sábado, 31 de janeiro de 2015

Seis perguntas para entender a hegemonia da mídia

Seis perguntas para entender a hegemonia da mídia



ares_cuba
Por Dênis de Moraes
1. O sistema de mídia contemporânea demonstra capacidade de definir os rumos e ideologias, selecionando o que deve ser visto, lido e ouvido por toda a platéia. Para lá por leitores, ouvintes e telespectadores expectativas e conteúdo diferenciado recebido respostas são grupos privados de mídia diretrizes de prescrição, abordagens e ênfase no noticiário;quais os atores sociais que merecem ser incluídos ou excluídos são; o que agendas e diretrizes que devem ser destacadas ou ignorados.
Os juízos de valor meios de transmissão e julgamentos sobre fatos e acontecimentos, como se tivessem sido autorizados a operar como uma espécie de tribunal, sem qualquer legitimidade para isso. Sua intenção, assumida, mas não declarada, é disseminar conteúdos, idéias e princípios que ajudam a organizar e unificar a opinião pública em torno de certas visões de mundo (geralmente conservadores e em sintonia com o status quo).
Os meios escolhidos sociais atores, escritores, analistas, comentadores e colunistas de ser prestigiado em seus veículos e horários. Na maioria dos casos, como observado por Pierre Bourdieu, estas colunas fazer nada além de reforçar o trabalho dos "think tanks" neoliberais para mercantilização geral da vida e da desregulamentação das economias e dos mercados.Na verdade, os "intelectuais da mídia" ou "especialistas" dizem qualquer coisa que serve os interesses das classes dominantes e instituições, que lutam e desacreditando idéias alternativas progressistas e transformadoras.
Os grupos de mídia também têm acordos e relações de interdependência de poderes econômicos e políticos, que buscam os orçamentos de publicidade, patrocínios, financiamentos, isenções fiscais, investimentos de capital, apoio nas campanhas eleitorais, as concessões de canais de transmissão, etc. Eles não são neutros e isentos, como são levados a acreditar; são parciais, tomar partido, favorecendo os interesses das empresas, defender posições políticas, ideologicamente lutar contra adversários.
2. Os meios apropriando diferentes léxicos para tentar colocar em si mesmo todos os léxicos, para servir os seus objetivos particulares. Palavras que tradicionalmente pertenciam ao léxico da esquerda foram ressignificados durante a hegemonia do neoliberalismo nos anos de 1980, 1990 e parte de 2000. Cito, imediatamente, duas palavras: reforma e inclusão.Do dia para o outro, passou a ser incorporada no discurso dominante e meios de comunicação, em sintonia com a ideologia privatista. É propriedade indiscutível do repertório progressivo, sempre reformas associadas ao imaginário da emancipação social. As dotações destinam-se a redefinir sentidos e significados de realizar própria óptica.
3. Celebrando os valores de mercado e consumismo, o mantra sistema de mídia torna a existência de rentabilidade. A glorificação do mercado está presente como o fórum mais adequado para traduzir aspirações, como se só ele poderia se tornar exemplo de organização corporativa. Um discurso que não faz nada, mas melhorar e aprofundar a visão, claramente autoritário, que o mercado é a única área capaz de se auto-regular, a vida contemporânea. Os projetos e mercadológicos ênfase editorial pode variar, mas em um ponto: as empresas operam, consensualmente, para reproduzir a ordem de consumo e de conservação instituídas hegemonias.
4. Os discursos midiáticos estão comprometidos com o controle seletivo de decisões de informação, de opinião e de valores que circulam socialmente. Isso se manifesta na manipulação das notícias e interdição de pontos de vista opostos, afetando a compreensão das circunstâncias em que ocorrem determinados eventos (geralmente aqueles que são contrários à lógica econômica ou as concepções políticas dominantes).
Os meios de comunicação procuram minimizar o espaço de circulação de idéias rebeldes - para mais do que estes continuam demonstrando e resistindo. O objetivo é neutralizar análise e manifestações de dissidência crítica. Um exemplo do que acabei de dizer são abordagens preconceituosas às reivindicações dos movimentos sociais e comunitários. Eles são frequentemente subestimados, se não for ignorado, nos principais jornais e noticiários, sob o argumento falacioso de que as iniciativas são "radical", "populista", etc. A vida das comunidades subalternas e pobres está diminuído ou ausente no noticiário.
5. O sistema de mídia rejeita qualquer mudança legal que ameaça a sua autonomia e os seus lucros. Qualquer movimento para a regulamentação da radiodifusão sob concessão pública, reage com editoriais e artigos que têm governantes que simpatizam com a causa da democratização da comunicação como "ditadores" que querem sufocar "a liberdade de expressão" violentas. É uma mistificação grosseira. O que, de fato, é bloquear debate sobre o papel e os limites de desempenho de mídia social. Grandes empresas do setor não têm autoridade moral e ética para falar em "liberdade de expressão", porque se recusam a diversidade informativa e cultural diária com controle seletivo de informação e de opinião.Negócios e interesses políticos que supostamente apresentam informar e entreter confuso.Tudo isso reforça os meios de comunicação hegemônicos reivindicação ilegítima definir unilateralmente as regras, incluindo os de natureza ética, para ser colocado sobre as instituições e os poderes constituídos, não o exercício da liberdade de expressão, mas a liberdade de empresa.
6. Clusters parar proprietária da maioria dos meios de comunicação, infra-estrutura tecnológica e bases logísticas, dando-lhes o controle dos processos de produção material e imaterial. Digitalização favoreceu a multiplicação de produtos e serviços de informação e entretenimento; atraído jogadores internacionais de negócios em todos os continentes;transmissões intensificadas e os fluxos em tempo real; e agravou a concentração em sectores complementares (imprensa, rádio, televisão, internet, audiovisual, edição, telecomunicações, publicidade, marketing, filmes, jogos de vídeo, telefone, plataformas digitais, etc.).
Tudo o que faz sobressair novas formas de mais-valia na economia digital: tecnologia que permite sinergias e convergência; partilha e distribuição de conteúdo gerado nas mesmas matrizes produtivas e plataformas; a razoabilidade de custos e planejamento de investimentos.
Surge um sistema multimídia com flexibilidade operacional e de produção, que inclui grande variedade de iniciativas e serviços digitais, os fluxos rápidos, áreas de visibilidade, os padrões de distribuição global, campanhas publicitárias globalizados e técnicas sofisticadas de conhecimento do mercado. O objetivo é garantir o maior controle possível sobre as linhas de produção, processamento, comercialização e distribuição de produtos e serviços, aumentando a lucratividade e os dividendos de monopólio.
- Dênis de Moraes é pesquisador sênior do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fundação Carlos Chagas Filho de Pesquisas do Rio de Janeiro (FAPERJ), Brasil. Autor, entre outros livros, mídia, poder e contra-poder , com Ignacio Ramonet e Pascual Serrano (Biblos, 2013), cross-media da América Latina (Polity Press, 2011) Mutações do visível: os processos de comunicação e culturais na Age Digital (Polity Press, 2010).
(Originalmente publicado em Alainet ) 

