúde são considerados um direito em Cuba. O sistema de saúde é universal e livre para todos. Cuba tem o rácio mais elevado de médicos por doentes em todo mundo: 6,7 por 1.000 habitantes. A taxa de mortalidade infantil em 2014 foi de 4,2 por 1.000 nascidos vivos – uma das mais baixas do mundo.

    Os cuidados de saúde em Cuba privilegiam a prevenção, em vez de fazer depender a saúde apenas de medicamentos, isto em parte devido ao acesso limitado a determinados medicamentos ocasionado pelo bloqueio dos EUA. Em 2014, a revista Lancet disse: "se as realizações de Cuba pudessem ser reproduzidas num amplo conjunto de países pobres e de rendimento médio, a saúde da população mundial poderia ser transformada”.

    Cuba tem um desenvolvimento pioneiro em medicamentos para tratar e prevenir o cancro de pulmão e evitar amputações diabéticas. Devido ao bloqueio, no entanto, nos Estados Unidos não é possível usufruir deles.

    Educação 

    A educação gratuita é um direito universal incluindo o ensino superior. Cuba gasta uma proporção mais elevada do seu PIB em educação do que qualquer outro país no mundo. "Professores móveis" são implantados nas habitações de crianças incapacitadas de estarem presentes na escola. Muitas escolas providenciam cuidados durante manhãs livres e após o horário escolar para pais trabalhadores que não dispõem de alternativas familiares. É gratuito estudar para ser um médico em Cuba. Há 22 escolas de medicina em Cuba, apenas três em 1959 antes da revolução cubana.

    Eleições 

    As eleições para o parlamento nacional cubano (Assembleia Nacional) têm lugar de cinco em cinco anos e as eleições para as Assembleias Municipais Regionais a cada 2,5 anos. Os delegados para a Assembleia Nacional, elegem o Conselho de Estado, que por sua vez, nomeia o Conselho de Ministros, do qual o Presidente é eleito.

    A partir de 2018 (data da próxima eleição geral em Cuba), haverá um limite de não mais de dois mandatos de cinco anos para todos os lugares eleitos mais importantes, incluindo o de Presidente.

    Qualquer um pode ser indicado para candidato. Não é necessário que seja um membro do partido comunista (PCC). Nenhum dinheiro pode ser gasto promovendo candidatos e não é permitido a partidos políticos (incluindo o PCC) campanha durante as eleições. Pessoal militar não está de serviço às mesas de voto; as urnas são guardadas por crianças em idade escolar.

    Direitos laborais 

    A legislação cubana de direitos do trabalho garante o direito de livremente formar e se filiar em sindicatos. Os sindicatos são juridicamente independentes e financeiramente autónomos; independentes do PCC e do Estado, financiados por cotizações dos seus membros. Os direitos dos trabalhadores, protegidos pelos sindicatos incluem um contrato escrito, uma semana de 40 a 44 horas e 30 dias anuais de férias remuneradas no sector estatal.

    Os sindicatos têm o direito de parar trabalhos que considerem perigosos. Têm o direito de participar na gestão das empresas, receber informações da gestão, dispondo de gabinete próprio, materiais de escritório e tempo livre para os seus representantes nas empresas. Um acordo sindical é exigido para demissões, mudanças nos padrões de horário de trabalho, horas extras e o relatório anual de segurança. Os sindicatos têm um papel político em Cuba e o direito constitucional de serem consultados sobre leis do trabalho. Têm também o direito de propor novas leis à Assembleia Nacional.

    Mulheres 

    As mulheres constituem a maioria dos cubanos juízes, procuradores, advogados, cientistas, trabalhadores técnicos, profissionais da saúde pública. Cuba é classificada em primeiro lugar no "Save the Children's 'Lesser Developed Countries' Mother's Index". Com mais de 48% de deputados mulheres, Cuba tem a terceira mais alta percentagem de mulheres parlamentares do mundo. As mulheres recebem nove meses de salário completo durante o período de maternidade, seguido por três meses a 75% do salário completo. O governo subsidia a interrupção voluntária da gravidez e o planeamento familiar, atribui um alto valor aos cuidados de saúde pré-natais e oferece às mulheres "acolhimento de maternidade" antes do nascimento.

