quarta-feira, 5 de junho de 2013

Síria critica relatório da ONU sobre armas químicas

Informe apresentado em Genebra aponta o uso do armamento e, apesar de não identificar autores, acusa Damasco

O governo sírio criticou a comissão de investigação da ONU (Organização das Nações Unidas) nesta terça-feira (04/06) por não especificar qual dos dois lados do conflito utilizou armas químicas. O último relatório das Nações Unidas aponta o uso dessas armas e, apesar de não identificar os autores da ação, há acusações contra Damasco. Para a Síria, a ONU tem sido parcial.
Efe

O brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro, presidente da comissão especial, apresenta relatório sobre a Síria em Genebra

Durante a apresentação do relatório no Conselho de Direitos Humanos da ONU, o embaixador sírio na sede em Genebra, Faysal al-Hamwi, afirmou que Carla del Ponte, uma das integrantes da comissão, foi corajosa ao declarar que os opositores haviam usado gás sarin. No entanto, poucas horas depois, o presidente da junta teria sido pressionado, segundo o embaixador sírio, e acabou desdizendo as conclusões da colega. Al-Hamwi acrescentou ainda que “a Síria não confia no trabalho dessa comissão”.

O texto apresentado informa que "existem fundamentos razoáveis para acreditar que foram usados agentes químicos como armas", porém, também indica que "os agentes precisos, os sistemas de distribuição e os autores não puderam ser identificados" e que houve alegações do uso dessas armas pelos dois lados. Apesar disso, o relatório também aponta que “a maioria” dessas alegações indica as forças governamentais como autoras e que “não há evidência” de que a oposição tenha acesso às armas e as tenham utilizado.

Em 6 de maio, Carla del Ponte afirmou que havia reunido depoimentos sobre o uso de armas químicas pelos opositores, mas essas informações foram logo negadas por Paulo Sérgio Pinheiro, presidente da comissão, ao afirmar que não havia provas suficientes para incriminar nenhum dos dois lados.

Al-Hamwi limitou-se a lembrar que foi o próprio governo sírio que solicitou à ONU a investigação do possível emprego dessas armas. Entretanto, as forças governamentais impedem a livre entrada de investigadores no país e permitem inspeções apenas em cidades onde os opositores são acusados de ter usado gás sarin.

Outro país a se manifestar contra o relatório da ONU foi a Rússia, que questionou a neutralidade e a imparcialidade da comissão. A embaixadora norte-americana, Eileen Donahoe, por sua vez, não falou das armas químicas, mas criticou a “crescente brutalidade” do governo sírio e afirmou que Damasco “um dia deverá prestar contas por seus crimes”.

A União Europeia, em declaração conjunta, demonstrou “profunda preocupação”pelo uso de armas químicas e condenou as “atrocidades” praticadas por ambas as partes, mas disse que o relatório esclarece que "as violações e abusos cometidos pelos grupos armados não-governamentais não têm a intensidade e a escala dos cometidos pelo governo e suas milícias". Por esse motivo, a UE pediu à ONU que submeta o caso ao TPI (Tribunal Penal Internacional), para a investigação de crimes na Síria.
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