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Bombardeio facista sobre Donetsk causa mortes

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Descascar Donetsk 30 de janeiro
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colonelcassad


As forças de segurança ucranianas atirou no distrito de Kuibyshev em Donetsk. Projétil
 de artilharia explodiu APU perto do Palácio da Cultura e do ponto de emissão de ajuda 
humanitária. De acordo com LifeNews, matando pelo menos cinco pessoas, cerca de 20 
ficaram feridas.



http://lifenews.ru/news/149157 - zinco De acordo com alguns dadoshttp://www.rosbalt.ru/ukraina/2015/01/30/1 362882.html acabado de matar 12 
pessoas.Mais de 30 pessoas ficaram feridas. É claro que o "ocidente civilizado", como 
normalmente não vai notar estes massacres e nenhuma condenação da junta fascista deles não podemos esperar.
 Apenas culpar o DNI e da Federação da Rússia no bombardeio é difícil, é mais fácil 
fingir que nada está acontecendo. foto cuidadosamente inferior e 
vídeo estritamente 18+ [Clique para ler] Descanse em paz.
 PS. Amanhã será realizada em 
Yekaterinburg http://zergulio.livejournal.com/2440883.h TML rali "I - Donbass".











Campos-RJ / Raio mata 44 bois em área rural da cidade

Raio mata 44 bois em área rural da cidade

Dulcides Netto
Foto: Divulgação
Após serem atingidas por uma descarga elétrica de um raio, 44 cabeças de gado morreram na madrugada de quarta-feira, numa fazenda localizada em Serrinha, zona rural de Campos. De acordo com o proprietário do imóvel e pecuarista, Luiz Carlos Bahiense, 62 anos, funcionários teriam visto o fenômeno que atingiu primeiramente uma rede elétrica, e depois os animais. Na noite de ontem, um veterinário da Fundação Norte Fluminense de Desenvolvimento Regional (Fundenor) estaria a caminho da fazenda, para fazer o laudo da morte do gado. Em  seguida, os animais seriam enterrados, já que a carne é imprópria para o consumo. Até o final desta edição, o proprietário ainda não tinha estimado o valor do prejuízo. A secretaria municipal de Agricultura informou que estaria à disposição do pecuarista. Na primeira quinzena deste mês, a concessionária de energia Ampla divulgou nota, relatando que nos seis primeiros dias do ano, foram registrados um total de 3.939 raios em toda a área de concessão da empresa.
De acordo com o pecuarista Luiz Carlos, nunca soube de um caso parecido ou igual a este na região, e que não teria acreditado quando soube do ocorrido. Segundo ele, o gado estaria num pasto e não se poderia prever o acidente.
— Na noite de terça-feira ocorreram muitos raios e trovoadas em Serrinha, chegando até a chover forte entre a noite e madrugada de quarta-feira. O gado estaria próximo de uma rede elétrica, quando o acidente ocorreu. Neste dia, estava em Campos e na propriedade havia alguns funcionários. Durante toda a quarta e ontem, estive agindo com a secretaria de Agricultura para que fosse realizado o laudo da morte dos animais. Foi um fenômeno da natureza que me trouxe muito prejuízo. Espero que isso não volte a ocorrer — destacou o produtor.
A reportagem da Folha da Manhã entrou em contato com o secretário de Agricultura, Eduardo Crespo, que informou ter sido procurado pela Associação dos Produtores Rurais do Sul pedindo apoio para o proprietário. “A única ajuda que podemos ofertar é enviando um profissional ao local, para fazer o laudo da morte dos animais, antes que os mesmos entrem em decomposição”, disse Eduardo Crespo. A ajuda deve ser pedida na secretaria.
Incidência de raios é maior este ano
Neste mês, o Sistema de Monitoramento de Descargas Atmosféricas da concessionária de energia Ampla registrou, nos seis primeiros dias do ano, um total de 3.939 raios em toda a área de concessão da companhia, que abrange 66 dos 92 municípios do estado do Rio de Janeiro.
O engenheiro Keison Thurler, responsável pela Área de Distribuição da empresa, disse que o número de raios foi recorde para o início do ano, registrando aumento de 681% em relação ao mesmo período do ano passado. “Foi praticamente oito vezes maior do que o registrado no início do ano passado. Foi, de fato, um aumento de descargas muito significativo”. Na primeira semana de janeiro de 2014, foram 504 descargas na área de concessão da distribuidora de energia elétrica.
A incidência de raios se intensifica na época do verão e pode acarretar instabilidade no fornecimento de energia elétrica e até causar mortes. Thurler lembrou o caso de quatro pessoas da mesma família que morreram no dia 29 de dezembro do ano passado, atingidas pela queda de um raio em Praia Grande, em São Paulo.