    Esperança de vida 

    Em 2013, segundo a Organização Mundial de Saúde a esperança de vida das mulheres em Cuba era de 80 anos e 77 para os homens. A probabilidade de morte entre os 15 e os 60 anos por 1.000 pessoas foi de 115 para homens e 73 para as mulheres em Cuba. Durante o mesmo período, a esperança de vida para as mulheres nos Estados Unidos foi de 81 anos e de 76 para os homens. A probabilidade de morrer entre os 15 e os 60 anos por 1.000 pessoas era 128 para homens e 76 para mulheres nos Estados Unidos.

    Pena de Morte 

    Um estudo da Faculdade de Direito de Cornell não encontrou ninguém condenado a pena de morte em Cuba e ninguém no corredor da morte em outubro de 2015. Em 28 de dezembro de 2010, o Supremo Tribunal Federal de Cuba comutou a sentença de morte do último remanescente condenado à morte em Cuba, um cubano-americano condenado por assassinato perpetrado durante uma invasão terrorista da ilha em 1994. Nenhumas novas condenações à morte são conhecidas desde aquela época.

    Em contraste, nos EUA em 1 de janeiro de 2016 estavam 2.949 pessoas no corredor da morte em instalações estaduais; 62 no corredor da morte em instalações federais em 16 de março de 2016, de acordo com "Death Penalty Information".

    Desenvolvimento sustentável 

    Em 2006, o World Wildlife Fund (WWF), uma organização ambiental líder, reconhecia Cuba como o único país no mundo a ter alcançado desenvolvimento sustentável. Jonathan Loh, um dos autores do relatório do WWF, disse, "Cuba atingiu um bom nível de desenvolvimento, de acordo com os critérios da ONU, graças ao seu alto nível de alfabetização e a uma expectativa de vida muito alta, com uma pegada ecológica que não é grande, já que é um país com baixo consumo de energia."

    Parem de dar lições de Cuba e levantem o bloqueio 

    Quando Cuba e os Estados Unidos realizaram conferências sobre direitos humanos há um ano, Pedro Luís Pedroso, chefe da delegação cubana, disse, "Expressámos as nossas preocupações em relação a padrões de racismo e discriminação na sociedade dos Estados Unidos, ao agravamento da brutalidade policial, a atos de tortura e execuções extrajudiciais no combate ao terror e ao limbo jurídico dos prisioneiros no campo de detenção dos EUA em Guantanamo".

    A hipocrisia do governo dos EUA com preleções sobre os direitos humanos em Cuba, negando muitos direitos humanos básicos ao povo americano é gritante. Os Estados Unidos devem levantar o bloqueio. Obama deve fechar Guantanamo e devolvê-lo à Cuba.
    [*] Professora na Faculdade de Direito Thomas Jefferson desde 1991.

    Original encontra-se em marjoriecohn.com/human-rights-hypocrisy-us-criticizes-cuba/
    www.informationclearinghouse.info/article44480.htm . Tradução de DVC. 


    Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

    segunda-feira, 28 de março de 2016

    Fidel: Irmão Obama


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    artigo Fidel: Irmão Obama

