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terça-feira, 31 de maio de 2011

Burocracia sindical/$

A financeirização da burocracia sindical no Brasil

lvaro Bianchi e Ruy Braga
Aproximam-se as eleições para o Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região. Trata-se não apenas do maior sindicato da categoria do país - e isso já bastaria para que o pleito atraísse a atenção de todo o movimento sindical brasileiro. Mas essa eleição também tem um alcance maior que deve ser levado em consideração: o de definir os rumos de uma entidade que cumpre atualmente um papel estratégico na ordem política atual.
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Afinal, desde a eleição de Lula da Silva, em 2002, a relação do sindicalismo brasileiro com o aparelho de Estado modificou-se radicalmente. Nunca é demais rememorar alguns fatos. Em primeiro lugar, a administração de Lula da Silva preencheu aproximadamente metade dos cargos superiores de direção e assessoramento – cerca de 1.300 vagas, no total – com sindicalistas que passaram a controlar um orçamento anual superior a R$ 200 bilhões. Além disso, posições estratégicas relativas aos fundos de pensão das empresas estatais foram ocupadas por dirigentes sindicais. Vários destes assumiram cargos de grande prestígio em companhias estatais – como, por exemplo, a Petrobrás e Furnas Centrais Elétricas –, além de integrarem o conselho administrativo do BNDES. O governo Lula promoveu, ainda, uma reforma sindical que oficializou as centrais sindicais brasileiras, aumentando o imposto sindical e transferindo anualmente cerca de R$ 100 milhões para estas organizações.
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Tudo somado, o sindicalismo brasileiro elevou-se à condição de um ator estratégico no tocante ao investimento capitalista no país. Esta função, não totalmente inédita, mas substancialmente distinta daquela encontrada no período anterior, estimulou Francisco de Oliveira a apresentar, ainda no início do primeiro governo de Lula da Silva, sua hipótese acerca do surgimento de uma "nova classe" social, baseada na articulação da camada mais elevada de administradores de fundos de previdência complementar com a elite da burocracia sindical participante dos conselhos de administração desses mesmos fundos.
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Na opinião de Oliveira, a aproximação entre "técnicos e economistas doublés de banqueiros" e "trabalhadores transformados em operadores de fundos de previdência" serviria para explicar as convergências programáticas entre o PT e o PSDB e compreender, em última instância, o aparente paradoxo de um início de mandato petista que, nitidamente subssumido ao domínio do capital financeiro, conservou o essencial da política econômica estruturada pelos tucanos em torno do regime de metas de inflação, do câmbio flutuante e do superávit primário nas contas públicas.
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Ao mesmo tempo em que Oliveira avançava a tese da "nova classe", apresentamos a hipótese de que o vínculo orgânico "transformista" da alta burocracia sindical com os fundos de pensão poderia não ser suficiente para gerar uma "nova classe", mas seguramente pavimentaria o caminho sem volta do "novo sindicalismo" na direção do regime de acumulação financeira globalizado. Apostávamos que essa via liquidaria completamente qualquer possibilidade de retomada da defesa, por parte desta burocracia, dos interesses históricos das classes subalternas brasileiras. Chamamos esse processo de "financeirização da burocracia sindical".
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Assim como várias análises críticas do governo do Partido dos Trabalhadores, o problema da hipótese da "nova classe" era explicar como se chegou até esse ponto. Não foram poucos os analistas que acreditaram que a Carta ao Povo Brasileiro, na qual Lula da Silva garantia a segurança dos operadores financeiros, teria modificado de modo radical o curso seguido até então pelo PT e mesmo pelo seu candidato. A hipótese da "financeirização da burocracia sindical" enfrentava esse problema e localizava sua origem em uma burocracia sindical presente no partido desde seus primeiros passos no ABC paulista e que ao longo dos anos 1990 associou-se gradativamente ao capital financeiro
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A trajetória do PT só surpreendeu quem não quis ver ou ouvir.
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A história recente da burocracia do Sindicato dos Bancários de São Paulo é exemplar. Como muitas entidades filiadas à CUT, a dos bancários de São Paulo alinhou-se com a administração Lula da Silva e se transformou em porta-voz do governo na categoria. Em todas as situações nas quais os trabalhadores enfrentaram o governo, a diretoria dessa entidade procurou colocar-se na condição de amortecedor do conflito social, papel desempenhado pelos tradicionais pelegos sindicais. No jornal e nas revistas do Sindicato a propaganda do governo dá o tom (1). O "Sindicato cidadão" deu lugar ao "Sindicato chapa-branca".
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Este não é, entretanto, um caso de simples adesismo. É possível dizer que a cúpula dos bancários de São Paulo foi o principal meio de ligação da aliança afiançada por Lula da Silva entre a burocracia sindical petista e o capital financeiro. Na verdade, como previmos, o cimento desse pacto foram os setores da burocracia sindical que se transformaram em gestores dos fundos de pensão e dos fundos salariais. O Sindicato dos Bancários de São Paulo forneceu os quadros políticos para essa operação. Enquanto os sindicalistas egressos das fileiras dos metalúrgicos do ABC ocupavam-se da política trabalhista e Luiz Marinho tomava assento no Ministério do Trabalho, os bancários de São Paulo voavam em direção ao mercado financeiro.
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Esse vôo era um desejo antigo. Gilmar Carneiro, presidente do sindicato entre 1988 e 1994, declarou quando ainda era diretor do Sindicato dos Bancários que ao fim de seu mandato poderia ser diretor do Banco do Estado do Rio de Janeiro do qual havia sido funcionário. Seu sonho não foi realizado, mas logo a seguir Carneiro transformou-se em diretor de um dos braços financeiros do Sindicato, a Cooperativa de Crédito dos Bancários de São Paulo. Seu predecessor Luiz Gushiken, presidente de 1985 a 1987, foi mais longe. No começo dos anos 2000, Gushiken mantinha a empresa Gushiken & Associados, juntamente com Wanderley José de Freitas e Augusto Tadeu Ferrari. Com a vitória de Lula da Silva a companhia mudou de nome e passou a se chamar Globalprev Consultores Associados. O ex-bancário retirou-se da empresa e coincidentemente esta passou, logo a seguir, a fazer lucrativos contratos com os fundos de pensão (2). Tornou-se, assim, eminência parda dos fundos de pensão estatais, sendo decisivo para a indicação do comando do fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil (Previ), da Petrobras (Petros) e da Caixa Econômica Federal (Funcef).
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O sucessor de Gushiken e Carneiro, Ricardo Berzoini, tem também sólidos laços com o sistema financeiro. Foi ele o promotor da reforma da previdência, que além de retirar direitos dos trabalhadores abriu o caminho para instituição da previdência complementar. Os fundos de pensão estatais e privados foram os grandes beneficiados por essa medida. Berzoini tem sido recompensado. Levantamento feito pelo jornal Folha de S. Paulo em 2009 constatou que 43 diretores de fundos de pensão têm vínculos com partidos políticos, a maioria deles com o PT. Desses diretores 56% fizeram doações financeiras a candidatos nas últimas quatro eleições e o então presidente nacional do PT, Ricardo Berzoini, recebeu quase um terço delas (3) .
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A conversão de dirigentes sindicais em gestores financeiros tem um caso exemplar: Sérgio Rosa. Este gestor começou sua carreira como funcionário do Banco do Brasil, integrando a diretoria do Sindicato dos Bancários de São Paulo na gestão de Luiz Gushiken. Em 1999, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, Rosa assumiu um cargo de diretor da Previ, representando os funcionários do banco. Com a posse de Lula da Silva, passou à posição de presidente da Previ, comandando o maior fundo de pensão da América Latina e o 25º do mundo em patrimônio. Após o final de seu mandato assumiu o comando da Brasilprev, a empresa de previdência aberta do Banco do Brasil. Em janeiro de 2011, aos 50 anos, Rosa aderiu "programa de desligamento de executivos" do BB e se aposentou.
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A financeirização da burocracia sindical é um processo que divide fundamentalmente a classe trabalhadora e enfraquece a defesa de seus interesses históricos. Na condição de gestores dos fundos de pensão, o compromisso principal deste grupo é com a liquidez e a rentabilidade de seus ativos. Muitos têm argumentado que os fundos teriam um papel importante na seleção de investimentos ecologicamente sustentáveis e geradores de empregos. Pura enganação.
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Os fundos de pensão brasileiros têm atuado como uma linha estratégica do processo de fusões e aquisições de empresas no país e, consequentemente, estão financiando o processo de oligopolização econômica com efeitos sobre a intensificação dos ritmos de trabalho, o enfraquecimento do poder de negociação dos trabalhadores e o enxugamento dos setores administrativos. Isso sem mencionar sua crescente participação em projetos de infra-estrutura, como a usina de Belo Monte, uma das principais fontes de preocupação dos ambientalistas brasileiros (4) .
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Tendo em vista a natureza semiperiférica de sua estrutura econômica, o Brasil apresenta importantes dificuldades relativas ao investimento de capital. A taxa de poupança privada é historicamente baixa e a solução para o investimento depende fundamentalmente do Estado. Os fundos de pensão atuam nesta linha, buscando equacionar a relativa carência de capital para investimentos. O curioso é que, no período atual, a poupança do trabalhador, administrada por burocratas sindicais oriundos do novo sindicalismo, está sendo usada para financiar o aumento da exploração do trabalho e da degradação ambiental.
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Por tudo isso, a atual eleição no Sindicato dos Bancários de São Paulo tem repercussões nacionais e efeitos amplos na vida política do país. Na realidade, o que está em questão é o processo de aprofundamento da financeirização da burocracia sindical cutista e a preservação de um dos pilares de sustentação dos governos petistas. Para a oposição de esquerda não são, pois, questões de tática sindical as que devem prevalecer e sim questões estratégicas, porque esta não é simplesmente mais uma eleição sindical; trata-se de uma escolha entre projetos político-estratégicos antagônicos que têm lugar em um Sindicato.
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Notas:
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(1) O site do Sindicato dos Bancários de São Paulo parece ter sido desenhado para a campanha eleitoral de 2011. Nele é possível ler: "A estabilidade econômica, com crescimento médio de 3,6% da economia a cada ano desde 2002 e a criação, no mesmo período, de 10,8 milhões de novos postos de trabalho no mercado formal reforçaram o poder dos trabalhadores e deram base para a política de valorização do salário mínimo e da correção da tabela do IR, entre outros avanços importantes garantidos durante os oito anos do governo Lula".
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(2) Ronaldo França. "Ação entre amigos", Veja, n. 1912, 6 jul. 2005 e "Fundos de pensão contratam antigos sócios de Gushiken", Folha de S. Paulo, 3 jul. 2005, Primeiro Caderno, p. 12.
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Há indícios de que a influência de Gushiken não diminuiu após sua saída do governo. Segundo o jornal O Estado de S. Paulo: da "lista dos dez maiores fundos de pensão de estatais brasileiras, seis estão sob comando do PT e a maioria deles ainda é dirigida por apadrinhados dos ex-ministros petistas José Dirceu e Luiz Gushiken, que deixaram o governo há quase quatro anos, em meio ao escândalo do mensalão" ("Dirceu e Gushiken ainda dão as cartas nos fundos", O Estado de S. Paulo, 4 mar. 2009).
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(3) Ranier Bragon: "PT tem diretores em 7 dos 10 maiores fundos", Folha de S. Paulo, 8 março de 2009.
(4) Aliás, o silêncio da CUT a respeito das greves operárias nas obras do PAC, especialmente em Jirau, sem mencionar sua completa inação após o anúncio da empresa Camargo Corrêa de demitir 4.000 trabalhadores, poucas horas depois de um acordo coletivo com a mesma empresa ter sido celebrado pela central, obviamente não são produtos de sua súbita inexperiência à mesa de negociação. Muito ao contrário: a iminência de grandes eventos como a Copa do Mundo, em 2014, e as Olimpíadas do Rio, em 2016, aumenta exponencialmente a demanda por investimentos em infra-estrutura que dependem fundamentalmente do capital estatal e dos fundos salariais. Desde que não haja atrasos nas obras, o que implica, naturalmente, na "pacificação" dos canteiros e na supressão de movimentos grevistas, trata-se de lucro líquido e certo para a burocracia sindical financeirizada. Ainda que às custas da crescente degradação das condições de trabalho nos canteiros de obras.
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Alvaro Bianchi é professor do Departamento de Ciência Política da Universidade Estadual de Campinas; Ruy Braga é professor do Departamento de Sociologia da Universidade de São Paulo.
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segunda-feira, 30 de maio de 2011