A Rússia na mira

A Rússia na mira


por Paul Craig Roberts
O ataque de Washington à Rússia ultrapassou a fronteira do absurdo e entrou no âmago da insânia. 

O novo chefe do US Broadcasting Board of Governors, Andrew Lack, declarou que o novo serviço russo, RT, o qual difunde em múltiplas línguas, é uma organização terrorista equivalente ao Boko Haram e ao Estado Islâmico. Por sua vez, a Standard and Poor's acaba de degradar a classificação de crédito da Rússia ao nível de lixo.

Hoje a RT International entrevistou-me acerca destes desenvolvimentos insanos.

Outrora, quando a América ainda era um país são, a acusação de Lack teria levado a que fosse escorraçado do cargo. Ele teria sido obrigado a demitir-se e desaparecer da vida pública. Hoje, no mundo simulado que a propaganda ocidental criou, a declaração de Lack é tomada a sério. Mais uma ameaça terrorista foi identificada – a RT. (Embora tanto Boko Haram como o Estado Islâmico empreguem o terror, estritamente falando eles são organizações políticas à procura de domínio, não organizações terroristas, mas esta distinção estaria para além da cabeça de Lack. Sim, eu si. Há uma piada que se podia fazer aqui acerca do que falta a Lack [NT] . Um nome adequado.)

No entanto, seja o que for que possa faltar a Lack, duvido que ele acredite na sua declaração disparatada de que a RT é uma organização terrorista. Então, qual é o seu jogo?

A resposta é que os media prostitutos (presstitute) do Ocidente, ao tornarem-se Ministérios da Propaganda de Washington, criaram grandes mercados para a RT, a Press TV e Al Jazeera. Como cada vez mais povos do mundo voltam-se para estas fontes mais honestas de notícias, declinou a capacidade de Washington de falsificar explicações em causa própria.

A RT, em particular, tem uma grande audiência ocidental. O contraste entre reportagens verdadeiras da RT e as mentiras cuspidas pelos media dos EUA está a minar o controle de Washington da explicação. Isto já não é mais aceitável.

Lack enviou uma mensagem à RT. A mensagem é: contenha-se; parece de informar de modo diferente da nossa linha; pare de contestar os factos tais como Washington declara que são e que os presstitutos relatam; embarque nisso ou se não...

Por outras palavras, o "livre discurso" que Washington e seus estados fantoches da UE, canadiano e australiano apregoam significa: livre discurso para a propaganda e as mentiras de Washington, mas não para qualquer verdade. A verdade é terrorismo, porque a verdade é a principal ameaça a Washington.

Washington preferiria evitar o embaraço de realmente fechar a RT, tal como o seu vassalo do Reino Unido fez com a Press TV. Washington simplesmente quer calar a RT. A mensagem de Lark à RT é:   auto-censurem-se.

Na minha opinião, a RT já não diz tudo (understates) nas suas coberturas e reportagens, como faz Al Jazeera. Ambas as organizações noticiosas entendem que não podem ser demasiado directas, pelo menos não demasiado seguidamente ou em demasiadas ocasiões.

Muitas vezes pergunto-me porque o governo russo permite que 20 por cento dos media russos funcionem como quinta coluna de Washington no interior da Rússia. Suspeito que a razão é que ao tolerar a propaganda descarada de Washington dentro da Rússia, o governo russo espera que algumas notícias factuais possam ser relatadas nos EUA via RT e outras organizações noticiosas russas.

Estas esperanças, tais como outras esperanças russas acerca do Ocidente, provavelmente serão desiludidas no fim. Se a RT for fechada ou assimilada ao padrão dos media presstitutos ocidentais, nada será dito acerca disso, mas se o governo russo acabar com os agentes de Washington, mentirosos descarados, nos media russos, ouviremos para sempre que os malévolos russos suprimem o "livre discurso". Recordem: o único "livre discurso" permissível é a propaganda de Washington.

Só o tempo dirá se a RT decide ser encerrada por contar a verdade ou se somará a sua voz à propaganda de Washington.

AS AGÊNCIAS DE CLASSIFICAÇÃO DE RISCO 

O outro ponto da entrevista era a degradação do crédito russo à categoria de lixo.

A degradação feita pela Standard and Poor's é, sem qualquer dúvida, um acto político. Ela prova o que já sabíamos e é que as firmas americanas de classificação são operações políticas corruptas. Recordam a classificação "Investment Grade" que as agências de classificação americanas deram ao lixo óbvio da subprime? Estas agências de classificação são pagas pela Wall Street e, tal como a Wall Street, servem o governo dos EUA.

Uma olhadela aos factos permite estabelecer a natureza política da decisão. Não espere que a corrupta imprensa financeira dos EUA examine os factos. Mas neste exacto momento, nós examinaremos os factos.

Na verdade, colocaremos os factos no contexto da situação da dívida estado-unidense.

De acordo com contadores da dívida (debt clocks) disponíveis online, a dívida nacional russa como percentagem do PIB russo é de 11 por cento. A dívida nacional americana em percentagem do PIB dos EUA é de 105 por cento, cerca de dez vezes mais alta. Meus co-autores, Dave Kranzler, John Williams e eu temos mostrado que, quando medida correctamente, a dívida dos EUA em percentagem do PIB é muito mais alta do que o número oficial.

