terça-feira, 9 de agosto de 2016

Sionismo e apartheid


As relações entre Sionismo e Nazismo: do nacionalismo conservador e antidemocrático ao estabelecimento de regimes baseados no apartheid

debate
Quando se aborda o conflito na Palestina muitas pessoas fazem confusão entre a critica ao sionismo e o antissemitismo (ódio e preconceito aos judeus). Depois da polêmica levantada sobre o Edital nº 160 – jul 2016 da Universidade Federal do ABC/SP (UFABC), que fez sionistas recorrerem ao MEC por causa de um item no edital (relação entre o sionismo, apartheid e nazismo) foi realizado nesta quinta-feria (28/07) na UFABC, campus São Bernardo, um debate para colaborar com a discussão e confirmar essa relação. 

Organizado pelo jornal A VERDADE, com participação do Comitê de Solidariedade ao Povo Palestino – ABCDMRR/SP, o debate “As relações entre Sionismo e Nazismo: do nacionalismo conservador e antidemocrático ao estabelecimento de regimes baseados no apartheid” teve na mesa os palestrantes Marcelo Buzetto, doutor em Ciências Sociais e autor do livro “A questão palestina: guerra, política e relações internacionais”, e também, Nathaniel Braia, autor do livro ” O Apartheid de Israel”, jornalista de origem judaica e um dos primeiros soldados israelenses a se recusar a servir nos territórios palestinos por entender que aquela era uma guerra e uma ocupação injusta. 

Marcelo Buzetto começou o debate com um panorama histórico do conflito,(abordado em seu livro pela visão da esquerda palestina) e mostrou como o movimento sionista, tendo como um de seus fundadores Theodor Herzl, desde o início não teve apoio de toda a comunidade judaica, mas sim de sua burguesia e de importante setores da burguesia não-judaica.

Falou como os sionistas sempre viram na Palestina o melhor local para a construção do Estado de Israel  pelo seu valor histórico. Chamada por Herzl de “pátria histórica” dos judeus, usou o apoio da industria cultural para difundir ideias sionistas e convencer milhares de judeus que a Palestina era uma “terra sem povo” e os judeus um “povo sem terra”, “eleito por Deus” com o direito histórico sagrado” de ocupar aquela região. 

O sociólogo destacou ainda o drama da expulsão do povo palestino de suas terras e casas e que começou com a partilha da Palestina pela ONU, em 1947, solução esta inadequada, feita sem nenhuma consulta a população local, com o objetivo de formar dois Estados mas que não foi respeitada por Israel que, a partir daí, passou a não respeitar os direitos básicos dos palestinos. Nesse tempo os sionistas conseguiram grande apoio econômico(recursos financeiros de empresários judeus e não-judeus), politico (apoio nacional e internacional e de governos)e começaram a se organizar militarmente através de grupos terroristas/paramilitares que espalham o pânico entre a população árabe-palestina. Grupos estes que, depois de 1948, se transformam nas Forças Armadas de Israel.
Na vez do palestrante Nathaniel Braia, ele falou sobre como ficou impressionado ao ver o clima de racismo, segregação e desrespeito aos árabes palestinos no dia-a-dia de Israel. Judeus contaminados pelo ódio com relação aos árabes, principalmente os palestinos. Braia mostrou como enfrentou o serviço militar de Israel e os provocou com o objetivo de não servir em território palestino, ocupado por Israel. Mostrou que, sem perceber, deu inicio a um crescente número de soldados que não aceitariam mais obedecer aos judeus sionistas.

Apesar dos crescentes boicotes a Israel ao longo do mundo, Buzetto enfatizou como as relações econômicas de Israel com o Brasil tem crescido nos últimos anos. Nos Governos Lula e Dilma foram firmados os principais acordos militares com Israel através da Polícia Federal, da Força de Segurança Nacional, do exército, que comprou veículos aéreos não tripulados de Israel, comprou também 77 mísseis e bombas israelenses fabricados pelas SAAB SCANIA para serem colocados nos aviões suecos recém comprados pelo Governo brasileiro e também através da Coordenação de Segurança da Copa de 2014 envolvendo empresas Israelenses.

No final, depois dos fatos mostrados pelos dois palestrantes com relação às ações coloniais tomadas por Israel sobre a Palestina, violentas e racistas com os palestinos, sempre os segregando  e impedindo o retorno dos quase 6 milhões de refugiados palestinos às suas próprias terras, foi possível concluir do debate que comparações com o Nazimo e com o Apartheid são sim válidas, já que o que Hitler fez com os judeus na Europa, e o que os europeus e sul africanos brancos fizeram com os negros na África do Sul são exatamente as mesmas ações que os judeus sionistas ainda fazem com os palestinos até hoje.. Hoje o Governo de Israel, único Governo no mundo composto inteiramente por sionistas, se nega a discutir o direito do retorno dos refugiados palestinos. 

O debate termina com a proposta de solução para conflito Israel-Palestina que também é abordada por Buzetto em seu livro. Inspirada nas ideias marxistas e revoluções anticolonialistas e socialistas do século XX, a esquerda palestina defende a formação de um Estado único,  laico e democrático, onde cidadãos judeus, cristãos, muçulmanos, druzos e ateus possam ter direitos políticos iguais na Palestina. 
Lucas Santos do Nascimento, São Paulo
jornal   A Verdade
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