    28 de março de 2016 434 | 
    Fidel Castro.  Foto: Roberto Chile
    Fidel Castro. Foto: Roberto Chile
    Os reis da Espanha trouxe os conquistadores e proprietários, cujas impressões digitais foram sobre os feixes circulares de terra atribuídas aos garimpeiros nas areias de rios, forma abusiva e vergonhoso da exploração cujos traços podem ser vistos a partir do ar muitas partes do país.
    Turismo hoje em grande parte consiste em mostrar paisagens prazer e saborear as iguarias dos nossos mares, e sempre para ser compartilhado com o capital privado de grandes empresas estrangeiras, cujos lucros se eles não alcançam os milhares de milhões de dólares per capita não são dignos de atenção.
    Desde que eu fui forçado a abordar o assunto, devo acrescentar, especialmente para os jovens, que poucas pessoas percebem a importância de tal uma condição neste momento único na história da humanidade. I vai não dizer que o tempo foi perdido, mas não hesite em dizer que não estão suficientemente informados, nem você nem nós, conhecimento e consciência que devemos ter para enfrentar as realidades que nos desafiam . A primeira coisa a considerar é que nossas vidas são uma divisão histórica em segundo lugar, você tem que compartilhar também com as necessidades vitais de todos os seres humanos. Uma característica deste é a tendência à sobrevalorização do seu papel, o que contrasta com o outro lado, o número extraordinário de pessoas que incorporam os mais elevados sonhos.
    N um, no entanto, é bom ou mau por si só. Nenhum de nós é projetado para o papel que deve assumir na sociedade revolucionária. Em parte, os cubanos tiveram o privilégio de ter o exemplo de José Martí. Pergunto-me mesmo que tinha que cair ou não em Dos Rios, dizendo que "é tempo para mim", e acusou as forças espanholas entrincheirados em uma sólida linha de fogo. Eu não queria voltar para os Estados Unidos e ninguém que fez uma declaração. Alguém arrancou algumas folhas de seu diário. Que levavam a culpa pérfido, que foi certamente o trabalho de alguns schemer sem escrúpulos? diferenças entre os chefes são conhecidos, mas nunca indisciplina. "Quem tentar se apoderar de Cuba só poderá ajuntar o pó de seu solo alagado de sangue, se não perecer na luta", disse o glorioso líder negro Antonio Maceo. Ele também é reconhecido no Maximo Gomez, o chefe militar mais disciplinado e discreto da nossa história.
    Visto sob outro ângulo, como não admirar a indignação de Bonifacio Byrne quando, a partir do barco distante que o trouxe de volta a Cuba, com a visão de uma outra bandeira ao lado do Lone Star, disse: "A minha bandeira é aquele que tem mercenário já foi ... "para adicionar imediatamente uma das mais belas frases que eu nunca ouvi falar:" Se desfeita em pedaços pequenos se torna minha bandeira algum dia ... nossos mortos levantando os braços para defender sei ainda ...! ". Nem eu esqueça as palavras de Camilo Cienfuegos iluminado naquela noite, quando várias dezenas de metros bazucas e metralhadoras de origem americana, em contra mão, apontou para o terraço, onde estávamos. Obama nasceu em agosto de 1961, como ele mesmo disse. Mais de meio século se passaria a partir desse momento.
    Vamos ver como hoje no entanto acho que o nosso ilustre visitante:
    "Eu vim aqui para deixar para trás os últimos vestígios da Guerra Fria nas Américas. Eu vim aqui estender a mão da amizade ao povo cubano ".
    Imediatamente uma inundação de conceitos, totalmente nova para a maioria de nós:
    "Eles vivem em um novo mundo colonizado pelos europeus." O presidente dos EUA continuou. "Cuba, como os Estados Unidos, foi fundada por escravos trazidos da África;como os Estados Unidos, o povo cubano tem herança no escravos e senhores de escravos. "
    populações nativas não existem em tudo na mente de Obama. Nem diz que a discriminação racial foi varrida pela revolução; que a aposentadoria eo salário de todos os cubanos foram promulgadas por isso antes Mr. Barack Obama cumpriu 10 anos. O hábito burguês odiosa e racista de contratar capangas para os cidadãos negros foram expulsos de centros de recreação foi varrido pela Revolução Cubana. Este seria lembrado para a batalha travada em Angola contra o apartheid, terminando a presença de armas nucleares em um continente de mais de um bilhão de pessoas. Isso não era o objetivo da nossa solidariedade, mas para ajudar o povo de Angola, Moçambique, Guiné-Bissau e outra regra colonial fascista de Portugal.