A dívida nacional russa per capital é de US$1.645. A dívida nacional estado-unidense per capita é de US$56.952.

A dimensão da dívida nacional da Rússia é de US$235 mil milhões, menos de um quarto de um trilião. A dimensão da dívida nacional dos EUA é de US$18 triliões (milhões de milhões), 76,6 vezes maior do que a dívida russa.

Colocando isto em perspectiva de acordo com os contadores da dívida, o PIB dos EUA é de US$17,3 triliões e o PIB da Rússia é de US$2,1 triliões. Assim, o PIB dos EUA é oito vezes maior do que o da Rússia, mas a dívida nacional dos EUA é 76,5 vezes maior do que a dívida russa.

Evidentemente, é a classificação de crédito dos EUA que deveria ter sido degradada para o status de lixo. Mas isto não pode acontecer. Qualquer agência de classificação de crédito que contasse a verdade seria fechada e processada. Não importaria quão absurdas fossem as acusações. As agência de classificação seriam culpadas por serem anti-americanas, organizações terroristas como a RT, etc e tudo o mais, e elas sabem disso. Nunca espere qualquer verdade de qualquer cidadão da Wall Street. Eles mentem como modo de vida.

Segundo este sítio web , os EUA deviam à Rússia desde Janeiro de 2013 a quantia de US$162,9 mil milhões. Como a dívida nacional russa é de US$235 mil milhões, 69 por cento desta é coberta pelas obrigações de dívida dos EUA para com a Rússia.

Se isto é uma crise russa, eu sou Alexandre o Grande.

Como a Rússia tem haveres suficientes em US dólar para resgatar toda a sua dívida nacional e ainda lhe sobrar um par de centenas de milhares de milhões de dólares, o que é o problema da Rússia?

ECONOMISTAS NEOLIBERAIS, A QUINTA COLUNA 

Um dos problemas da Rússia é o seu banco central. Na sua maior parte, os economistas russos são os mesmos neoliberais incompetentes que existem no mundo ocidental. Os economistas russos estão enamorados dos seus contactos com o Ocidente "superior" e com o prestígio que eles imaginam que estes contactos lhes dão. Enquanto os economistas russos concordam com os ocidentais, obtêm convites para conferências no exterior. Estes economistas russos são de facto agentes americanos, quer o percebam ou não.

Actualmente o banco central russo está a esbanjar desnecessariamente os grandes haveres russos de divisas externas para apoiar o ataque ocidental ao rublo. Isto é um jogo de loucos que nenhum banco central deveria jogar. O banco central da Rússia deveria recordar, ou aprender se não souber, o ataque de Soros ao Banco da Inglaterra.

As reservas da Rússia deveriam ser utilizadas para que se retirasse da dívida nacional em aberto, tornando-a então o único país do mundo sem dívida nacional. Os dólares restantes deveriam ser descarregados em acções coordenadas com a China a fim de destruir o dólar, a base de poder do imperialismo americano.

Alternativamente, o governo russo deveria anunciar que a sua resposta à guerra económica que está a ser conduzida contra a Rússia pelo governo em Washington e pelas agências de classificação da Wall Street é o incumprimento dos seus empréstimos a credores ocidentais. A Rússia nada tem a perder quando já está desligada do crédito ocidental devido às sanções estado-unidenses. O incumprimento russo causaria consternação e crise no sistema bancário europeu, o que é exactamente o que a Rússia precisa a fim de romper o apoio da Europa às sanções estado-unidenses.

Na minha opinião, os economistas neoliberais que controlam a política económica russo são uma ameaça muito maior à soberania da Rússia do que as sanções económicas e as bases de mísseis dos EUA. Para sobreviver a Washington, a Rússia precisa desesperadamente de pessoas que não sejam românticas acerca do Ocidente.

Para dramatizar a situação, se o Presidente Putin conceder-me cidadania russa e permitir-me nomear Michael Hudson e Nomi Prins como meus representantes, assumirei o comando do banco central russo e colocarei o Ocidente fora das operações.

Mas isso exigiria que a Rússia assumisse os riscos associados à vitória. Os Integracionistas Atlantistas no interior do governo russo querem a vitória para o Ocidente, não para a Rússia. Um país cheio de traição dentro do próprio governo tem possibilidades reduzidas contra Washington, um jogador determinado.

Outra quinta coluna a operar contra a Rússia a partir de dentro são as ONGs financiadas pelos EUA e Alemanha. Estes agentes americanos mascarados como "organizações de direitos humanos", "organizações de direitos da mulher", "organizações para a democracia" e quaisquer outros títulos politicamente correctos de que se servem e que são incontestáveis.

Ainda outra ameaça à Rússia vem da percentagem da juventude russa que cobiça a cultura depravada do Ocidente. Permissividade sexual, pornografia, drogas, auto-absorção. Estas são as ofertas culturais do Ocidente. E, naturalmente, matar muçulmanos.

Se os russos quisessem matar pessoas por diversão e consolidar a hegemonia dos EUA sobre si próprios e o mundo, eles deveria apoiar a "integração atlantista" e virar as costas ao nacionalismo russo. Por que serem russos se você podem ser servos dos americanos?

Que melhor resultado para os neoconservadores americanos do que terem apoio russo à hegemonia de Washington sobre o mundo? Isso é o que os economistas neoliberais russos e os "integracionistas europeus" apoiam. Estes russos estão desejosos de serem servos americanos a fim de fazerem parte do Ocidente e serem bem pagos pela sua traição.