Antissemitismo não !

Antissemitismo?

Fonte: Portal/ PCB



Em memória de Simón Radowitzky e Raymundo Gleyzer
Néstor Kohan
Conheci pessoalmente Néstor Kohan, em Caracas, há dois meses, quando ambos participamos de duas mesas em eventos promovidos pelo Movimento Continental Bolivariano: um seminário sobre Marx e um ato público pelo Dia do Direito à Rebelião dos Povos.
Convivemos alguns dias e surgiu logo uma grande empatia. Conversamos muito, numa mistura de espanhol e português. Mas nos entendemos bem e descobrimos muitas identidades em nossa visão do mundo. Jamais perceberia sua origem familiar e étnica, se ele não me autorizasse a traduzir e publicar o seu texto abaixo. Mandou-me em solidariedade ao PCB, acusado recentemente de antissemita. Sabia apenas do detalhe de que o marxista Néstor é argentino, como podia ser brasileiro, afegão, angolano: afinal, ele é um internacionalista. Mas conhecer mais este detalhe sobre o camarada Nestor me faz ficar mais orgulhoso de o ter conhecido.
Ivan Pinheiro
Os fatos
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O que se sabe: saiu publicado na capa do Clarín e foi exibido em vários canais de televisão. Na Argentina, ocorreu um pequeníssimo ato – algumas poucas centenas de pessoas, não chegavam a quinhentas –, em comemoração ao estado Israel, organizado pela embaixada desse país junto com o governo portenho da direita neoliberal clássica, vinculada ao empresário Maurício Macri. Um grupo muito pequeno de manifestantes – menos de duas dezenas – tentavam divergir do sionismo, distribuindo panfletos no ato. Armou-se um alvoroço. Repressão policial. Os manifestantes, críticos do sionismo, foram golpeados e presos. Uma brutal campanha midiática para ilegalizar a esquerda. A acusação central: “anti-semitismo”. Perseguições, invasões, prisões, julgamentos. Tentativa de eliminar projetos sociais e os questionamentos de todo movimento piqueteiro não-oficial.
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Sob pressão da embaixada do estado de Israel e da embaixada dos Estados Unidos na Argentina, o governo de Cristina Kirchner e os juízes invadiram um local piqueteiro, na cidade de Buenos Aires, prenderam outros dez militantes, mais os que já estavam presos pelo ato. Histeria midiática acusa toda a esquerda não institucional – principalmente de origem marxista – de... “anti-semita”.
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Quem escreve e quem opina?
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Alguns anti-semitas dissimulam e escondem seus preconceitos com o confuso e manipulado “tenho um amigo judeu”. Eu não tenho um amigo judeu. Simplesmente, parte de minha família foi torturada e massacrada pelos genocidas nazistas (genocídio que não teve nada de “holocausto”. Não foi “um castigo de Deus”, mas sim um empreendimento político bem mundano e terreno, planejado e executado de forma burocrática, a partir de um projeto de reordenamento e contra-revolução capitalista, de cobrança europeia ocidental, cujas pretensões imperialistas apontavam para todo o planeta). Mesmo se minha família não tivesse sofrido esse genocídio na própria carne, teria, igualmente, o direito de opinar.
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Nosso vínculo com os presos
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Conhecemos muitos deles e delas. Com alguns, compartilhamos militância, formação política e estudo durante anos e décadas, nos bairros da periferia, da cidade de Buenos Aires, na Argentina. Da mesma forma, nas escolas de formação política do Movimento Sem Terra (MST), no Brasil. Assim como em atividades conjuntas com povos originários e indígenas da Bolívia. Todos nos conhecemos bem, principalmente, os companheiros do Movimento Teresa Rodríguez (MTR).
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Assistiram nossa Cátedra Che Guevara durante anos: primeiro, na Universidade Popular Madres de Plaza de Mayo, depois, no Hotel Bauen.
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Precisamente no local invadido pela polícia, conhecido no bairro Florencio Varela (um dos mais humildes da cidade de Buenos Aires) como Conselho de Castelli, criamos uma escola de formação política para moradores com estes companheiros que hoje estão na prisão, acusados de “anti-semitas”. A escola foi feita de maneira totalmente gratuita, absolutamente voluntária, sem cobrar, jamais, um só peso.
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Com as pessoas das comunidades, líamos e estudávamos Antonio Gramsci e Che Guevara. Gravíssimo! Terrível! Também discutíamos sobre história argentina. Assistíamos a filmes com os moradores dos bairros, donas de casa, trabalhadores empregados, trabalhadores desempregados, rapazes e moças humildes, da classe trabalhadora. Por exemplo, vimos e discutimos “Os traidores”, de Raymundo Gleyzer (o que terão sentido com relação ao filme aqueles que hoje prendem estes companheiros?). Fizemos com estes companheiros, algumas vezes, oficinas de filosofia nos bairros, onde, juntos com trabalhadores e trabalhadoras, donas de casa e muitos jovens, analisamos o capítulo sete do livro Cosmos, do pesquisador, professor e astrônomo da NASA (instituição norte-americana, senhor embaixador dos Estados Unidos... Sim, norte-americana... Que horror!), Carl Sagan: “O espinhaço da noite”. Gravíssimo! Perigo! Turmas de filosofia nas periferias? No meio da rua das comunidades? Em meio a crianças correndo e com cachorros latindo ao redor? Inconcebível! Gravíssimo! A filosofia é para as crianças da elite, não para gente humilde e para trabalhadores de comunidades. Terroristas! Inadaptados! Autoritários! Como ousam socializar o saber? Subversivos! Deveríamos voltar a falar latim para que a cultura seja para poucos! Loucos-varridos!
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A demonização midiática é tremenda. Apresentam estes companheiros como se fossem os obscuros e monstruosos “terroristas” dos filmes mais baratos de Hollywood. Conhecemos bem esses companheiros. Se não fosse trágico, daríamos boas risadas. Certamente, riremos juntos quando estes companheiros saírem do cárcere...
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O estado de Israel defende o povo judeu?
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Os acusam de “anti-semitas”? Israel protege o povo judeu? A embaixada de Israel e a embaixada ianque da Argentina são os «pais» do povo judeu?
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O estado de Israel fala hoje em nome das vítimas do genocídio nazista, dos sobreviventes e de suas famílias. Para legitimar-se, se auto-intitula “protetor” dos judeus, além de representante dos familiares e vítimas do nazismo.
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Pensemos um pouco. Façamos memória.
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Se Israel nos protege, não entendo porque o estado de Israel foi um aliado estreito e fiel de Videla e Massera, ditadores simpatizantes de Adolf Hitler (como todas as Forças Armadas argentinas, segundo demonstra o documentário «Panteón militar», do historiador e jornalista periodista Osvaldo Bayer). O general Videla era um católico ultraconservador, que preconizava a guerra contra-insurgente como se fosse uma guerra santa contra os ateus marxistas. Todos os manuais de ensino médio daquela época comprovam isso. Por sua vez, almirante Massera era integrante da organização neonazista P2. Por que o estado de Israel tinha uma aliança tão estreita com esta ditadura militar?
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Nessa época, o Movimento Judeu pelos Direitos Humanos (MJDH) havia calculado que, dos 30.000 desaparecidos e desaparecidas na Argentina, aproximadamente entre 1.500 e 2.000, eram de origem judia. Uma proporção bastante maior (na realidade, corresponde a 16 vezes mais) se comparar a relação quantitativa da comunidade judia com o conjunto da população total de nosso país. Não foi casual.
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Isso é explicado, ao menos, por duas razões. Em primeiro lugar, pela ativa militância do judaísmo progressista e de esquerda nas organizações revolucionárias argentinas (incluindo as político-militares PRT-ERP, FAR, Montoneros e outras similares). Em segundo lugar, pelo caráter brutalmente anti-semita dos militares argentinos. Existem numerosos testemunhos, por exemplo, no Nunca mais (um livro que não possui posições de “ultra-esquerda” precisamente, já que o prólogo de Ernesto Sábato tristemente fortaleceu a célebre “teoria dos dois demônios”), sobre a ira especial dos torturadores militares com os prisioneiros e sequestrados de origem judia, as torturas “especiais”, as marchas nazistas que eles faziam escutar nas câmaras de torturas, etc. O general Camps, chefe policial que se responsabilizou pelo desaparecimento e assassinato de 5.000 prisioneiros, era um confesso anti-semita. Sempre que podia, expressava seu ódio aos judeus. Não era o único, apenas um dos mais conhecidos e cínicos.
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O que fez o estado de Israel para proteger não os 30.000 desaparecidos e desaparecidas em geral, mas, especialmente, os 1.500 ou 2.000 desaparecidos judeus?
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Segundo reconhece Pinjas Avivi, o então cônsul da embaixada do estado de Israel na Argentina (entre 1978 e 1981), quando acompanhou o jornalista Jacobo Timerman (um dos poucos, talvez o único, que conseguiu se salvar) ao aeroporto de Ezeiza, pediu que não denunciasse a ditadura e as tremendas torturas sofridas... Mas o contrário! “Pedi-lhe que não atacasse o governo militar porque nosso trabalho corria perigo” (Página 12, 8/9/2001). O funcionário israelense reconhece que este tipo de atitude correspondia a: “não queríamos prejudicar as relações diplomáticas entre Israel e Argentina”. O mesmo funcionário diz que “houve detidos que recusaram nossa ajuda. Eles nos acusaram: vocês são colonialistas, genocidas e conquistadores. Não queremos a ajuda de vocês. São piores que os generais»” (http://www.hagshama.org.il [1/2/2000]). Iosi Sarid, um dos deputados de Israel da Frente de Esquerda Meretz, revelou que nos arquivos da chancelaria israelense e no ministério de Defesa de Israel, existem provas que negam a versão acerca da suposta “ignorância” do estado de Israel a respeito dos massivos desaparecimentos, sequestros e torturas de judeus na Argentina, “provas que trataram de ocultar para não incomodar as «boas relações» e, entre elas, a venda de armas” (18/11/2003, www.wzo.org.il).