    Em 1961, apenas dois anos e três meses após o triunfo da Revolução, uma força de mercenários com canhões e infantaria blindada, equipada com aeronaves, foi treinado e acompanhado por navios de guerra e aviões em os EUA, invadindo nosso país. Nada pode justificar este ataque premeditado que custam nosso país centenas de mortos e feridos.Pro-Yankee Brigada de assalto, em nenhum lugar tem não poderia ter evacuado um único mercenário. Arrancos aviões de guerra foram apresentados às Nações Unidas como rebeldes equipes cubanas.
    É bem conhecida experiência militar e poder desse país. Na África também acreditavam que Cuba revolucionária seria facilmente colocar fora de ação. O ataque sul de Angola pelos racistas brigadas motorizadas África do Sul leva até as proximidades de Luanda, a capital deste país. Assim, uma luta que durou não inferior a 15 anos começa. Não falo mesmo este, a menos que ele tinha o dever elementar para responder ao discurso de Obama no Gran Teatro de La Habana Alicia Alonso.
    Nem eu tento dar detalhes, apenas para enfatizar que há página honrosamente da luta pela libertação humana foi escrito. De certa forma eu queria o comportamento de Obama foi correta. Sua origem humilde e sua inteligência natural eram evidentes. Mandela foi preso por toda a vida e tornou-se um gigante na luta pela dignidade humana. Um dia eu tenho em minhas mãos uma cópia do livro em que uma parte da vida de Mandela e oh, surpresa: foi prefaciado por Barack Obama é contada. Folheei rapidamente. Foi incrível o tamanho da letra minúscula indicando dados Mandela. Vale a pena ter conhecido homens assim.
    Sobre o episódio da África do Sul Devo salientar uma outra experiência. Eu estava realmente interessado em aprender mais sobre como os sul-africanos haviam adquirido armas nucleares. Só tinha muito preciso, que não excedeu 10 ou 12 bombas informações.Uma fonte confiável seria o professor e pesquisador Piero Gleijeses, que elaborou o texto "Missões em conflito: Havana, Washington e África 1959-1976"; um excelente trabalho. Eu sabia que ele era o mais seguro fonte do que aconteceu e então eu comunicada; Eu respondi que ele não tivesse falado sobre o assunto, porque o texto havia respondido as perguntas do companheiro de equipe Jorge Risquet, que tinha sido embaixador em Angola ou parceiro de Cuba, amigo próximo do seu. I localizado Risquet; e outras ocupações importantes estava terminando um curso que estava faltando várias semanas. Essa tarefa coincidiu com um bastante recente viagem ao nosso país Piero; Ele tinha avisado que Risquet isso foi há alguns anos e sua saúde não era ideal. Poucos dias depois, aconteceu o que eu temia. Risquet piorou e ele morreu. Piero veio quando não havia nada a fazer a não ser promessas, mas eu já tinha feito sobre o que estava relacionado com aquela arma e ajuda que África do Sul racista tinha recebido de Reagan e Israel.
    Eu não sei o que Obama tem a dizer sobre esta história agora. Eu não sei o que ou não sabia, embora seja muito duvidoso que eu não sabia absolutamente nada. Minha sugestão modesta é refletir e não tente agora a desenvolver teorias sobre política cubana.
    Há uma questão importante:
    Obama fez um discurso em que ele usou para expressar as palavras mais melosas: "É chegada a hora de esquecer o passado, deixar o passado, olhar para o futuro, vamos olhar juntos, um futuro de esperança. E não vai ser fácil, haverá desafios, e estes irão dar-lhe tempo; mas a minha estadia aqui me dá mais esperança para o que podemos fazer juntos, como amigos, como família, como vizinhos, juntos ".
    É assumido que cada um de nós arriscou um ataque cardíaco ao ouvir estas palavras do Presidente do Estados Unidos. Depois de um bloqueio implacável que durou quase 60 anos , e aqueles que morreram nos ataques de mercenários a bordo de navios e portos cubanos, um avião cheio de passageiros explodiram no ar, invasões mercenárias, vários atos de violência e força?
    Nenhuma ilusão de que as pessoas deste país nobre e abnegado desistir da glória e dos direitos é feita, e a riqueza espiritual que ele ganhou com o desenvolvimento da educação, ciência e cultura.
    Também advertem que somos capazes de produzir alimentos e material de riqueza precisamos do esforço e inteligência do nosso povo. Nós não precisamos de o império deliciar-nos nada. Nossos esforços serão legal e pacífica, porque é o nosso compromisso com a paz e fraternidade entre todos os seres humanos que vivem neste planeta.
    Fidel Castro Ruz 
    Marzo 27, como 
    10 e 25 pm
                               Cubadebate