Quanto fui entrevistado pela RT acerca destes desenvolvimentos, o âncora do noticiário esteve a tentar confrontar as acusações de Washington com osf actos. É espantosos que os jornalistas russos não entendam que os factos nada têm a ver com isto. Os jornalistas russos, aqueles independentes de subornos americanos, pensam que os factos importam nas discussões acerca das acções russas. Eles pensam que os assaltos a civis pelos nazis ucranianos apoiados pelos americanos são um facto. Mas, naturalmente, nenhum de tais factos existe nos media ocidentais. Nos media do Ocidente os russos, e apenas os russos, são responsáveis pela violência na Ucrânia.

A narrativa de Washington é que a malévola intenção de Putin de restaurar o império soviética é a causa do conflito. Esta linha dos media no Ocidente não tem relacionamento com quaisquer factos.

Na minha opinião a Rússia está em grave perigo. Os russos estão a confiar nos factos e Washington está a confiar na propaganda. Para Washington, factos não são relevantes. As vozes russas são escassas em comparação com as vozes ocidentais.

A falta de uma voz russa deve-se à própria Rússia. A Rússia aceitou viver num mundo controlado pelos serviços financeiros, legais e de telecomunicações dos EUA. Viver neste mundo significa que a única voz é a de Washington.

Por que a Rússia concordou com esta desvantagem estratégica é um mistério. Mas em consequência deste erro estratégico, a Rússia está com uma desvantagem.

Considerando as intrusões que Washington tem dentro do próprio governo russo, os oligarcas economicamente poderosos e os empregados do estado com conexões ao Ocidente, bem como os media russos e a juventude russa, com as centenas de ONGs financiadas por americanos e alemães que podem colocar russos na ruas para protestar contra qualquer defesa da Rússia, o futuro da Rússia como um país soberano é duvidoso.

Os neoconservadores americanos são implacáveis. O seu oponente russo está enfraquecido pelos êxitos no interior da Rússia da propaganda ocidental de guerra fria e que retrata os EUA como o salvador e o futuro da espécie humana.

A escuridão do Sauron América continua a propagar-se sobre o mundo. 
26/Janeiro/2015
[NT] Jogo de palavras intraduzível.

Ver também: 
  • Instrumentalisation des agences de notation , Jacques Sapir

    O original encontra-se em www.paulcraigroberts.org/2015/01/26/russia-cross-hairs-paul-craig-roberts/ 


    Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .
  • FARC-EP / SOS pela trégua

    QUINTA-FEIRA, 29 DE JANEIRO DE 2015


    SOS pela trégua


    Alertamos a nossas forças guerrilheiras em todo o país sobre a grave situação

    Desde 20 de dezembro setores guerreiristas não têm cessado em seu empenho de sabotar a trégua unilateral e o processo de paz, atuando a partir da institucionalidade do Estado e do comando do exército em particular.
    Em todo o território nacional se intensifica a ofensiva militar. O desdobramento de tropas acompanhado de bombardeios, desembarques e assaltos ocasionou, até o momento, 6 guerrilheiros mortos, 6 feridos, 2 capturados, e o também lamentável saldo de 14 militares mortos e 5 feridos.
    Presidente Santos: em meio a um processo que busca a reconciliação, é incoerente provocar dessa maneira o reinício do fogo e do ataque à infraestrutura econômica do Estado, em lugar de propiciar o silêncio dos fuzis. Tal irresponsabilidade tem enrarecido o ambiente, tornando cada vez mais insustentável o cessar-fogo unilateral.
    No Chocó, suas tropas, senhor Presidente, estão distribuindo panfletos com as fotos de nossos porta-vozes de Paz, incitando a deserção dos guerrilheiros com a mentira de que seus comandantes se encontram de férias em Havana. Em vez de distribuir propaganda suja, e de perseguir e assassinar líderes populares, façam algo para gerar condições favoráveis à paz. Nada custa responder à guerrilha com reciprocidade e grandeza.
    Você tem rechaçado o cessar-fogo bilateral alegando que a guerrilha utiliza as tréguas para fortalecer-se política e militarmente, porém o que estamos vendo é que é o exército quem está aproveitando o cessar unilateral de nossas ações ofensivas para tirar vantagem militar, como a de patrulhar tranquilamente em áreas onde não podia fazê-lo, pela presença de uma guerrilha combativa.
    Ao tempo em que alertamos a nossas forças guerrilheiras em todo o país sobre a grave situação, lançamos um SOS ao movimento social e popular da Colômbia, à Frente Ampla pela Paz, aos povos e países amigos para que defendam este processo e exijam o cessar da provocação de setores guerreiristas, que buscam, com mesquinharia, esgotar a esperança de paz.

    DELEGAÇÃO DE PAZ DAS FARC-EP
    La Habana, Cuba, sede dos diálogos de paz, 27 de Janeiro de 2015


    quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

    Lições das Eleições 2014. E agora, o que fazer?


