terça-feira, 4 de junho de 2013
ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DE MINAS GERAIS PODERÁ DEVOLVER SIMBOLICAMENTE MANDATO DE ARMANDO ZILLER
A deputada Luzia Ferreira, da Mobilização Democrática, apresentou dia 29
de maio projeto de resolução restituindo o mandato do deputado Armando
Ziller, eleito em 1946 para a Assembleia Legislativa de Minas Gerais.
Seu mandato foi cassado pouco tempo depois, pois foi eleito pela legenda
do partido que sempre defendeu, o Partido Comunista Brasileiro.
A restituição do mandato de Ziller é considerado pela deputada do MD "um
ato simbólico mas de muito significado para todos os que lutaram e
lutam pela democracia e liberdade. E Ziller e o povo foram violentados
com este ato abominável."
Considero justíssima a proposta da parlamentar só acho que deveriam
também ter seus mandatos restituídos os ex-deputados Sinval de Oliveira
Bambirra ( hoje nome de Praça no Bairro Paris), José Gomes Pimenta
(Dazinho), ambos falecidos, e ao ex-deputado Clodismith Rianni, que mora
em Juiz de Fora (José Carlos Alexandre)
ARMANDO ZILLER
Armando Ziller nasceu em 3 de setembro de 1908, mas foi registrado em 12
de setembro, no Rio de Janeiro.Antes de completar dois anos de idade,
seu pai, João Ziller, mudou-se para Minas Gerais, onde se criou na Zona
da Mata com suas irmãs Armanda, Angelina e Abgail. Sempre bem humorado,
costumava dizer "ser um carioca da Zona da Mata."Sua mãe, d. Luíza,
morreu em 1916 e seu pai casou-se novamente com a filha de um amigo
italiano, d. Rosa Leonello, daí nascendo seus irmão e irmas Adalgisa,
Adelchi, Anfrido, Albiluz, Albina e Albiléo.
Fez seus estudos básicos no tradicional Granbery, em Juiz de Fora e
passou a ajudar seu pai lecionando nos colégios que ele fundava pelo
interior de Minas Rio de Janeiro e São Paulo.Foi assim que conheceu sua
futura esposa, d. Filomena Mellilo, na cidade de Itacaré.Casou-se em
1933 e neste mesmo ano foi aprovado em concurso para o Banco do Brasil e
destacado para trabalhar na cidade de Santos.
Sua vida sindical iniciou-se em Santos onde com um grupo de bancários
viria a criar o Sindicato local.A seu pedido foi transferido em 1940
para Belo Horizonte, onde já viviam seu pais e irmãos.Foi quando abraçou
a causa comunista, participando ativamente da luta sindical por
melhores condições de trabalho e valorização do bancário.
Ziller, um apaixonado leitor da Bíblia, foi eleito presidente do
Sindicato dos Bancários e Região, junto com sindicalistas católicos.
Citando São Tomás de Aquino, ele dizia: "A razão e a fé não se
hostilizam, antes, se completam".
Dirigentes do Sindicato depois escreveriam: "A posse da diretoria, tendo
à frente o comunista Armando Ziller, dá início a um período marcado por
grandes campanhas salariais e engajamento do Sindicato no cenário
político nacional. A atuação dos comunistas à frente do movimento
sindical bancário da capital mineira marca um período histórico da
entidade, expresso principalmente na primeira greve comandada pelo
Sindicato, em 1946. O Sindicato promoveu debates sobre a política
salarial e a criação da Confederação dos Trabalhadores do Brasil (CTB)."
Com a vitória da greve de 1946 Ziller foi eleito deputado estadual tendo
atuação digna do respeito dos bancários e de trabalhadores do
Estado.Autodidata, poliglota, exímio orador, de espírito ágil e
respostas contundentes, encantava a todos. Durante os movimentos
bancários, quando de assembleias na então Secretaria de Saúde e
Assistência, seus discursos eram aplaudidos de pé pelo auditório durante
muitos minutos. Este auditório é onde funciona hoje o Minascentro, na
Avenida Augusto de Limas, entre as ruas Santa Catarina e Curitiba.
Seu mandato durou pouco mas foi marcante na Assembleia Legislativa de
Minas Gerais. Certa vez, abordado por famoso político que insistia em
dizer que ouvia o seus discursos sempre muito bons, retrucou:" Nem
tanto, Excelência, se fossem assim tão bons não tinham me tirado de
lá."
Com a proposição da deputada Luiz Ferreira, será feita justiça a Ziller e aos trabalhadores mineiros.
Ziller presidiu também a Federação dos Bancários e Securitários de Minas
e Goiás, participou de congressos nacionais e internacionais e,
inclusive se encontrava na Europa, participando da organização do
Congresso Sindical Mundial, quando houve do golpe de 1964 que instalou a
ditadura cívico-militar no pais. Ficou 17 nos fora do Brasil voltando
após a aprovação da lei da anistia, tendo vivido em Praga, em Santiago
do Chile e em Buenos Aires.
De volta ao país, reassumiu suas funções de dirigente do PCB, tendo sido
candidato a deputado federal por sua legenda em 1986.Ele teve três
filhos: Hélia , Armando (já falecido) e Arnaldo.
Mais um exemplo de suas veias humorísticas. Certa vez, convidado por um
político da moda para conversar sobre temas nacionais e trocar ideias,
foi taxativo:"Podemos conversar, sim.Trocar ideias, não. Estou
satisfeito com as minhas".
Zilller morreu em 17 de maio de 1992, aos 84 anos, lutando por seu ideal: o Comunismo. (Com Arnaldo Ziller/SEEB)
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