A colaboração do estado de Israel – venda de armas, votos da ditadura a favor de Israel nas Nações Unidas, etc. – com a ditadura militar, genocida e anti-semita do general Videla não foi uma exceção. O mesmo aconteceu com outros regimes fascistas ou de extrema direita, como os de Augusto Pinochet (que usava o uniforme nazista) no Chile, Anastasio Somoza, na Nicarágua, ou o regime neonazista do apartheid, na África do Sul. Todos estreitos aliados, como Israel, da cabeça da serpente mãe extremista, o estado norte-americano: USA. Uma casualidade?
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O apoio entusiasta à Somoza tinha a ver com “a defesa do judaísmo”? Os comandos israelenses hoje combatem a insurgência marxista das FARC-EP ou assessoram os narco-militares de Uribe nas selvas e montanhas da Colômbia para “defender os judeus”? Quais são os judeus que vivem nas montanhas ou selvas da Colômbia? Queremos conhecê-los para compartilhar algumas comidas ou assistirmos juntos alguns filmes de Woody Allen!
Quando o famoso intelectual norte-americano Noam Chomsky (de origem judia, que viveu vários anos em Israel e que de lá saiu sumamente decepcionado e amargurado) afirmou que as FARC-EP da Colômbia não são terroristas e que, em contrapartida, a política oficial do estado de Israel é de extrema direita, não somente no Oriente, mas em todo mundo, será ele, por acaso, um “terrorista anti-semita”?
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Longe da tradição humanista de Sigmund Freud, Albert Einstein e Karl Marx, que soube defender o querido escritor judeu Isaac Deutscher, hoje Israel faz culto à limpeza étnica e à discriminação, constrói um muro de intolerância (pelo qual ninguém se “ofende”, como ocorreu hipocritamente com o muro de Berlim...), legaliza a monstruosidade da tortura (chamando-a com o mesmo eufemismo utilizado pelos “democratas” norte-americanos: “interrogatórios fortes”) e pratica sobre os demais o mesmo que o povo judeu sofreu na própria carne. Como bem alertou em sua época o pensador judeu Martín Buber: “Deveremos enfrentar a realidade de que Israel não está inocente nem redentora. E que em toda sua criação e expansão, nós judeus temos causado o que sofremos historicamente: uma população de refugiados na diáspora”.
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Como escreveu em seu livro Ser judeu o filósofo judeu e marxista argentino, León Rozitchner: “Que estranha inversão se produziu nas entranhas desse povo humilhado, perseguido, assassinado, para humilhar, perseguir e assassinar aqueles que reclamam o mesmo que os judeus reclamavam antes para si mesmos? Que estranha vitória póstuma do nazismo, que estranha destruição inseminou a barbárie nazista no espírito judeu? Que estranha capacidade volta a despertar neste apoderar dos territórios distantes, onde a segurança que se reclama é, no fundo, a destruição e dominação do outro pela força e pelo terror? Se vê, então, que quando o estado de Israel enviava suas armas aos regimes da América Latina e da África, já ali era visível a nova e estúpida coerência dos que se identificam com seus próprios perseguidores. Não esqueceremos os judeus latino-americanos. Tampouco esqueceremos Chatila e Sabra”.
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Quem é o inimigo?
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Permitem-nos um conselho? Aos jovens do MOSSAD e das Forças Armadas de Israel, humildemente, sugerimos que se o que buscam é adrenalina e vingança pelos ferozes assassinatos nazistas do passado contra o povo judeu, pois bem, então, por que não planificar e preparar-se para atacar, de forma mortífera e demolidora, as grandes empresas europeias e norte-americanas que se enriqueceram com o genocídio nazista? Como bem explica o formidável livro Negócios são negócios. Os empresários que financiaram a ascensão de Hitler ao poder, do escritor judeu Daniel Muchnik, o nazismo não foi uma “anomalia”.
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As hierarquias políticas, militares e ideológicas do nazismo são conhecidas: Hermann Göring, Joseph Goebbels, Ernst Röhm, Alfred Rosemberg, Ulrich F.J.von Ribbentrop, Heinrich Himmler, Rudolf Hess, Gottfried Feder, Josef Mengele, entre outros. No entanto, muito menos o são os empresários beneficiários-cúmplices, sócios de interesses, aliados ou colaboracionistas do nazismo na Alemanha.
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A lista é longa e Muchnik a percorre minuciosamente. Entre outros, inclui as empresas Siemens (elétrica), a BMW e a Volkswagen (automotivas), Fritz Thyssen (industrial siderúrgico que morreu em Buenos Aires, em 1951), Gustav Krupp (dono da gigante do aço alemão), Ernst Heinkel (“führer econômico-militar” desde 1938) e Emil Kirdorf (empresário do carvão). Estes empresários, recorda amargamente Muchnik, que utilizavam mão de obra escrava dos prisioneiros judeus, comunistas ou ciganos, saíram ilesos dos julgamentos de Nuremberg... Uma mera casualidade?
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Por acaso, hoje em dia – volta a perguntar-se Muchnik – não continuam operando com total impunidade empresas de origem nazista (derivadas da IG Farben, que fabricava o raticida das câmaras de gás) como a Bayer, a Hoesch ou a BASF, acusadas por sobreviventes do genocídio nazista?
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Muchnik apresenta, então, uma quantidade enorme de dados sobre a colaboração sistemática, os negócios ou, inclusive, a simpatia ideológica que mantiveram com Hitler – ainda durante a segunda guerra mundial – empresas como a General Motors (associada com IG Farben), a General Electric, a Brown Boveri (filial de Westing House), a britânica Unilever, a Shell, a United Steel, o Chase Manhattan Bank de Rockefeller, a Standard Oil, a TEXACO, a ITT (a mesma do golpe de estado de 1973, no Chile), o National City Bank, o grupo editorial Bertelsman, dono da RCA e acionista majoritário do American On Line (o principal provedor de Internet dos EUA) e a Ford. Todos eles se encheram de dinheiro com o nazismo e, hoje, em pleno século XXI, continuam engordando suas contas bancárias e suas ações com total impunidade!
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Aí, os jovens do MOSSAD e das Forças Armadas de Israel teriam que atacar e dirigir sua violência mortal, não aos refugiados palestinos, não às escolas palestinas, não aos hospitais palestinos, não às famílias palestinas... O inimigo tampouco são os piqueteiros da Argentina, a insurgência da Colômbia, os negros da África do Sul. O inimigo são as grandes empresas que ganharam fortunas com o nazismo.
Jovens, confundiram-se de inimigos ou vocês são amigos e cúmplices desse inimigo? Leiam esse livro, “desinformados” jovens do MOSSAD...
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Os revolucionários são “terroristas anti-semitas”?
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A literatura sionista, a grande imprensa do poder (monopólico), a embaixada dos Estados Unidos e a embaixada de Israel estão construindo um grande sofisma. Todo revolucionário é... “um terrorista”. Quando se questiona a política de estado de Israel ou dos Estados Unidos é, além disso, um “terrorista anti-semita”.
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Como os dirigentes sionistas e os monopólios de (in)comunicação chamariam um dos principais fundadores das FAR (Forças Armadas Revolucionárias) da Argentina dos anos 70, o militante de origem judia e comunista Marcos Osatinsky? Marcos Osatinsky não só era guevarista, como promovia uma opção político-militar, era aliado de Cuba e defendia a causa palestina. Esteve preso pela ditadura militar no cárcere de Rawson, escapou do “massacre de Trelew”, passou pelo Chile de Salvador Allende e chegou a Cuba, onde desenvolveu trabalhos voluntários e foi fotografado com Mario Robi Santucho e outros revolucionários antiimperialistas daquela época. Este grande revolucionário de origem judia está desaparecido. Marcos era um “terrorista anti-semita”?
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Como os dirigentes sionistas e os monopólios de (in)comunicação chamariam o jovem trabalhador judeu libertário Simón Radowitzky? Radowitzky, em começos do século, justiçou com um explosivo o feroz coronel da polícia, Ramón Falcón, quando este último massacrou trabalhadores indefesos durante um ato pelo primeiro de maio, numa praça portenha. Simón Radowitzky foi castigado com mais de duas décadas de torturas, vexames e reclusão nas piores prisões do sul argentino. Depois da deportação para Montevidéu, marchou para combater, com as armas em punho, junto aos batalhões internacionalistas da guerra civil espanhola. Simón era um “terrorista anti-semitista”?
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Como os dirigentes sionistas e os monopólios de (in)comunicação chamariam Teresa Israel, jovem advogada de guerrilheiros e militantes populares? Esta jovem judia comunista, advogada de presos políticos, foi uma das mais audazes que incursionou no tenebroso quartel militar de Campo de Mayo, denunciando as torturas dos detidos. Nos anos 70, se metia nos quartéis para tentar salvar a vida dos revolucionários sequestrados e torturados pelos militares argentinos (aliados do estado de Israel). Hoje está desaparecida. Muitos centros culturais e comunitários levam o nome de Teresa, jovem judia revolucionária. Teresa era uma “terrorista anti-semita”?
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Como os dirigentes sionistas e os monopólios de (in)comunicação chamariam Raymundo Gleyzer? Era um jovem militante judeu, comunista e combatente do guevarista Partido Revolucionário dos Trabalhadores-Exército Revolucionário do Povo (PRT-ERP). Na casa de Raymundo, fundou-se o teatro IFT, um dos baluartes culturais do judaísmo progressista argentino, hoje situado no bairro de Once. Raymundo, brilhante e apaixonado, dirigiu o grupo Cine da Base e foi o grande cineasta da insurgência argentina, amiga da causa palestina. Raymundo era um “terrorista anti-semita”?