    MLC 2O 2º turno das eleições para presidente da República provocou uma das maiores mobilizações políticas já ocorridas em nosso país. Ao final, a candidata do PT Dilma Rousseff venceu o candidato do PSDB Aécio Neves com 51,64% dos votos válidos (54 milhões e 501 mil votos) contra 48,36% (51 milhões e 41 mil votos). A vitória de Dilma garantiu ao PT mais quatro anos na presidência, totalizando ao final do seu mandato 16 anos de hegemonia e impediu pela 4ª vez seguida, a volta da extrema-direita ao governo e de sua política neoliberal. Com efeito, uma vitória de Aécio Neves levaria o Brasil a voltar à política externa de “falar grosso com a Bolívia e fino com os EUA” (Chico Buarque), fim da valorização do salário mínimo, e se constituiria numa real ameaça a vários direitos conquistados pelos trabalhadores, como carteira assinada, FGTS, além da implantação da terceirização em toda a economia.
    Embora a diferença em favor de Dilma Rousseff tenha sido de somente 3,28% (3 milhões e 400 mil votos),- em 2010, a diferença entre Dilma e Serra foi de 12,1% – foi uma vitória significativa se levarmos em conta que o candidato do PSDB contou com o apoio da maior parte dos grandes meios de comunicação do Brasil e do exterior e que o PT, após ter realizado privatizações de aeroportos, rodovias e leilões do petróleo brasileiro, não pôde denunciar as escandalosas privatizações realizadas pelo governo do PSDB, como fez em outras campanhas.
    O PT e parte de setores da esquerda que o gravitam, consideram que a diferença de apenas três milhões de votos se deveu unicamente à campanha de desconstrução do PT que a mídia vem realizando desde o “mensalão” ou da ação penal 470, julgada pelo Superior Tribunal Federal (STF), composto por ministros em sua ampla maioria indicados pelo presidente Lula e pela presidenta Dilma, e que levou para prisão dirigentes históricos do PT como José Dirceu, José Genoíno e Delúbio Soares, além de Roberto Jefferson (PTB), Valdemar Costa Neto (PL), Pedro Corrêa (PP), e o publicitário Marcos Valério. Acreditam ainda que a operação Lava Jato e as denúncias de corrupção na Petrobras com a delação premiada do ex-diretor de abastecimento da empresa, Paulo Roberto Costa, confirmando que fraudou licitações e revelando nome de diretores de empreiteiras, funcionários e partidos que recebiam dinheiro, foi outro elemento utilizado pela mídia e que causou a redução da votação do PT nas regiões Sul, Sudeste e Centro Oeste.
    Não há dúvida de que essas denúncias e a utilização delas pelos grandes meios de comunicação têm causado grandes estragos ao PT. Mas não há dúvida também de que tais fatos ocorreram e que não são nenhuma fantasia. Prova disso é a confissão, após as eleições, do diretor da empresa Toyo-Setal, Julio Camargo, confirmando que fez acordo com diretores da Petrobras para ganhar licitação e doar R$ 6,7 milhões a partidos políticos entre 2006 e 2014, tendo doado ao PT R$ 2,56 milhões. Como ninguém elegeu o PT para cobrar propina na Petrobras, mesmo que o dinheiro seja para financiar a campanha eleitoral, tal prática, entre outras, vai afastando eleitores e até filiados do partido. Há, porém, outras causas mais importantes, até porque em matéria de corrupção o PSDB é campeão disparado, como mostra a corrupção no Metrô de São Paulo, as privatizações no governo de FHC, o Proer, etc.
    “Dinheiro pra que dinheiro”
    Embora tenha tido cada vez mais recursos financeiros para suas campanhas eleitorais, o PT vem reduzindo sistematicamente sua bancada na Câmara dos Deputados: em 2002, elegeu 91 deputados federais; em 2006, 83; em 2010, 88 e em 2014, 70. Além disso, embora a campanha de Dilma Rousseff tenha declarado gastos oficiais de R$ 330 milhões, maior gasto de um candidato desde 1989, perdeu em 15 capitais de um total de 27, e em cidades como São Bernardo do Campo, berço histórico do PT.
    De onde vem esse dinheiro? Numa sociedade capitalista, a posse do capital, do dinheiro, está nas mãos de grandes empresas e bancos. Logo, são os donos dessas empresas e bancos que financiam as campanhas dos partidos que gastam milhões nas eleições. Levantamento realizado em setembro revelou que o financiamento das campanhas eleitorais dos três principais candidatos à presidência (Dilma, Aécio e Marina) veio de apenas 19 empresas. Encabeçando a lista, estão bancos, construtoras e mineradoras, tais como:  JBSConstrutora OAS BradescoVale e Ambev. A JBS, dona das marcas Friboi, Seara e Vigor, por exemplo, doou R$ 20 milhões para a campanha de Dilma, R$ 6 milhões para a de Marina e R$ 5 milhões para a de Aécio. Mesmo em 2013, um ano que não teve eleições, o PT recebeu legalmente R$ 60 milhões de grandes empreiteiras como a Camargo Correa, OAS, Queiroz Galvão, Odebrecht e Grupo Solvi.
    Não passa pela cabeça de ninguém que essas empresas financiem partidos que após vitoriosos venham defender a estatização ou não as favoreçam em licitações. Muito pelo contrário, tanto os bancos quanto as empresas que contribuem têm certeza de que serão muito bem recompensados. Uma mão lava a outra, dizem. Por isso, durante a campanha os candidatos prometem mudanças, mas após a vitória governam para os ricos que os financiaram. Em síntese, falam uma coisa, mas fazem outra. Agora mesmo, alguns dias depois da eleição, o governo Dilma aumentou a taxa de juros e admitiu desistir da proposta de fazer um plebiscito para a reforma política.
    Os partidos e as classes sociais
    Na verdade, os partidos são a expressão política de determinadas classes sociais ou de frações de classes existentes na sociedade. Pois bem, que classes o PT representa?
    Embora, tenha surgido se afirmando como um partido das classes trabalhadoras, o PT, ao longo de sua história, foi se descomprometendo com os interesses fundamentais da classe operária e assumindo claramente a defesa do sistema capitalista. O próprio Lula afirmou que “O PT que chegou ao poder comigo, em 2002, não era mais o PT de 1980, de 1982”. (Estado de S. Paulo, 19/02/2010).
