Informe apresentado em Genebra aponta o uso do armamento e, apesar de não identificar autores, acusa Damasco
O governo sírio criticou a comissão de investigação da ONU (Organização das Nações Unidas) nesta terça-feira (04/06) por não especificar qual dos dois lados do conflito utilizou armas químicas. O último relatório das Nações Unidas aponta o uso dessas armas e, apesar de não identificar os autores da ação, há acusações contra Damasco. Para a Síria, a ONU tem sido parcial.
Efe
O brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro, presidente da comissão especial, apresenta relatório sobre a Síria em Genebra
Durante a apresentação do relatório no Conselho de Direitos Humanos da ONU, o embaixador sírio na sede em Genebra, Faysal al-Hamwi, afirmou que Carla del Ponte, uma das integrantes da comissão, foi corajosa ao declarar que os opositores haviam usado gás sarin. No entanto, poucas horas depois, o presidente da junta teria sido pressionado, segundo o embaixador sírio, e acabou desdizendo as conclusões da colega. Al-Hamwi acrescentou ainda que “a Síria não confia no trabalho dessa comissão”.
O texto apresentado informa que "existem fundamentos razoáveis para acreditar que foram usados agentes químicos como armas", porém, também indica que "os agentes precisos, os sistemas de distribuição e os autores não puderam ser identificados" e que houve alegações do uso dessas armas pelos dois lados. Apesar disso, o relatório também aponta que “a maioria” dessas alegações indica as forças governamentais como autoras e que “não há evidência” de que a oposição tenha acesso às armas e as tenham utilizado.
Al-Hamwi limitou-se a lembrar que foi o próprio governo sírio que solicitou à ONU a investigação do possível emprego dessas armas. Entretanto, as forças governamentais impedem a livre entrada de investigadores no país e permitem inspeções apenas em cidades onde os opositores são acusados de ter usado gás sarin.
Outro país a se manifestar contra o relatório da ONU foi a Rússia, que questionou a neutralidade e a imparcialidade da comissão. A embaixadora norte-americana, Eileen Donahoe, por sua vez, não falou das armas químicas, mas criticou a “crescente brutalidade” do governo sírio e afirmou que Damasco “um dia deverá prestar contas por seus crimes”.
A União Europeia, em declaração conjunta, demonstrou “profunda preocupação”pelo uso de armas químicas e condenou as “atrocidades” praticadas por ambas as partes, mas disse que o relatório esclarece que "as violações e abusos cometidos pelos grupos armados não-governamentais não têm a intensidade e a escala dos cometidos pelo governo e suas milícias". Por esse motivo, a UE pediu à ONU que submeta o caso ao TPI (Tribunal Penal Internacional), para a investigação de crimes na Síria.
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