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A lista de exemplos segue e é incontável. Não só da Argentina, mas de toda a América Latina e do mundo.
O jovem dirigente uruguaio Jorge Zabalza, que começou militando no agrupamento judeu Hashomer Hatzair, visitou Israel, viveu num kibbutz e, ao regressar, se converteu num dos comandantes e num dos nove reféns históricos do Uruguai, pertencentes ao Movimento de Libertação Nacional – Tupamaros, organização amiga da causa palestina. O «tambero», como o chamam no Uruguai, é um “terrorista anti-semita”?
E Mauricio Rozencof, igualmente judeu, outro dos fundadores dos Tupamaros do Uruguai? Era um terrorista anti-semita?
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E Enrique Oltusky, jovem militante judeu cubano, que se converteu em estreito colaborador do comandante Ernesto Che Guevara (Oltusky, junto com seu amigo Orlando Borrego, foi o organizador das Obras Completas do Che, conhecidas pelo título O Che na revolução cubana. Os três, Oltusky, Borrego e Guevara, estudaram juntos O Capital, em Cuba). Como seu chefe Guevara, Oltusky era amigo da causa palestina. Era Enrique um “terrorista anti-semita”?
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E se formos ainda mais para trás... O jovem guerrilheiro socialista Mordejai Anielevich que, enquanto os grandes papas do sionismo negociavam com os nazistas, organizava no gueto de Varsóvia o único caminho para enfrentar os fascistas, isto é, com luta armada... Era um “terrorista anti-semita”?
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A criminalização macarthista dos revolucionários – especialmente daqueles que possuem ou assumem posições radicalizadas – e a falácia de identificá-los com o brutal e monstruoso anti-semitismo de origem nazista, não possui como base a menor análise histórica. Visa, unicamente, a condição de apagar, não só a heróica resistência palestina, mas, inclusive, a própria história de honra e valentia do judaísmo revolucionário e socialista – impulsionador da luta armada. Como se pode aceitar a propaganda oficial do MOSSAD, o estado de Israel e a embaixada dos Estados Unidos?
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A esquerda piqueteira é “anti-semita”?
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Todavia, hoje permanece sem solução o atentado à AMIA. Enquanto a direção oficial do sionismo se abraçava com os políticos do sistema e aplaudia o presidente Carlos Saúl Menem, todo mundo sabia que estava em processo um atentado. Atentado que não se fez nos bairros onde viviam os judeus ricos e milionários, mas no bairro Onde, um dos mais populares da cidade de Buenos Aires (precisamente o mesmo bairro onde, em princípios do século XX, teve lugar a “semana trágica”, quando os “bons filhos” dos empresários e as tropas para-policiais reprimiram trabalhadores insurretos e caçaram “judeus bolcheviques”, humilhando mulheres e crianças, assassinando, à sangue frio, em nome da “pátria”). No local do atentado à AMIA, todo mundo suspeitava que a polícia da cidade de Buenos Aires, conhecida popularmente como “a bonaerense”, havia posto sua garra suja e corrupta ali. Também se suspeitou que os militares caras-pintadas – ex-instrutores de contra-insurgência nas escolas ianques do canal do Panamá – tinham colaborado.
Porém, a ninguém, absolutamente a ninguém, nem sequer aos mais delirantes, ocorreu que o movimento piqueteiro esteve misturado com o atentado à AMIA.
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Então, por que agora esse ódio e essa histeria que vemos em todos os monopólios da (in)comunicação contra a esquerda piqueteira?
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Pedimos permissão para contar uma história. Há alguns anos, uma das organizações de vítimas do atentado à AMIA, os companheiros da APEMIA, organizaram um ato nas ruas Corrientes e Pasteur, no bairro de Once, Capital Federal da Argentina. O ato teve bastante concorrência. Quando um trabalhador morocho e muito humilde do Pólo Obrero tentou subir no palanque para solidarizar-se com as famílias das vítimas, alguns sionistas que estavam na plateia começaram a insultá-lo, vaiá-lo e tentaram tirá-lo. Quase nos agarramos a golpes.
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Por que esse ódio de classe? Ao sionismo interessa o povo judeu ou, na realidade, defende seus próprios interesses, inclusive contra os próprios judeus? Se, de verdade, interessa o bem-estar dos judeus, NUNCA, repito, NUNCA deveriam ter apoiado uma ditadura anti-semita como a de Videla e Massera.
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O sionismo nos protege?
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Peço permissão para contar outra história pessoal, esta da adolescência. Ocorreu numa escola secundária, onde militávamos no grêmio estudantil. Alguns de nossos amigos eram judeus, outros católicos e um companheiro de origem árabe, ainda que de fé católica. Sem renegar nossa origem, nós éramos (e somos) ateus. No entanto, aproveitando o “dia do perdão”, faltamos à aula, como grande parte dos adolescentes, tentando escapar da disciplina escolar. Junto com os de sobrenome judeu, também faltaram nosso amigos de origem católica e o de origem árabe. O que esse grupo de amigos encontrou no dia seguinte, ao regressar à aula? Em cada uma de nossas cadeiras de madeira haviam pintado uma imensa cruz suástica (nazista), de cor vermelha, com cada um de nossos nomes. A primeira reação, instintiva, foi irmos fechando os punhos. Porém, rapidamente, pensando politicamente, como militantes do grêmio estudantil. Fizemos uma denúncia pública contra este gravíssimo ato antissemita. Como dirigentes do grêmio estudantil, recorremos a inúmeros jornais. Ninguém publicou nada. O único jornal que publicou a denúncia foi Nueva Presencia, órgão jornalístico que havia sido, nos tempos ditatoriais, baluarte cultural da resistência popular. Dirigido pelo jornalista Herman Schiller (conheci Herman pessoalmente muitos anos depois, já militando com as madres de plaza de mayo), Nueva presencia deu lugar em suas páginas à colorida família da esquerda argentina, judia e não judia.
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Imediatamente depois da denúncia, vieram à escola alguns dirigentes sionistas. Não recordo agora se eram da OSA ou da DAIA. Porém, era um dirigente de peso e renome. Veio averiguar e pedir explicações pelo feito anti-semita. O reitor da escola, fascista disfarçado de liberal, jurista legitimador dos golpes de estado e colunista do jornal de extrema-direita La Prensa, chamou os estudantes agredidos e também o agressor (que veio junto com seu pai), que tinha pintado as cruzes nazistas. Em meio à discussão, o reitor disse ao dirigente sionista, apontando-me com o braço estendido: “Porque este estudante é marxista e milita no fascismo vermelho”. Automaticamente, seus olhos se cruzaram com os do dirigente sionista. Nesse instante, esqueceram-se do jovem neonazista, das cruzes suásticas, da agressão anti-semita e começaram a me insultar. Eu não entendia nada. Não vinha nos defender dos nazistas? Nós não éramos os atacados? Não! Para o dirigente sionista, que não era um jovem ignorante, mas um alto dirigente do sionismo argentino, era mais perigoso um estudante marxista judeu que um nazista que pintava suásticas... Incrível!!! Naquela época eu era muito garoto. Não entendi nada. A situação me parecia um absurdo e absolutamente ridícula. De agredido e denunciante, eu tinha terminado sendo acusado... Nada menos que por outro judeu! Anos depois, o compreendi muito bem...
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Os palestinos nos odeiam?
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Os palestinos nos odeiam? Não é certo. Gravíssimo erro confundir judaísmo com sionismo. Confusão claramente falsa, exercida em defesa do estado de Israel ou contra Israel. A resistência palestina – ao menos em suas vertentes e organizações mais lúcidas, as oriundas de um tronco antiimperialista laico e socialista – luta contra a política de estado de Israel, não contra os judeus em geral.
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Se me permite, gostaria de contar uma terceira história para ilustrar este pensamento.
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Quando se inaugurou a Escola Nacional «Florestan Fernandes», em São Paulo, por iniciativa do Movimento Sem Terra (MST) do Brasil, encontramos militantes de muitas partes do mundo, todos unidos pelas mesmas bandeiras e os mesmos ideais, os mais nobres conhecidos pela humanidade até o momento. Existiam, entre inúmeras pessoas, judeus não israelenses. Também estavam presentes alguns marxistas israelenses e, igualmente, mães palestinas. Estas últimas, vestidas com seus lenços e túnicas tradicionais. Todavia, recordo com uma emoção indescritível o imenso abraço internacionalista e fraterno que estas mães nos deram, a todos e todas por igual, incluindo os judeus não israelenses e os marxistas de Israel, sabendo perfeitamente quem era cada um. Ninguém me contou. Não li em nenhum livro. Não vi em nenhum filme. Esse abraço íntimo, afetuoso e fraternal de palestinas e judeus, palestinos e judias, simbolizou para nós um avanço, de como poderíamos viver e conviver se, neste mundo cruel e mesquinho não governassem o imperialismo e as burguesias, com todo seu primitivismo político, ódio racial, opressão nacional e fanatismo religioso, mas como povos organizados sobre um projeto socialista de alcance mundial. Não é um sonho delirante. É algo possível e ao alcance das mãos, com a condição de tirarmos de cima os donos do poder burguês, do mercado, do capital e da guerra fratricida.
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Por isto tudo, pedimos aos senhores defensores do sionismo que façam toda a propaganda que queiram, mas, por favor...
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Já basta! Não façam em nosso nome!
Não usem a memória dos nossos avós e bisavós torturados, perseguidos e massacrados pelo nazismo, para fins mesquinhos, egoístas 