    Que novo PT é esse? Hoje, o PT se constitui num verdadeiro partido socialdemocrata, isto é, sua proposta não é acabar com o capitalismo e implantar o socialismo, mas harmonizar os interesses dos capitalistas com os da classe operária, é promover o crescimento da economia mantendo intacta a propriedade privada dos meios de produção e a exploração da classe operária pela burguesia. Defende melhorias parciais para os trabalhadores desde que a riqueza (os meios de produção e o capital) continue nas mãos das classes dominantes.
    Tal política fica muito clara nas prioridades econômicas do governo, como a de utilizar bilhões de recursos públicos para financiar a formação de grandes monopólios nacionais como JBS Friboi, OI, Ambev, entre outras chamadas “multinacionais verde-amarelas” ou na agricultura, ao priorizar o agronegócio em vez da reforma agrária. Mas não só. O capital financeiro teve ampla liberdade de ação e (de especulação) nos últimos 12 anos, como provam os lucros astronômicos dos bancos privados e as operações de salvação do Pan-Americano e do Votorantim.
    Dívida pública, juros e a aristocracia financeira 
    Ora, na moderna sociedade capitalista, um dos principais meios de repassar o patrimônio público e o dinheiro do Estado para a classe capitalista é a dívida pública. Os bancos e grandes capitalistas compram os títulos públicos e o Estado remunera esses títulos com o pagamento religioso de juros altíssimos. É como uma bola de neve: quanto mais alto for a taxa de juros maiores são os rendimentos dos donos dos títulos e mais cresce também a dívida pública. Hoje, o Brasil compromete mais de 40% de seu Orçamento com o pagamento dos juros e, mesmo assim, segundo a Auditoria Cidadã da Dívida a dívida pública já atingiu R$ 2 trilhões e 986 bilhões.  É claro que o nosso povo viveria muito melhor se estes 40% do Orçamento gastos com juros fossem investidos na construção de casas populares, em Saúde, Educação ou no Transporte público em vez de ir para os bolsos dos capitalistas.
    Pois bem, quem são os donos desses títulos da dívida pública que ganham bilhões sem nada produzir? Primeiro os bancos, mas também grandes empresas. Na realidade, bancos e grandes empresas são, no essencial, a mesma coisa, pois, todos os bancos são donos de empresas e todos os donos de grandes empresas aplicam parte de seu capital na especulação financeira, em particular, nos títulos da dívida pública.  Não há nenhum setor importante da economia em que essa lei não se aplique. Por isso, os donos dos meios de comunicação pressionam tanto pelo aumento dos juros e comemoram quando ele ocorre. Também, os bancos ganham muito dinheiro quando a taxa de juros sobe, pois isso permite elevar mais ainda os juros que cobram dos clientes e dos que usam cartão de crédito ou cheque especial. Em setembro, os juros médios do cheque especial foram de 183,28% ao ano, maior percentual nos últimos 15 anos.
    Nesse sentido, embora os grandes meios de comunicação pertençam a algumas poucas famílias bilionárias; elas também possuem títulos, têm dívidas com os bancos ou os bancos possuem parte das ações dessas empresas. Em suma, não adianta culpar a mídia e esconder a verdadeira causa dela agir assim: os gigantescos meios de comunicação fazem a política da aristocracia financeira porque esta é também a sua política, este é o interesse da sua classe, a burguesia.
    O que é preciso mudar?
    Mas o que isso quer dizer, na prática? Que não é possível nenhuma efetiva transformação econômica e social no Brasil sem resolver em profundidade a questão da dívida pública e sem a estatização dos bancos. Por outro lado, também não é possível democratizar os meios de comunicação sem acabar com a propriedade privada dos meios de comunicação. A resolução de ambos os problemas passa pela adoção de medidas econômicas revolucionárias, o que só é possível com um governo revolucionário que tenha amplo apoio da população brasileira e credibilidade moral na sociedade. Não será um governo que prega a conciliação entre a burguesia e o proletariado, que defende o crescimento capitalista e se curva ao capital financeiro, que diz uma coisa e faz outra, que adotará essas medidas.
    Crê o PT que a regulação dos meios de comunicação e uma reforma política diminuiriam o peso dos capitalistas nas eleições e terminariam com a corrupção eleitoral. Bem, o PT já está há 12 anos no governo e até hoje não realizou nenhuma dessas duas reformas. Além do mais, o PT tinha outras reformas em seu programa, que eram compromissos históricos do Partido, como a Reforma Agrária e o fim das privatizações,- e também não as realizou. Terá, agora, mais quatro anos. Seu principal aliado é o PMDB, de Renan Calheiros, José Sarney e Michel Temer. Não custa nada ter fé! Porém, o mal feito está feito.
    De fato, em nenhum dos seus governos, o PT pressionou para taxar as grandes fortunas, reestatizar as estatais privatizadas, controlar a remessa de lucros das multinacionais, limitar a ação do capital financeiro, o acelerado processo de privatização do petróleo brasileiro, a privatização da saúde ou a mercantilização da educação. Nesses 12 anos, o que vimos foi a ampliação do domínio do capital estrangeiro, a desindustrialização e o retorno da economia nacional à condição de exportadora de matéria-prima e produtos agrícolas (primários), característica do período colonial, denominada hoje em economês, de reprimarização.