    Vladimir Safatle / Um golpe e nada mais

    Um golpe e nada mais


    por Vladimir Safatle [*]
    A crer no andar atual da carruagem, teremos um golpe de Estado travestido de impeachment já no próximo mês. O vice-presidente conspirador já discute abertamente a nova composição de seu gabinete de "união nacional" com velhos candidatos a presidente sempre derrotados. Um ar de alfazema de República Velha paira no ar.

    O presidente da Câmara, homem ilibado que o procurador-geral da República definiu singelamente como "delinquente", apressa-se em criar uma comissão de impeachment com mais da metade de deputados indiciados a fim de afastar uma presidenta acusada de "pedaladas fiscais" em um país no qual o orçamento é uma mera carta de intenções assumida por todos.

    Se valesse realmente este princípio, não sobrava de pé um representante dos poderes executivos. O que se espera, na verdade, é que o impeachment permita jogar na sombra o fato de termos descoberto que a democracia brasileira é uma peça de ficção patrocinada por dinheiro de empreiteiras. Pode-se dizer que um impeachment não é um golpe, mas uma saída constitucional. No entanto, os argumentos elencados no pedido são risíveis, seus executores são réus em processos de corrupção e a lógica de expulsar um dos membros do consórcio governista para preservar os demais é de uma evidência pueril. Uma regra básica da justiça é: quem quer julgar precisa não ter participado dos mesmos atos que julga.

    O atual Congresso, envolvido até o pescoço nos escândalos da Petrobrás, não tem legitimidade para julgar sequer síndico de prédio e é parte interessada em sua própria sobrevivência. Por estas e outras, esse impeachment elevado à condição de farsa e ópera bufa será a pá de cal na combalida semi-democracia brasileira.

    Alguns tentam vender a ideia de que um governo pós-impeachment seria momento de grande catarse de reunificação nacional e retomada das rédeas da economia.

    Nada mais falso e os operadores do próximo Estado Oligárquico de Direito sabem disto muito bem. Sustentado em uma polícia militar que agora intervém até em reunião de sindicato para intimidar descontentes, por uma lei antiterrorismo nova em folha e por um poder judiciário capaz de destruir toda possibilidade dos cidadãos se defenderem do Estado quando acusados, operando escutas de advogados, vazamento seletivo e linchamento midiático, é certo que os novos operadores do poder se preparam para anos de recrudescimento de uma nova fase de antagonismos no Brasil em ritmo de bomba de gás lacrimogêneo e bala.

    Uma fase na qual não teremos mais o sistema de acordos produzidos pela Nova República, mas teremos, em troca, uma sociedade cindida em dois.

    O Brasil nunca foi um país. Ele sempre foi uma fenda. Sequer uma narrativa comum a respeito da ditadura militar fomos capazes de produzir. De certa forma, a Nova República forneceu uma aparência de conciliação que durou 20 anos. Hoje vemos qual foi seu preço: a criação de uma democracia fundada na corrupção generalizada, na explosão periódica de "mares de lama" (desde a CPI dos anões do orçamento) e na paralisia de transformações estruturais.

    Tudo o que conseguimos produzir até agora foi uma democracia corrompida. A seguir este rumo, o que produziremos daqui para a frente será, além disso, um país em estado permanente de guerra civil.

    Os defensores do impeachment, quando confrontados à inanidade de seus argumentos, dizem que "alguma coisa precisa ser feita". Afinal, o lugar vazio do poder é evidente e insuportável, logo, melhor tirar este governo. De fato, a sequência impressionante de casos de corrupção nos governos do PT, aliado à perda de sua base orgânica, eram um convite ao fim.

    Assim foi feito. Esses casos não foram inventados pela imprensa, mas foram naturalizados pelo governo como modo normal de funcionamento. Ele paga agora o preço de suas escolhas.

    Neste contexto, outras saídas, no entanto, são possíveis. Por exemplo, a melhor maneira de Dilma paralisar seu impeachment é convocando um plebiscito para saber se a população quer que ela e este Congresso Nacional (pois ele é parte orgânica de todo o problema) continuem. Fazer um plebiscito apenas sobre a presidência seria jogar o país nas mãos de um Congresso gangsterizado.

    Em situações de crise, o poder instituinte deve ser convocado como única condição possível para reabrir as possibilidades políticas. Seria a melhor maneira de começar uma instauração democrática no país. Mas, a olhar as pesquisas de intenção de voto para presidente, tudo o que a oposição golpista teme atualmente é uma eleição, já que seus candidatos estão simplesmente em queda livre. Daí a reinvenção do impeachment. 
    25/Março/2016

    [*] Professor Livre-Docente do Departamento de Filosofia da Universidade de S. Paulo

    O original encontra-se na Folha de S. Paulo e em jornalggn.com.br/noticia/um-golpe-e-nada-mais-por-vladimir-safatle 


    Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .
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