FONTE: AQUI


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Desmatadores matam na floresta.

Principal suspeito de matar o líder Adelino Ramos é preso

IG 30/05/2011 18h30

Adelino O agricultor Ozeas Vicente, 38 anos, foi preso nesta segunda-feira em Extrema de Rondônia, próximo à capital Porto Velho. Ele é o principal suspeito de matar o líder do Movimento Camponês Corumbiara, Adelino Ramos, 57 anos, e se entregou nesta manhã.
Segundo a polícia civil, Ozeas vinha ameaçando Ramos e estava sendo procurado desde o último sábado (28). Ainda hoje ele será transportado para a capital de Rondônia e prestará depoimento.
O líder Adelino Ramos foi morto na manhã de sexta-feira (27), no município de Vista Alegre do Abunã. Segundo relato da assessoria da Secretaria de Produção do Amazonas, ele morava num assentamento localizado no sul de Lábrea, o município mais desmatado do Amazonas, e estava com a família levando seus produtos para comercializar numa feira.
Ramos foi atingido por seis tiros. Ele chegou a ser levado para um hospital, mas não resistiu. O líder, segundo a assessoria da Secretaria de Produção, vinha recebendo ameaças de morte de madeireiros da região.
Movimento Camponês Corumbiara
O movimento liderado pelo agricultor morto foi formado depois do massacre de Corumbiara, em fevereiro de 1996, com objetivo de dar continuidade às reivindicações dos camponeses sem terra.

fonte: IG

sábado, 28 de maio de 2011

Palestinos de novo esperando pela ONU...!

Liga Árabe vai pleitear assento para Estado palestino na ONU


Por Ali Sawafta
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DOHA, 28 de maio - (Reuters) - A Liga Árabe decidiu, no sábado, pleitear uma participação plena como membro da ONU para um Estado palestino na Faixa de Gaza e na Cisjordânia, tendo Jerusalém Oriental como a sua capital, ignorando a oposição dos EUA e de Israel.
O comitê do processo de paz da Liga Árabe, reunido em Doha, disse que vai solicitar o reconhecimento do Estado da Palestina como membro na reunião da Assembléia Geral da ONU, em Nova York, em setembro.
'O comitê decidiu ir às Nações Unidas (ONU) solicitar a adesão plena para a Palestina nas fronteiras de 1967, com Jerusalém Oriental como a sua capital', disse em um comunicado.
As fronteiras de 1967 fazem referência às fronteiras de Israel, como elas eram na véspera da Guerra de 1967, em que tomou a Faixa de Gaza do Egito e da Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental, da Jordânia.
A liderança palestina começou conversações de paz com Israel há quase duas décadas, com o objetivo de fundar um Estado, ao lado de Israel na Cisjordânia e na Faixa de Gaza.
Israel diz que as conversações de paz e um acordo são a única maneira para que os palestinos alcancem seu objetivo de ter uma nação.
Mas com o processo de paz paralisado, a liderança palestina tem procurado novas maneiras de avançar na sua causa. O presidente palestino, Mahmoud Abbas, se opõe ao uso da violência.
O movimento da Liga Árabe na ONU parece fadado ao fracasso, por causa da oposição dos EUA, que têm poder de veto no Conselho de Segurança. Mas Israel teme que a manobra o faça parecer vulnerável no terreno da diplomacia.
O presidente dos EUA, Barack Obama, em um discurso no dia 19 de maio, condenou o que ele descreveu como 'ações simbólicas para isolar Israel nas Nações Unidas', uma referência ao plano dos palestinos de forçar o seu reconhecimento durante a reunião de setembro.
Atualmente, os palestinos têm o status de observadores da ONU, sem direito a voto

quarta-feira, 25 de maio de 2011

IV Reich !

combater. Isso justifica nossa passagem pela Terra." (Jaime Pardo Leal)




sexta-feira, 20 de maio de 2011


TERRORISMO DE ESTADO USA -RUMO AO IV REICH

Por Miguel Urbano Rodrigues

Comentando o assassínio de Bin Laden, Michael Moore escreveu no Twiter: «Matamos mais de 919 000 no Iraque, no Afeganistão, no Paquistão, etc., e gastamos 1 bilião e 200 000 milhões de dólares em despesas militares, e, finalmente, conseguimos assassinar mais uma pessoa».

A operação militar que eliminou o líder da mítica Al Qaeda confirmou uma realidade: o sistema de poder dos EUA, na sua ânsia de dominação planetária, pratica uma politica internacional na qual o terrorismo de Estado se tornou componente fundamental. Os EUA comportam-se como candidatos a surgir na Historia como o IV Reich do século XXI.