    É fato também que passados três dias das eleições, o governo aumentou a taxa de juros para 11,25%, e achando pouco, o BC anunciou que é possível um novo aumento até o fim do ano.  Por que esse aumento? A justificativa para a nova elevação da taxa Selic é impedir o crescimento da inflação. Ora, em abril de 2013, a taxa de juros era de 7,25%. Desde então, o BC vem aumentando a taxa de juros. Foi agora para 11,25%, mas a inflação, como todos veem, só faz subir em vez de diminuir. A bem da verdade, o aumento dos juros teve como verdadeiro objetivo beneficiar o capital financeiro ou em palavras menos ofensivas, sinalizar ao “mercado” que seus interesses continuarão sendo defendidos no novo governo e que nenhuma medida ameaçará as riquezas fictícias da aristocracia financeira (a não ser o próprio capitalismo e sua crise). Em outras palavras, embora defenda a conciliação entre o capital e o trabalho, é o capital, e não os trabalhadores, o filho privilegiado.
    Lembremos que durante a campanha eleitoral, a aristocracia financeira promoveu uma permanente especulação na bolsa e com o dólar contra a campanha de Dilma: toda vez que Dilma subia nas pesquisas, a bolsa caía e o dólar subia, um verdadeiro “terrorismo econômico” nas palavras do ministro da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho. Tal “terrorismo econômico” é possível porque no capitalismo imperialista, os grandes bancos se fundem com a bolsa, pois são donos também das empresas, o que facilita a venda e compra de ações num só dia. Entretanto, em vez de serem castigados por esse verdadeiro crime eleitoral, os banqueiros receberam um presente de Natal antecipado.
    A consequência dessa política de afirmar uma coisa e fazer outra leva cada vez mais setores de massas a perderem a ilusão no PT.  Além disso, o PT se afastou das lutas de massas uma vez que estas lutas as colocam diretamente em confronto com o governo que não atende suas reivindicações ou com os patrões que financiam suas campanhas eleitorais. Tal situação ficou evidente nas jornadas de junho de 2013, das quais o PT esteve completamente ausente, bem como os chamados partidos da base aliada. Infelizmente, essas questões, em vez de serem apresentadas abertamente, são ocultadas por determinadas forças políticas de esquerda que preferem ser avestruzes a encarar a realidade tal como ela é. Resultado, parcelas da população, principalmente das camadas médias, mas não só, deixaram de votar no PT e se deslocaram para o voto nulo ou branco ou buscam outra alternativa. Constitui-se, assim, um grande equívoco acreditar que o PT tirará nosso país da crise em que se encontra ou mesmo que terá forças e coragem para evitar o retrocesso, dado seu alto grau de compromisso com a grande burguesia nacional.
    O caminho é desenvolver a luta dos trabalhadores
    Por outro lado, o enorme número de pessoas que votaram num dos dois candidatos, cerca de 105 milhões de eleitores, deixa claro o quanto é equivocada a política de se abster das eleições, de não ir às ruas disputar as massas e trabalhar para a elevação de sua consciência política. Entretanto, vale ressaltar também que um contingente de 37 milhões de pessoas não se sentiu representado em nenhuma das duas candidaturas que disputaram o segundo turno: 30.137.479 eleitores se abstiveram (21,10%); 1.921.819 (1,7%) votaram em branco e 5.219787 milhões votaram nulo (4,63%). Levando em conta que a campanha de Dilma tinha como slogan Mais Mudanças, e que o candidato da direita afirmava que iria mudar o Brasil, as eleições de 2014 revelaram que o povo brasileiro não está satisfeito com a atual situação política e econômica e querem transformações. Essa realidade coloca perante os revolucionários a importância de crescer seu trabalho de agitação, propaganda e de organização em todas as regiões do país para dirigir esse profundo sentimento de mudança no caminho de uma revolução social e não de um retrocesso.
    Com certeza, apesar de algumas conquistas importantes, é fato que os trabalhadores brasileiros recebem baixos salários, têm péssimas condições de trabalho, sofrem constantes acidentes de trabalho e uma superexploração dos patrões, além de morarem mal, pagarem caro por um transporte público de péssima qualidade e praticamente não terem direito ao lazer e a saúde pública, vivem numa crise sem fim, enquanto que um pequeno grupo, 1% da população abocanha todas as riquezas do país.
    Desse modo, as eleições impõem a urgência dos revolucionários terem um instrumento político que possa efetivamente disputar esses milhões de eleitores e levar até eles uma mensagem revolucionária, de transformações, um partido que efetivamente não seja apenas eleitoral, mas que se apresente em todas as lutas dos trabalhadores e do povo, que seja reconhecido por eles e faça das eleições uma alavanca para a emancipação do proletariado, para a revolução, como defende a Unidade Popular pelo Socialismo.
    Por fim, as eleições mostraram o quanto ainda é pequena a influência da esquerda revolucionária sobre as massas e colocam para os comunistas revolucionários a necessidade de aumentar o ritmo de trabalho para alcançar o desenvolvimento político e a organização dos trabalhadores. E, como sabemos, tal tarefa só é possível com o avanço das lutas econômicas e políticas das massas populares e por um longo trabalho realizado com determinação e coragem junto à classe operária. Afinal, uma das condições para a vitória da revolução é o partido revolucionário ter a capacidade de “ligar-se, aproximar-se e até certo ponto, se quiserem, de fundir-se com as mais amplas massas trabalhadoras, antes de tudo com as massas proletárias, mas também com as massas trabalhadoras não proletárias”. (Lênin. O Esquerdismo, doença infantil do comunismo). Numa frase, fundir o movimento revolucionário com o movimento de massas.  Esse é o único caminho para impedir o retrocesso e levar o Brasil ao socialismo.
    Luiz Falcão, membro do Comitê Central do PCR
    (Publicado em A Verdade nº 167, novembro de 2014)
    Postado em 24 janeiro, 2015 às 17:22.
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