A «operação Gerónimo» - nome que insulta a memória do herói apache - foi o desfecho de um projecto concebido com minúcia científica pela Administração Obama. Anunciada a candidatura do Presidente à reeleição, faltava somente marcar uma data.

A CIA sabia há muito onde ele se encontrava. Acompanhava-lhe os movimentos diários na residência de Abotabad através de sofisticados aparelhos electrónicos e os contactos dos seus mensageiros com o exterior, recorrendo inclusivamente a satélites. O Pentágono e os serviços de inteligência conheciam os nomes de todas as pessoas que viviam com Bin Laden.

O novelo de contradições que envolve o folhetim da morte do «inimigo numero 1» dos EUA não resulta de desinformação. Foi concebido para semear confusão e transmitir a ideia de que Obama, agindo como democrata, transmitia ao povo norte-americano informações sobre a «operação militar» logo que as recebia.

Mentia conscientemente, como demonstraram em importantes artigos intelectuais progressistas como Michel Chossudovsky, Noam Chomsky, James Petras, Domenico Losurdo, John Pielger, e outros.

O presidente, aliás, apresentou diferentes versões dos factos nas entrevistas às três grandes cadeias de TV, a ABC, a CBS e a CNN. Inicialmente, afirmou que, ao dar a ordem para o ataque à casa de Abotabad, as probabilidades de Bin Laden ali se encontrar eram de 99,9%; mas na última entrevista essas probabilidades caíram para 55%. A encenação foi muito estudada.

O elogio do Presidente à CIA e ao seu chefe foi encomiástico. Foi ele quem tudo preparou e dirigiu. Leon Panetta, nas suas entrevistas, não escondeu, porem, que a CIA torturou prisioneiros para obter informações decisivas para a localização de Bin Laden. Interrogado sobre os métodos utilizados nos interrogatórios, defendeu, quase com orgulho, o recurso à tortura e justificou o «afogamento simulado». Falou com a frieza serena de um gauleiter nazi.

Obama logo que viu as fotos do cadáver de Bin Laden decidiu que não seriam divulgadas. Sabia que elas provocariam uma onda de indignação no mundo islâmico. Mas afirmou então que hesitava e iria reflectir. Depois, proibiu a entrega das fotos à comunicaçao social.

Talvez não esperasse que as imagens de três corpos despedaçados de homens abatidos durante o assalto fossem entregues aos jornalistas pelo Exército do Paquistão.

A rapidez da retirada dos comandos da Marinha do edifício metralhado – levaram somente o cadáver de Bin Laden e o do neto – criou porem, problemas imprevistos à Casa Branca. Porque os sobreviventes encontrados pelos militares paquistaneses – uma das esposas estava ferida – falaram muito e as suas declarações forçaram Obama e o Pentágono a apresentar nova versão da «brilhante operação Gerónimo». Reconheceram que, afinal, Bin Laden estava desarmado. Teria sido abatido quando procurava uma pistola, ou, segundo outros, uma metralhadora. O folhetim dos «escudos humanos» também não resistiu a evidências resultantes do interrogatório das testemunhas do massacre. Uma das esposas de Bin Laden, a jovem iemenita Amal Abdulfatah, esclareceu que o marido vivia no Paquistão há sete anos, cinco dos quais na casa de Abotabad e não nas montanhas afegãs, como repetidamente garantia o governo de Washington.

Na sua primeira comunicação ao país, Obama afirmou que a operação, por ele acompanhada da Casa Branca, durou 40 minutos e que o efectivo da «força elite» da Marinha não excedia 20 homens. Mas, posteriormente, altos funcionários civis e militares referiram totais diferentes. Não foi dada uma explicação credível para uma acção armada tão prolongada contra uma casa cujos poucos moradores não opuseram resistência.

Assessores do Presidente e a Marinha repetiram exaustivamente que Bin Laden tinha sido sepultado no mar no respeito dos ritos islâmicos. É insólito o súbito respeito pela religião muçulmana; mas acontece que o Corão não permite sepultamentos marítimos. Os filhos do morto já informaram que pensam processar o Estado norteamericano por mais essa ofensa à sua fé.

Outro tema que ridiculariza a versão oficial dos acontecimentos, e envolve a CIA e o Pentágono num labirinto de mentiras, criou já problemas no campo das relações dos EUA com o Paquistão.

O governo Obama tem, na prática, tratado aquele país como um protectorado de novo tipo. Os bombardeamentos de aldeias do Waziristao por aviões sem piloto da USAF tornaram-se rotineiros. Islamabad limita-se a tímidos protestos quando os mísseis estadounidenses matam camponeses da região. Mas desta vez o desrespeito pela soberania paquistanesa atingiu tais proporções com a intervenção militar concebida para assassinar Bin Laden que a vaga de indignação no país foi maiúscula.

A reacção do presidente Asif Zardari foi, porem, suavissima.Porquê? Ficou transparente que o Exercito do Paquistão e o seu serviço secreto estavam ao corrente da instalação do chefe da Al Qaeda em Abotabad. A sua casa dista apenas umas centenas de metros da sede da Academia Militar do país. Trata-se de uma cidade de guarnição, com vários quartéis. Alguns media estadounidenses afirmaram que as Forças Armadas do Paquistão não somente conheciam a presença de Bin Laden, como o protegiam.

A rede de cumplicidades é, porem tão densa, que Tom Donilon, conselheiro de segurança nacional de Obama, levou a hipocrisia ao ponto de declarar aos jornalistas que não há «quaisquer provas» de que o Governo paquistanês tivesse conhecimento da presença no país de Bin Laden.

O farisaísmo do presidente Obama não é menor.Derramou elogios sobre a CIA, enaltecendo como grande e histórico serviço à democracia e à liberdade o massacre de Abotabad. Mais, deslocou-se à base militar para onde foram conduzidos os comandos da Marinha e condecorou-os numa cerimónia secreta. Os seus nomes não foram revelados, com receio de represálias, mas na apologia que deles fez guindou-os a heróis tutelares da Pátria.

Como recompensa, o director da CIA, Leon Panetta, foi nomeado secretário da Defesa. Simultaneamente, o general Petraeus, comandante supremo na área do Medio Oriente e do Afeganistão, foi transferido para a chefia da CIA…

Ao ler o elogio do senhor da CIA pelo Premio Nobel da Paz recordei a atribuição das cruzes de ferro nazis a generais das SS.

Obama, em exibição mediática permanente, anuncia ao mundo que os EUA utilizam o seu poder militar em defesa de valores e princípios eternos, cumprindo, afinal, a sua vocação de nação predestinada para salvar a humanidade.

Inverte a realidade com despudor. O sistema de poder imperial dos EUA desenvolve uma estratégia orientada para a dominação perpétua e universal, um projecto que ameaça a própria sobrevivência da humanidade.

A chacina de Abotabad inseriu-se nesse projecto monstruoso. Bin Laden – ex-aliado de Washington - foi um tresloucado que inspirava repulsa a centenas de milhões de pessoas. Mas as circunstancias em que se consumou a sua eliminação são inseparáveis dessa estratégia de controle planetário.

É significativo que os bombardeamentos das áreas tribais do Paquistão por aviões não tripulados sejam agora quase diários. Na Líbia, a OTAN continua a bombardear residências de Khadafi, afirmando que pretende «proteger as populações» no âmbito de uma «intervenção humanitária».

O poder da gigantesca maquina de desinformação imperial impede os povos de compreenderem o perigo que os ameaça. A mentira é diariamente imposta como verdade a nível planetário.

É alarmante o que está a acontecer. Um dia a humanidade tomará consciência de que o sangrento episódio de Abotabad assinalou uma etapa no avanço de uma engrenagem cujo funcionamento traz à memória os crimes do III Reich alemão.

Vila Nova de Gaia, 11 de Maio de 2011.

O original deste artigo encontra-se em www.odiario.info

segunda-feira, 23 de maio de 2011

BP derramada no pré-sal?!!

Empresa que matou e poluiu no Golfo do México agora é modelo no pré- sal

16.05.2011

Wladmir Coelho

Empresa que matou e poluiu no Golfo do México agora é modelo no pré- sal. 14997.jpegOs danos decorrentes do derramamento de 4 milhões de barris de petróleo no Golfo do México após a explosão de uma plataforma da British Petroleum (BP) ainda não podem ser devidamente analisados. A
tragédia, ocorrida em abril de 2010, ainda matou 11 trabalhadores. Para os olhos o derramamento de petróleo foi superado em função da limpeza superficial das águas e areias, todavia os efeitos ao meio
ambiente e economia ainda não podem ser medidos com exatidão. Um exemplo alarmante foi revelado através dos estudos do biólogo Willian Patterson da Universidade de West Florida.


O professor Patterson revela o aparecimento, neste ano de 2011, na região próxima ao acidente, de elevada quantidade de peixes com lesões na pele, apodrecimento das barbatanas, manchas, coágulos de sangue no fígado. O alarme soa mais alto ao acrescentar-se informações relativas ao aumento na quantidade de petróleo encontrado nos peixes constatado por diferentes grupos de pesquisas marinhas.



No campo econômico a BP também aprontou das suas excluindo das indenizações os comerciantes, proprietários de barcos, trabalhadores e turistas contaminados ou atingidos de forma indireta. Um exemplo dramático aplica-se aos proprietários de barcos de pesca e turismo contratados para o esforço de limpeza e contenção do derramamento.

           A maior parte destas embarcações foram seriamente avariadas  e seus tripulantes apresentam problemas de saúde decorrentes dos produtos químicos utilizados no processo de limpeza. O mesmo ocorre com turistas e moradores atingidos por estes produtos mesmo morando em áreas sem a presença de óleo derramado após a explosão.

           A suspensão das atividades de exploração petrolífera em decorrência do acidente no Golfo do México provocou ainda um número gigantesco de demissões, atrasos nos pagamentos dos salários,
fechamento de empresas dedicadas ao apoio das atividades nas plataformas. Estes trabalhadores não mereceram a mínima atenção da BP estando a empresa protegida através da  Oil Pollution Act que limita
as indenizações aos danos provocados por cobertura de óleo. O lobby do petróleo venceu mais uma vez.
           Nos Estados Unidos as ações judiciais contra a BP foram  consolidadas em 350 processos movidos por governos estaduais (queda na arrecadação), empresas privadas, sindicatos e pessoas físicas.
Do Golfo do México para o pré-sal

           Um mês antes da explosão no Golfo do México a BP iniciava o processo para assumir o controle da Devon Energy  aspecto que possibilitaria a presença da empresa britânica no cobiçado pré-sal
brasileiro. O acidente nos Estados Unidos atrasou este negócio e acabou revelando a irresponsabilidade da BP traduzidos nas palavras de Bob Grahan da comissão estatal encarregada de investigar as causas da explosão: "A ruptura era evitável (...) o compromisso destas empresas deveria ser a segurança".
           As empresas acusadas por Grahan eram, além da BP, a Halliburton e Transocean que preferiram usar material de quinta para aumentar, ainda mais, os lucros. O resultado desta política de eficiência foi a prova cabal da "competência" da iniciativa privada somada a política de desregulamentação econômica.

           Passados pouco mais de um ano o negócio entre BP e Devon Energy foi concretizado no Brasil ficando a empresa que não preocupa-se em evitar rupturas, quem afirma não sou eu e sim Bob Grahan,
autorizada a perfurar o pré-sal brasileiro.

           No Brasil a presença da empresa inglesa foi saudada por Haroldo Lima, presidente da Agência Nacional de Petróleo  (ANP) da seguinte forma: "A BP tem provado ser uma das melhores empresas em
segurança operacional em águas profundas". Este autor não  estava no local em que tal pronunciamento foi realizado e não sei da reação dos presentes. No mínimo foram profundas gargalhadas ou espanto e silêncio total. Quem souber pode enviar um email informando.

           A BP reclamou nas últimas semanas da elevação dos impostos ingleses no setor de exploração do petróleo e ameaça diminuir os investimentos no Mar do Norte. No Brasil deve ser o contrário, pois a
mesma empresa aprova tudo inclusive a legislação tributária. No campo energético, além do petróleo, a BP controla a antiga Companhia Brasileira de Açúcar e Álcool responsável pela produção - para exportação - do combustível "verde e amarelo" ou etanol. Assim caminha a indústria petrolífera.

Repressão, falsificação & medo de povo.

O Partido Comunista Tcheco ameaçado de repressão

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imagemCrédito: KSCM
Emile Schepers
O Partido Comunista da Boêmia e da Moravia está enfrentando uma campanha de repressão organizada pela ala de direita do governo do primeiro-ministro Petr Neèas. Se o governo conseguir seus intentos, o partido será oficialmente dissolvido e proibido de participar de campanhas eleitorais e de outras atividades. Em 2006, houve esforço semelhante para dissolver a União da Juventude Comunista, o qual não vingou nos tribunais “por falta de provas” nas alegações oficiais.
Na “democrática” República Tcheca, o governo argumenta que o comunismo é uma ideologia criminosa exatamente similar ao nazismo. A suposta evidência para isto é que os comunistas não respeitam as garantias constitucionais da propriedade privada ou não renunciam recorrer a uma hipotética luta armada. Além disso, os comunistas não repudiam o Manifesto Comunista de Marx e Engels. Tudo sob a alegação de que violam a Constituição Tcheca.
O regime tcheco também pretende indenizar indivíduos que combateram o governo socialista que surgiu após a II Guerra Mundial, retirando o dinheiro das pensões dos comunistas. Esquecem eles o fato de que os comunistas tchecos e eslovacos desempenharam o papel principal na luta contra o regime nazista que varreu da Tchecoslováquia a esmagadora maioria da população judia e causou outros horrores, inclusive a destruição completa da vila de Lídice. Os comunistas, à semelhança de outros membros da Resistência antinazista, sofreram brutal repressão. A equiparação dos comunistas aos nazistas é, assim, por demais repugnante.
O Partido Comunista da Boêmia e da Moravia surgiu das cinzas do velho Partido Comunista Tchecoslovaco, quando esse país se dividiu após o colapso do socialismo. Ele está enraizado na classe operária nesta mais industrializada nação do Leste europeu. Nas últimas eleições parlamentares, em maio de 2010, o Partido Comunista conseguiu o quarto lugar, recebendo 589.765 votos num país de aproximadamente 10 milhões de habitantes, e manteve suas 26 cadeiras na Câmara de Deputados. É um respeitável apoio para um partido que é alvo de intensa perseguição. (O Partido Social Democrático ocupou o primeiro lugar com 1.155.267 sufrágios, mas a direita tinha um número de cadeiras suficiente para formar uma coligação).
Desta forma, para o governo tcheco, intentar o fechamento do Partido Comunista significaria negar opções a uma considerável parcela da classe trabalhadora. Esse talvez seja o ponto crucial.
O regime político tcheco é reacionário. O primeiro-ministro Petr Neèas pertence à ala direita do Partido Cívico Democrático de centro-direita. O ministro do exterior, príncipe Karl zu Schwarzenberg do partido TOP 09, é o principal membro do que foi anteriormente a mais poderosa família nobre austro-húngara na Boêmia – o uso de título nobiliárquico é proibido na República Tcheca, mas ele é amplamente conhecido na Europa como o “Sua Alteza Sereníssima”. O ministro do Interior, Radek John, do Partido de Assuntos Públicos, é um dos principais instigadores da campanha anticomunista.
Desde o início da presente crise econômico-financeira, o governo tcheco atrelou-se ferrenhamente ao anticomunismo. Uma votação desponta em breve para a adoção de um programa de austeridade a fim de reduzir o déficit orçamentário ao nível recomendado pela União Européia. As pensões, os direitos trabalhistas, a assistência à saúde e os serviços sociais estão ameaçados.
A oposição às medidas preconizadas pelo governo vem dos comunistas, dos sociais democratas e de outros pequenos grupos, desta maneira, atacar os comunistas e despojá-los dos 26 assentos no parlamento enfraqueceria a resistência dos trabalhadores tchecos às investidas contra seus salários, suas condições de trabalho e seus direitos em geral.
Caluniar os comunistas equiparando-os aos nazistas, no preciso momento em que as autoridades fecham os olhos à violência da direita e a grupelhos racistas perseguidores dos ciganos, também serve para desviar a atenção do povo para o fato de que os comunistas sempre têm sido um baluarte contra o fascismo. O governo tcheco está, de fato, abrindo as portas para o ressurgimento do fascismo ao reprimir os comunistas.
Nas últimas semanas, o menor participante da coalizão, o Assuntos Públicos, foi abalado por escândalos de corrupção, sugerindo que a coalizão poderia ruir. Entretanto, enquanto pesquisas mostram que o prestígio tanto do Assuntos Públicos quanto do TOP 09 revela rápido declínio, o Partido Comunista está em ascensão. Assim, os comunistas e os sociais democratas apresentaram um voto de confiança ao gabinete em 26 de abril, pedindo ao mesmo tempo a realização de novas eleições caso o governo caia.
Nos últimos instantes, Neèas parece ter conseguido contornar a situação obtendo um voto de confiança. Os sociais democratas e comunistas vão batalhar em favor de novas eleições, inclusive realizando conjuntamente as reuniões aprazadas para o 1º de Maio.
O Partido Comunista da Boêmia e da Moravia conclama os democratas de todo o mundo a fim de que contatem as representações diplomáticas tchecas expressando repúdio quanto aos atos antidemocráticos e repressivos do governo tcheco.
Tradução de Odon Porto de Almeida do artigo intitulado Cech Comunista Parte faces repression.

                                       Fonte: Portal do PCB

sábado, 21 de maio de 2011

Palocci...Umh!

Deputados vazam que Palocci operou a fusão Itaú-Unibanco e favoreceu dezenas de empresas

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imagemCrédito: 4.bp.blogspotB

Por Jorge Serrão
Exclusivo - Em absoluto sigilo, o médico, ex-ministro da Fazenda de Lula e deputado federal Antônio Palocci Filho foi um dos “cirurgiões” contratados e muito bem pagos para coordenar a complicadíssima fusão entre os bancos Itaú e Unibanco, em novembro de 2008.
A empresa de Palocci – com todo o conhecimento do ex-governador José Serra – também prestou serviços às empreiteiras que atuaram na obra do Rodoanel, em São Paulo. A consultoria de Palocci tinha (ou tem?) parcerias com o advogado e também consultor José Dirceu – também ex-ministro da Casa Civil, até o ser derrubado pelo escândalo do mensalão.
Mas esses foram apenas dois entre as dezenas de trabalhos de Palocci que fizeram sua empresa Projeto Consultoria, Planejamento e Eventos Ltda arrecadar – pelo menos oficialmente - R$ 7,4 milhões, desde 2006. Deputados de oposição vazaram para alguns jornalistas, ontem à noite, a lista de empresas para quem o atual ministro-chefe da Casa Civil trabalhou (ou ainda trabalha?). Os sigilosos contratos de Palocci foram (ou são) com as maiores empresas que atuam no Brasil. Por isso, pode ser ainda maior que 20 vezes o surpreendente crescimento de seu patrimônio pessoal, nos últimos quatro anos.
Na inconfidência cometida por deputados, Palocci prestou assessoria internacional para as Organizações Globo. Palocci é um dos principais tocadores da Operação Copa do Mundo, junto com o companheiro José Dirceu. Também pilota, pessoalmente, o modelo de concessão de áreas dos aeroportos. Ele e Dirceu prestam consultorias para grandes empresas na área de telecomunicações. O agora revelado poder de relacionamento empresarial de Palocci explica por que Henrique Meirelles preferiu tirar o corpo fora do governo.
A lista vazada do portifólio de Palocci é longa. Além do Itaú-Unibanco, na área financeira, o principal ministro de Dilma Rousseff trabalhou para a Bradesco Holding. Até a EBX do bilionário Eike Batista usou os bons serviços do “doutor” Palocci. A Petrobrás e a Vale também usaram os sigilosos serviços do ilustre consultor. Tamanho prestígio indica que o verdadeiro fiador e articulador econômico-financeiro da eleição de Dilma Rousseff foi Palocci – e não o ex-presidente Lula
Além das empresas já citadas, foram clientes de Palocci, na versão vazada pelos deputados, que um repórter de um grande jornal gaúcho e uma famosa colunista das Organizações Globo preferiram não divulgar, pelo menos por enquanto:
Pão de Açúcar, Íbis, LG, Samsung, Claro-Embratel, TIM, Oi, Sadia Holding, Embraer Holding, Dafra, Hyundai Naval, Halliburton, Volkswagen, Gol, Toyota, Azul, Vinícola Aurora, Siemens, Royal (transatlânticos).
O troco
Deputados vazaram a lista de clientes sigilosos de Palocci em retaliação ao conteúdo do e-mail enviado ontem pela Casa Civil, falando em nome do ministro, aos líderes partidários.
A bronca foi com um item da nota oficial alegando que a nota que “o ministro não manteve nenhuma atividade vedada quando era deputado e que 273 deputados federais e senadores da atual legislatura são sócios de estabelecimentos comercial, industrial, de prestação de serviços ou de atividade rural".
A nota também irritou Pedro Malan, Armínio Fraga, Henrique Meirelles, Pérsio Arida, Mailson da Nóbrega e André Lara Rezende – citados como pessoas que viraram banqueiros e consultores de prestígio quando deixaram o governo federal.
A notinha, por favor
Palocci esclareceu que todas informações sobre seu patrimônio estão na sua declaração de renda de pessoa física e que todos os dados fiscais e contábeis da empresa Projeto são enviados regularmente à Receita Federal:
“Não há nenhuma vedação que parlamentares exerçam atividade empresarial, como o atesta a grande presença de advogados, pecuaristas e industriais no Congresso. Levantamento recente mostrou que 273 deputados federais e senadores da atual legislatura são sócios de estabelecimentos comercial, industrial, de prestação de serviços ou de atividade rural”.
“No mercado de capitais e em outros setores, a passagem por Ministério da Fazenda, BNDES ou Banco Central proporciona uma experiência única que dá enorme valor a estes profissionais mo mercado. Não por outra razão, muitos se tornaram em poucos anos, banqueiros como os ex. Pres. do BACEN e BNDES Pérsio Arida e André Lara Rezende, diretores de instituições financeiras como o ex-ministro Pedro Malan ou consultores de prestígio como ex-ministro Mailson da Nóbrega”.
“Muitos Ministros importantes também fizeram o percurso inverso, vieram do setor privado para o governo, tomando as precauções devidas para evitar conflitos de interesse, como o ex-ministro Alcides Tápias, ex-diretor de importante instituição financeira, os ex-presidentes do BC Armínio Fraga, antes gestor de um grande fundo de investimentos internacional e Henrique Meirelles, com longa trajetória no mercado financeiro. Os mecanismos utilizados pelo ministro Palocci para impedir qualquer conflito de interesses foram os mesmos adotados pelos citados”.
Fonte: http://www.jusbrasil.com.br/politica/6994741/

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Mensagem do coronel Muammar Gaddafi

15.04.2011

Gaddafi Aberto e sem Censura

Lembranças da Minha Vida: Coronel Muammar Gaddafi, líder da Revolução.
05 de Abril de 2011.
Em nome de Deus, Clemente, e Misericordioso...
Durante 40 anos, ou mais, já nem me lembro direito, eu fiz tudo que pude para dar ao meu povo casas, hospitais, escolas, e quando eles estavam com fome, dei-lhes comida.
Eu mesmo tornei Benghazi de uma região desértica e sem agua numa região irrigada e fértil transportando agua a longa distancia, enfrentei os ataques daquele cowboy Reagan, quando ele matou a minha filha órfã adoptiva, ele que estava tentando me matar, ao invés disso matou aquela pobre criança inocente.
Ajudei meus irmãos e irmãs da África doando dinheiro para a União Africana.


Fiz tudo que pude para ajudar as pessoas a entender o conceito de uma verdadeira democracia, onde os comités do povo governavam o nosso país. Mas isso nunca parece ter sido suficiente, como alguns me disseram, mesmo as pessoas que tinham casas com dez quartos, roupas e móveis novos, nunca estavam satisfeitos e como os egoístas que eram, queriam sempre mais. Esses mesmos quem disseram aos americanos e outros visitantes, que precisavam de "liberdade", " de democracia" que o meu sistema não prestava sem perceber que o sistema americano é constituído por algozes famintos onde o maior cão come os outros, mas eles ficaram encantados com aquelas palavras, não percebendo que nos Estados Unidos, não existe cuidados médicos ou hospitais de graça, moradia gratuita, educação e comida grátis, excepto se as pessoas forem pedintes ou então passar horas em longas filas para obter uma miserável sopa.
Não, não importa o que eu tenha feito, nunca foi o suficiente para alguns, mas para outros, eles sabem que eu sou o filho de Gamal Abdel Nasser, o único árabe e verdadeiro líder muçulmano que tivemos desde Salah al-Deen, quando ele reivindicou o Canal de Suez para o seu povo, como eu reivindiquei também a Líbia, para o meu povo tentando seguir os seus passos para manter o meu povo livre da dominação colonial - dos ladrões globais que roubam de nós tudo o que podem.
Agora, eu estou sob o ataque da maior força da história militar, Obama, quem considero o meu pequeno filho Africano, quer me matar, para tirar a liberdade do nosso país, para tirar do nosso povo a habitação gratuita, os nossos medicamentos gratuitos, o nosso ensino gratuito, a nossa comida de graça, e substituí-la pelo roubo de estilo americano, chamado "capitalismo", mas todos nós do Terceiro Mundo sabemos o que isso significa, isso significa que as grandes corporações gerem os países, gerem o mundo e as pessoas sofrem. Assim, não há alternativa para mim, devo enfrentar tudo com firmeza e, se Deus quiser, irei morrer, seguindo o Seu caminho, o caminho que tornou o nosso país rico em terras agrícolas, com alimentos e saúde, para todos e que até mesmo nos permitiu ajudar nossos irmãos e irmãs árabes e africanos trabalhando aqui connosco, na Jamahiriya Líbia.
Eu não quero morrer, mas se tiver que chegar a esse ponto para salvar esta terra, o meu povo, os milhares que são todos meus filhos, então que assim seja.
Que este testamento seja a minha voz para o mundo, que eu enfrentei e combati os ataques dos Cruzados da NATO, combati a crueldade, combati a traição, enfrentei e combati o Ocidente e as suas ambições colonialistas, e que eu estive sempre do lado dos meus irmãos Africanos, os meus verdadeiros árabes e irmãos muçulmanos, como um farol de luz. Quando os outros estavam construindo castelos, eu morava numa casa modesta, e numa tenda. Eu nunca esqueci a minha juventude, em Sirte, não gastei o nosso tesouro nacional * loucamente, e tal como Salah al-Deen, o nosso grande líder muçulmano, que resgatou Jerusalém para o Islão, tirei pouco para mim ...
No Ocidente, alguns me chamaram de "louco", "excêntrico", opressor, mas sabendo eles a verdade ainda continuam a mentir, eles sabem bem que a nossa terra é independente e livre, e não sob o jugo colonial, e que a minha visão e o meu caminho, é e tem sido claro para o meu povo e que vou lutar até meu último suspiro para nos manter livres, que Deus todo-poderoso nos ajude a permanecer fiéis e livres.
c: Col. Muammar Qaddafi, 2011/05/04
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